Capítulo 15

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Alicia

Sabe o que eu tava? Muito ferrada! 

Eu vim aqui, tentar estabelecer uma linha de defesa pro meu cliente, e agora tô tremendo e falando igual um gago. Pelo amor de Deus! Estou me sentindo muito ridícula, nunca teve isso. Sempre fui segura perto dos homens, e o pior, sempre separei minha vida profissional da afetiva. 

Agora esse cara aqui na minha frente, praticamente tem escrito: PROBLEMA em letras garrafais e luzes de LED em cima dele, não só por ser meu cliente, mas também portões situação que eu o conheci. 

Apesar de quê, toda vez que o olho, tenho a mesma impressão de que o conheço. E o pior, sinto uma coisa boa, uma paz, sensação de lar dentro dos olhos dele.

Aí pra acabar de completar, ele vai e me defende. Sabe o que é isso? Ele deveria ter ficado quietinho na dele. Mas não, veio cá todo trabalhado no modo protetor e intercede por mim. Aí o que eu faço? O que qualquer mulher na minha posição faria: Molho a calcinha, é claro!

Não que eu precise, iria colocar aquele sujeitinho no lugar dele em dois tempos, mas naquela hora, meu lado donzela em perigo aflorou, e eu me senti uma princesinha sendo resgatada pelo príncipe.

Tá! Parei!

Essa comparação foi idiota, eu sei! Por que se tem uma coisa que eu não sou é princesa, tampouco ele é príncipe. Ah mas não é mesmo. Nessa história aqui minha gente, ele é vilão. 

Vilão mesmo, porque o que ele fez não se faz! Repito: não se faz aquilo com uma moça solteira que já tem  um razoável período de tempo sem companhia. 

Na seca minha gente! Eu tô é na seca!!

Me encostar daquele jeito, me fazer sentir aquela ferramenta toda. Absurdo isso! Aliás, onde será que ele conseguiu aquela mala? Vai viajar colega?

FOCO ALICIA! Eu tô passando da hora retomar vergonha na minha cara!

Alícia: então Sr... Como vc se chama mesmo?

Rato: Rato. 

Alicia: Sr Rato? - acho que não deu certo minha tática pra descobrir o nome dele - quero seu nome de batismo.

Rato: Me chamo Rato Drª. É só o que a Sra precisa saber

Alicia: Que Srª o quê homem? Mania que todo mundo tem de me envelhecer. Eu sou da sua idade viu!

Rato: sei disso!

Alicia: Sabe? 

Rato: modo de falar Drª

Alicia: hum, entendi! Bom então Rato, quero que me diga exatamente o que aconteceu no dia do assalto.

Rato: Eu fui ao banco pagar uns boleto, e ele foi assaltado. 

Alicia: O que? - suspirei cansada. Como vou ajudar uma pessoa que não quer ser ajudada?

Rato: Exatamente isso que aconteceu aquele dia. Aí os assaltantes fugiram, e eu me apavorei, sai do banco correndo, montei na moto e saí disparado. A polícia me prendeu pensando que estava envolvido. E fim de história daquele dia.

Boquiaberta! É o que eu tava. O sujeito conseguiu fazer alinha de defesa dele sozinho, quem era o advogado aqui mesmo hein?

A história é absurda? É! Mas com certeza vai funcionar. Na justiça tudo tem que ser provado até a exaustão. Ninguem acha nada juridicamente. E o tal Rato nunca foi preso. Ninguém nunca viu a cara do fulano. Então não se sabe realmente se é esse cara na minha frente. 

Eu estou passada!

Acho que vou entregar meu diploma e minha carteira da OAB pra ele, porque eu desisto disso. O PRESO CONSEGUIU SOLUCIONAR MEU CASO. Sabe o nome disso? Humilhação com a minha pessoa!

Alicia: Rato, eu preciso realmente saber, isso que vc está me informando realmente aconteceu ou é apenas estratégia para o processo?

Rato: Você só precisa saber que é o suficiente para eu ter minha liberdade.

Alicia: Ok então! Vou começar a trabalhar em cima disso então. Com essas novas informações, tenho um pouco de esperança a mais 

Rato: Certo Drª. Mas agora estou com uma duvida

Alicia: pergunte! É sobre o processo?

Rato: é casada?

Alicia: como é?

Rato: Quero saber se é casada, solteira, amigada, viúva, divorciada. Essas coisas Drª

Alícia: Essa questão é pessoal Sr.

Rato: sério isso?

Alicia: seríssimo! Se vc não me diz nem seu nome, porque eu lhe diria qualquer coisa sobre minha vida?

Rato: Eita! Tá bom, não precisa se exaltar. - olho pra ele cerrando meus olhos- Facebook tá aí pra isso!

Alicia: não sei como se vc tá preso - ele riu. Qual o motivo da graça?

Rato: Aí Drª, vc é engraçada. 

Alícia: bom Rato, eu vou indo. Não se preocupe, vou dar tudo de mim pra que vc esteja em liberdade o mais rápido possível. 

Falei me levantando, e ele fez a mesma coisa. Veio até minha frente e eu comecei ficar nervosa. E se ele me encurralasse novamente? Por Deus! Tenha dó dessa pobre alma solitária!

Fui mais rápida, batendo na porta pra que o carcereiro viesse. Dei as costas a ele um segundo pra fazer isso, quando retornei, ele já estava bem na minha frente. 

Seu olhar percorria dos meus olhos até minha boca. O olhar dele era, pra dizer o mínimo, intenso. Me fazia ter tremores. Acho que tô precisando transar, porque não é possível que eu fique desse jeito somente com um olhar. Isso deve ser o grau mais alto da carência.

Rato: Eu esperei tanto por isso- disse mais pra ele mesmo do.que pra mim, parecia estar em uma luta interna, porém, não ousei responder, não sabia o que ia sair da minha boca já que meu corpo não me obedece mais e parece ter vontade própria.

Ouvi o trinco da porta fazer barulho. Graças a Deus! Quando a gente precisa desse carcereiro, ele não vem. Vai ver fez isso de propósito pelo  acontecido de mais cedo. Isso me lembra que elee ameaçou, tenho que pensar em que atitude tomar quanto a isso. 

Ele aproximou bem do meu rosto, tanto que sentia sua respiração, daria um doce por seus pensamentos. Me olha de uma forma estranha e longa. E, desci meu olhar até seus lábios, que no momento estavam sendo umedecidos com sua língua. Ato involuntário que teve reflexos lá na minha calcinha. 

Desse jeito na próxima visita vou ter que vir de fralda!

Senti o fôlego faltar quando ele veio ainda mais próximo. ELE IA ME BEIJAR? Porquê eu simplesmente não consigo me mover? 

Ele veio, bem no cantinho da minha boca, e plantou um beijo molhado. Fechei os olhos sentindo a sensação de formigamento no local, e por um momento, eu queria que ele viesse mais pro lado. 

Quando abri os olhos, ele me observava. Acho que estou da cor de um tomate, envergonhada.  

O carcereiro veio e o algemou, e quando estava saindo, ele disse algo que certamente iria povoar meus pensamentos:

Rato: Até a próxima, Lice!


Réu- FINALIZADA Donde viven las historias. Descúbrelo ahora