Capítulo 2. Doce Dezesseis

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Novembro, 1999

Era sábado à noite e eu estava no meu quarto me arrumando para sair e encontrar com meus amigos, quando bateram na porta. Eu permiti a entrada e a minha mãe entrou no quarto, toda produzida, de vestido longo azul escuro, salto alto prata, cabelo preso, usando as suas belíssimas joias e maquiada.

Ela me olhou de cima a baixo, com uma expressão confusa no rosto e questionou:

— O que você está fazendo? Que roupa é essa?

Eu usava uma calça jeans, e estava colocando uma camiseta preta com uma estampa do Nirvana.

Eu olhei para ela, ajeitando a camiseta no meu corpo, também confuso pela sua indagação e expressão confusa.

— Minha?! Estou me arrumando?! – respondi, soando óbvio.

— Você só pode estar brincando, não é? – Ela perguntou, ficando irritada e eu não entendi aquela irritação. – Você só pode estar passando por uma fase rebelde ou querendo me aborrecer!

— Não estou entendendo a sua irritação. – Eu disse, franzindo o cenho.

— Não está entendendo?! Phillip Andrew Thompson, você não vai ao aniversário da Melanie vestido assim! – disse irritada e então eu entendi o motivo da sua irritação.

— Ah... é isso – falei e me sentei na cama, pegando um par do meu tênis para calçá-lo. – Eu não vou.

— Como é que é? – Ela perguntou mais irritada ainda, entrando no quarto e se aproximando.

— Isso o que você ouviu. Eu não vou ao aniversário da Mel, eu vou sair com os meus amigos.

— Ah, mas você não vai mesmo! – exclamou, agora zangada. – Você vai ao aniversário dela!

— Não mesmo! – respondi, aborrecido. – Eu não quero ir para essa festa idiota!

— Eu não quero saber o que você quer ou não, ou o que acha da festa dela. Você vai! É o aniversário de dezesseis anos dela, Phillip! É uma festa importante!

— Mas eu não quero ir, mãe! Que droga! – respondi aborrecido, enquanto eu calçava o outro tênis. – Eu quero sair com os meus amigos. Ela não chamou nenhum deles. Eu não vou ficar lá entediado sem ter com quem conversar.

— É uma festa mais íntima, Phillip, é só para os mais próximos, você sabe como a Mel é reservada. E você tem, sim, com quem conversar, as amigas dela vão estar lá e os primos dela também.

— A Melanie vai estar muito ocupada e eu não quero conversar com as amigas e primos dela, mãe! – disse impaciente, me levantando da cama e andei até a cômoda para pegar o meu relógio. – Nenhum dos meus amigos vão estar lá. Eu não vou!

— Phillip! – Ela exclamou e respirou fundo. Sua voz em seguida, saiu em um tom mais baixo. – É a festa de aniversário de dezesseis anos da sua amiga de infância! É uma festa importante para todas as garotas. Ela vai ficar triste, se você não for. Você já se afastou demais dela.

— E de quem é a culpa disso? – perguntei, olhando para ela com irritação.

Eu adorava a Mel, mas por minha mãe ficar sempre insistindo para que eu a namorasse, e me dizendo como a gente se gostava e como nós dois ficávamos lindos juntos, eu me afastei dela.

Eu comecei a me afastar da Mel aos catorze anos, aos poucos. Comecei deixando de ir para as festas e eventos da firma, depois diminuí a minha ida à casa dela e passei a ficar mais tempo com os meus amigos. Logo, eu e a Mel nos distanciamos e eu só a via e falava com ela no colégio, ou quando eu não conseguia evitar de ir para festas e eventos importantes, como a daquela noite. Mas a verdade é que eu sentia falta da sua companhia, a gente se entendia perfeitamente, éramos melhores amigos, gostávamos das mesmas coisas.

Obsessão: A História de Phillip Thompson - Vol.1Where stories live. Discover now