Capítulo 30. Ciúmes

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Março, 2003

Nos dias seguintes eu não vi mais o Liam pelos corredores do colégio ou no refeitório. Não que ele não estivesse lá, mas não nos cruzamos mais. Com certeza a Cindy estava ocupando bastante o tempo dele tentando conquistá-lo e, sinceramente, eu queria que ela conseguisse, não só para ela me deixar em paz, mas também para que o Liam não se tornasse um problema para mim. Eu já estava paranoico demais querendo descobrir quem era o tal loiro, para ter mais o Liam queimando o meu juízo. Porém o que eu não sabia ainda era de que eu ia sentir ciúmes de alguém muito próximo a mim, e aquilo seria o começo da minha destruição.

Era uma tarde de sábado como todas as outras e depois que saímos da praia, fomos todos para a minha casa.

Estávamos curtindo o fim de tarde na piscina e na baía andando com o jet ski. Como só tinha um, ficávamos revezando para que todos pudessem andar, sempre em duplas. Claro que para pilotar o jet ski precisava de habilitação, e é claro que eu tinha uma, mas os outros não. Não havia problema de eles pilotarem, contanto que a guarda costeira não abordasse, por isso ninguém ia muito longe da casa além de mim, já que eu tinha a habilitação e o pessoal da guarda-costeira que patrulhava a baía até já me conheciam, benefícios de se morar ali e de ser filho de quem eu era.

Eu estava na cozinha pegando salgadinhos para levar para a piscina quando a minha mãe entrou. Ela abriu a geladeira pegando a garrafa de água e a colocou em cima da bancada ilha enquanto eu abria o saco na mesma para despejar as batatas chips em uma tigela.

— Vocês almoçaram? – Ela perguntou despejando a água em um copo e eu balancei a cabeça que não. – Estão comendo só porcaria, não é?

— Ninguém está com fome. Isso é só para ter algo para comer na piscina. Além do mais, não tem comida para todo mundo – disse meneando a cabeça para o fogão onde algumas panelas estavam em cima do almoço de mais cedo, que apenas ela e meu pai tinham almoçado.

— Eu posso pedir uma pizza, ou posso ir ao McDonald's e comprar lanche pra todo mundo – sugeriu e eu a olhei intrigado com o cenho franzido.

— O que você está querendo, dona Sylvia? – perguntei desconfiado.

— Por que você acha que eu quero alguma coisa por querer fazer isso?

— Porque você nunca fez isso e muito menos com McDonald's. Você não gosta que eu almoce McDonald's.

— Cansei de tentar fazer você se alimentar direito. Você já tem dezenove anos para que eu fique forçando você a comer bem – respondeu abrindo a geladeira guardando a garrafa.

— Nossa, demorou pra isso acontecer – disse rindo segurando a porta da geladeira antes que ela fechasse.

— E além do mais, eu sei que vocês adoram comer essas porcarias. Vocês não comeram nada e eu me preocupo com você, com os seus amigos... e com a Mel. – Ela se recostou na bancada bebendo a água do copo.

— Ah, aí está! – disse sorrindo fechando a geladeira com o frasco do Ketchup na mão. – Está mais preocupada com a Mel não ter almoçado, não é?

— Não. Com todos, Phillip.

— Certo, tudo bem... – fingi acreditar nisso – Se quiser ir ao McDonald's pode ir, ninguém vai reclamar – falei enquanto despejava Ketchup nas batatas chips. – Traz um McChicken, batatas e um milk-shake de chocolate pra Mel. É o que ela gosta. O resto pode ser tudo BigMac.

— Como é que eu vou trazer tudo isso sozinha?

— Eu não vou com você se é isso o que quer, não posso deixar o pessoal aí – disse pegando outro saco de batatas chips.

Obsessão: A História de Phillip Thompson - Vol.1Donde viven las historias. Descúbrelo ahora