Capítulo 28. Paranoias

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Fevereiro, 2003

Depois do que eu fiz com o Leo, eu dirigi sentindo uma confiança excessiva. Eu tinha certeza de que ele nunca mais se aproximaria de mim novamente, nem sequer me dirigiria à palavra. Chegar perto da Melanie, então? Nem nos sonhos dele.

Eu fiquei com a imagem dele caído no chão, com nariz e boca sangrando e o rosto vermelho pelos socos que dei nele, na minha cabeça. Eu sabia que ele tinha se espantado com a minha atitude, com o que eu disse a ele e o meu olhar e tom de voz. Soube pelo o seu olhar de espanto para mim que ele me temeu naquele momento e que soube que não podia mexer comigo e ameaçar tirar a Melanie de mim.

Ficar me lembrando disso e da sensação que eu tive em machucá-lo e o seu olhar espantado para mim, me fazia me sentir bem. Na verdade, eu estava me sentindo ótimo! Eu realmente tinha gostado da sensação de ser temido por alguém. Tinha uma sensação de poder, de achar que ninguém iria me deter e me impedir de fazer nada ou de ter tudo o que eu queria.

Eu estava me achando invencível!

Eu cheguei em casa e por sorte os meus pais não haviam chegado ainda. Se eles estivessem em casa e me vissem daquele jeito, seria um problema, pois a minha mão direita estava suja de sangue.

Subi direto para o meu quarto e o meu celular tocou no momento em que entrei. Peguei o meu celular do bolso com a mão esquerda e abri olhando para o visor para saber quem estava me ligando.

— Oi, Max – atendi a ligação indo para o banheiro.

Onde você está? Você está bem? – Ele perguntou parecendo estar bastante preocupado, e eu não entendi o por que da pergunta e da sua preocupação.

— Estou em casa e estou bem, sim, por que eu não estaria? – perguntei parando na frente da pia e pensei que fosse pela briga na quadra. – Está perguntando por causa da minha briga com o Leo? Eu já estou calmo, bem calmo mesmo! – Esbocei um sorriso ao me lembrar de novo.

Não, não é por causa disso, é que aconteceu uma coisa com o Leo no estacionamento do parque e...

— Como assim? – perguntei desfazendo o sorriso.

"Ele contou? Aquele filho da puta contou?"

Cara... O Leo foi assaltado! – disse com espanto na voz e eu fiquei surpreso por ele ter inventado isso e tive que segurar o riso.

— Como é que é? – perguntei querendo rir. – Como... Como você ficou sabendo disso?

Ele contou. Depois que você foi embora, ninguém mais quis jogar, estávamos todos cansados. Mas aí ficamos lá conversando com ele e os outros caras. Aí ele foi pegar um CD no carro dele para nos mostrar e achamos que ele estava demorando pra voltar e fomos atrás. Phillip, cara... Ele estava arrebentado! – Max disse e eu não consegui mais segurar o riso. – Phillip, não ri, o caso é sério. Ele quebrou o nariz! Tinha sangue na cara dele toda! Sem falar no rosto inchado.

— Eu sei que é sério, mas não dá – disse rindo. – Sabe o que é isso? Carma! Justiça divina! – disse rindo.

Justiça divina, Phillip? Sério? Deus não faria isso.

— Você não sabe – disse rindo. – Steve me impediu de bater mais nele, mas apanhou depois do mesmo jeito – falei rindo por saber que tinha sido eu mesmo a fazer isso. Eu queria gargalhar. – Ele teve o que mereceu.

Ele mereceu os socos que você deu nele, não isso.

— Tanto faz. Foi carma! Aqui se faz aqui se paga. Não importa quem pagou. A justiça de Deus tarda, mas não falha.

Obsessão: A História de Phillip Thompson - Vol.1Where stories live. Discover now