Capítulo 36. Controle

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Março, 2003

Os três dias seguintes se passaram lentamente, sem notícias de Melanie, mesmo que minha mãe tivesse tentado todos os dias falar com ela, tanto por telefone, como indo até a casa dela, mas ela nunca estava.

No segundo dia do meu castigo, ela tinha saído com as amigas, e no terceiro, com o Dylan, e aquilo me deixava maluco sem saber se aquilo era verdade e para onde ela tinha ido aqueles dias e com quem mais ela estava.

Eu chorei até o segundo dia do meu castigo, à noite, depois de minha mãe me dizer que não tinha conseguido falar com ela. Chorei por mais um dia não estar com ela e chorei de frustração e raiva.

Eu precisei me controlar para não quebrar nada no quarto mais uma vez. Até cogitei de novo a possibilidade de sair pela janela, cheguei até a me sentar nela, com as pernas para fora. Mas depois de calcular todas as consequências, eu desisti novamente da ideia.

Era loucura fazer isso, mas é que não havia nada, ninguém como ela.

Nunca haveria.

Fiquei sentado na janela, recostado e com uma perna para dentro, e olhando pensativo para o céu estrelado.

Tudo estava saindo de controle.

Meu ciúme estava fora de controle, eu estava fora de controle, Melanie tinha terminado comigo por eu ter perdido o controle com Liam, na frente dela.

Eu errei, errei feio ao fazer isso. Se eu errei por agir por impulso sem saber o que estava acontecendo?

Sim, é claro.

Mas eu errei mais foi por ter agredido ele na frente dela, na frente de todos.

Se eu tivesse feito com Liam como fiz com o Leo, nada disso teria acontecido. Se eu tivesse feito desse jeito, ela não teria terminado comigo, eu não teria sido suspenso e meu pai não teria me trancado no meu quarto como castigo. Se aquele castigo era para eu pensar nas consequências dos meus atos e no que eu fiz, tinha dado mesmo certo.

Eu não faria isso de novo, a próxima vez, seria muito diferente.

Eu tinha que tomar o controle, de tudo. Eu teria que mudar todo o meu comportamento para conseguir controlar tudo e todos.

Naquela noite eu saí da janela e fui dormir, e de manhã, eu acordaria outra pessoa.

No quarto, e último dia do meu castigo e da minha suspensão, eu passei o dia como o dia anterior, quieto, sem brigar e reclamar de nada.

Passei o dia lendo, pois era a única coisa que eu tinha para fazer ali para me distrair. Eu também dormi bastante, entediado, e pensei muito no que ia fazer do dia seguinte em diante. Meu pai me disse, quando me trancou ali, que eu teria muito tempo para pensar no que eu fiz enquanto eu estivesse no meu quarto. E realmente eu tive muito tempo mesmo para pensar, mas também tive muito tempo para o que pensar. Todo o tempo que passei ali dentro, ocioso, sem notícias da Mel, me fez imaginar muitas coisas que estariam acontecendo com ela, mas também me fez pensar no que eu faria quando saísse do castigo.

No fim de tarde, eu chamei por minha mãe e pedi que ela levasse um buquê de lírios para Melanie.

Como eu voltaria para o colégio no dia seguinte, eu tinha que fazer uma última tentativa para uma reconciliação, precisava preparar o terreno para o dia seguinte.

Passei para ela um bilhete por debaixo da porta para entregar com o buquê, que dizia:

"Pensei muito esses dias e eu realmente errei. Vamos conversar amanhã? Te amo. P."

Obsessão: A História de Phillip Thompson - Vol.1Where stories live. Discover now