Capítulo 3. Válvula de Escape

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Fevereiro, 2000

Haviam se passado três meses desde o aniversário de dezesseis anos da Melanie e minha mãe ainda me falava da festa e de nós dois jogando videogame.

Era estressante e eu me aborrecia sempre, eu me trancava no meu quarto ou saía de casa para me encontrar com os meus amigos e não ter que ficar ouvindo o que ela falava.

As festas de fim de ano foram estressantes. A festa de Natal da firma, que eu me recusei a ir e me estressei, a ceia de véspera de Natal na casa dos Swanson, que eu fui praticamente amarrado e tive que aguentar minha mãe no meu pé. Fiquei a maior parte do tempo sentado no sofá da sala, entediado. Eu e a Mel nos falamos pouco nesse dia, não tinha sido uma festa como nos seus dezesseis anos, cheia de gente, era uma coisa mais familiar e ficamos pela sala mesmo, mas era só eu sair dali da sala e me isolar para minha mãe ir atrás de mim me mandando voltar para a sala e conversar com Mel ou ir jogar videogame com ela. Foi uma ceia de Natal irritante.

Depois teve a festa de ano novo, mas eu passei em uma festa com os amigos depois de discutir com minha mãe que queria que eu passasse com eles e os Swanson.

Fora essas festas, eu ainda tive que passar pelas férias escolares, que foram um verdadeiro inferno com ela me mandando ir jogar videogame na casa da Mel.

Sempre que ela me via jogando videogame no meu quarto ela dizia sorrindo:

"Por que você está jogando sozinho? Vai pra casa da Mel jogar com ela, vocês estavam se divertindo tanto jogando no aniversário dela!"

E aí eu ficava irritado, discutia com ela, desligava o videogame e saía de casa para sair com os meus amigos.

Durante todo o período das férias foi assim, e quando eu não estava em casa me aborrecendo com minha mãe, eu estava com os amigos na praia ou na casa de algum deles, pois até mesmo com os meus amigos na minha casa, ela me aborrecia com as suas mesmas ideias.

Depois do aniversário da Mel, eu só voltei na casa dela no Natal. Eu até queria ir mais vezes, eu sentia a falta dela, das nossas conversas sempre animadas e divertidas, de rir das nossas brincadeiras e as risadas dela, ela tem diferentes risos e eu conheço todos. Mas a minha mãe tornava isso impossível.

Então as nossas aulas começaram e estávamos no último ano do ensino fundamental e éramos de salas separadas, mas sempre nos víamos pelos corredores e em todas as outras áreas comuns do colégio. E quando às aulas começaram, foi quando Max me deu a solução para fazer minha mãe parar de me pressionar para namorar Melanie. A solução era simples.

Eu tinha que começar a namorar outra garota!

Eu estava no colégio pegando o meu material no meu armário para a próxima aula e conversando com Max que estava encostado de costas no armário. Era uma sexta-feira e ele já estava querendo saber o que iríamos fazer no fim de semana.

— Qualquer coisa! – respondi depois de ele perguntar. – Eu só preciso sair de casa. Não aguento mais dona Sylvia me irritando.

— Ela ainda insiste em você e a Mel juntos? – perguntou e eu olhei para ele com ironia.

— O que você acha?

— Nossa... – ele riu fraco, balançando a cabeça. – Não sei como você aguenta, mesmo.

— E quem lhe disse que eu aguento? Você bem sabe que eu não aguento – falei, fechando a porta do meu armário.

— Você precisa fazer alguma coisa para ela parar com isso. Ela não vai parar de insistir até que a Mel ou você comece a namorar alguém – disse ainda recostado ao armário e eu olhei para ele, achando que essa era a solução.

Obsessão: A História de Phillip Thompson - Vol.1Where stories live. Discover now