Obsessão: A História de Phillip Thompson - Vol.1

Capítulo 46. Meu Presente é Você

Julho, 2003

A semana passou parcialmente tranquila, sem novas brigas. Claro que o fato de estarmos de férias ajudava, pois ficávamos a maior parte do tempo na casa dela ou na minha. Mas discussões aconteciam, e o motivo era a única coisa que me incomodava durante a semana: Melanie negava sexo. Ela inventava desculpas para não transar e isso me aborrecia.

Logo depois de fazermos as pazes, eu quis um sexo de reconciliação, mas ela negou. Claro que devido ao que tinha acontecido e não me aborreci, era compreensível e eu precisava ter paciência; coisa que eu não tenho muito. Mas nos outros dias ela continuava negando e eu comecei a me irritar, pois o motivo já não podia mais ser o mesmo. Melanie já não era mais carinhosa como era antes, ela não sorria mais, não dava mais risada, e claro que eu sabia que eu era o culpado disso, mas não me importava mais. Eu já não me importava se ela ia me amar, ou se ela estava feliz, eu só me importava de tê-la, de ela ser minha e de mais ninguém, e permanecer assim.

Na quinta-feira, véspera do meu aniversário, nós estávamos assistindo televisão na sala da casa dela, apenas nós dois. Eu pedi a ela para irmos para o quarto e terminar de assistir o filme lá. Claro que a minha intenção era de começar carícias para transar, mas obviamente Melanie sabia muito bem disso e não quis ir. Eu insisti manhoso e ela continuou negando, até que eu me aborreci e fiz um pequeno drama, uma chantagem para ela conceder, mas não saiu como eu esperava. Eu disse, aborrecido, que já que ela não queria, eu ia sair e arranjar outra que quisesse. Melanie me olhou e simplesmente me respondeu:

— Vá, pode ir. Eu também arranjo outro rapidinho.

— Você nem ouse!

— Você sabe o que eu penso sobre traição. Faça isso para você ver o que acontece. – Ela me olhou, com olhar desafiador e confiante.

Eu precisei me conter para não ir para cima dela intimidador e possessivo e dizer que ela era minha e seria para sempre minha, mas ao invés de fazer isso, eu quis diminuir a sua confiança e fazer ela acreditar que eu era a pessoa certa para ela, que ela deveria ficar comigo, colocando na cabeça dela de que eu era o único que a amaria, dizendo a ela que ela não arranjaria alguém tão rápido como ela pensava, e que ninguém além de mim ficaria muito tempo com ela.

— Ninguém aguentaria esse seu comportamento. Eu conheço você, conheço todos os seus defeitos e mesmo assim eu te amo. Acha que alguém vai te amar como eu te amo? Que vai aguentar a sua indiferença e falta de amor? Que vai suportar amar você e não ser recíproco? Somente eu suporto isso, Melanie.  Ninguém vai te amar mais do que eu, ninguém!

O semblante e olhar desafiador de Melanie sumiu do seu rosto dando lugar a uma expressão entristecida pelas minhas palavras. Eu sabia que eu tinha a atingido em cheio, podia sentir o efeito do peso das minhas palavras, sabia que tinha ferido a sua autoestima, a sua confiança, mas eu não senti nada além de satisfação, pois era justamente isso o que eu queria. Mas também aquilo anulou qualquer possibilidade de conseguir uma foda.

Melanie desviou o olhar, virando o rosto novamente para a TV e permaneceu assim até a hora do jantar, respondendo monossilábica qualquer coisa que eu perguntava. Depois de jantar, ela disse que ia dormir e eu fui para casa.

No dia seguinte, eu acordei com minha mãe me desejando feliz aniversário.

Vinte anos. Eu estava completando vinte anos e terminaria o ensino médio. Sim, eu estava atrasado. Não apenas eu, mas a maioria da minha turma. Nós tínhamos começado a ir à escola atrasados. Minha mãe contava que eu chorava quando ela me levava para a escola, por isso decidiu adiar.

Depois que eu me formasse no ensino médio, minha vida começaria pra valer. Pediria Melanie em casamento, ficaríamos noivos e íamos para Boston casados, e lá ela engravidaria. Minha vida não poderia ser melhor do que todos os meus planos e sonhos sendo encaminhados e, em breve realizados.