Capítulo 39. Bêbado e Possessivo

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Abril, 2003

Nós saímos da casa dela e estávamos no carro indo para a Ônix. A turma já estava lá e ninguém ficava mais esperando todos chegarem para entrar. Depois de ficarmos muitas vezes sem um sofá, achamos melhor que quem chegasse primeiro entrasse logo para garantir algum lugar para ficarmos. Os sofás eram distribuídos ao redor da pista, e as mesas ficavam na parte de cima. Como as garotas sempre gostavam de dançar e os garotos paqueravam muito a noite toda, nós sempre ficávamos na pista, e eu passava a noite toda perto da Mel, agarrado a ela, mas ela gostava muito de dançar e se soltava, o que eu não gostava nem um pouco.

Eu dirigia pensando na conversa com Dylan e em como eu falaria sobre isso com Melanie. Eu tinha que impor a ela as minhas vontades sem que ela percebesse que eu a estava manipulando. Tinha que parecer uma conversa, uma discussão entre namorados.

Olhei para ela sentada ao meu lado, no banco do passageiro do meu carro e ela estava calada olhando a rua pela janela fechada, com a cabeça apoiada na mão e o cotovelo na porta. Não parecia feliz pela escolha da roupa para sair naquela noite. Ela estava com uma saia preta, solta acima do joelho. Uma blusa branca fechada no pescoço, mas que deixava seus ombros e braços de fora, e uma sandália preta, aberta, de salto alto, e que prendia no tornozelo. Ela estava elegante e comportada, mas eu sabia que ela não estava contente, não era assim que ela queria estar vestida para dançar em uma noite de diversão na Ônix, mas era o que eu queria, e mesmo estando melhor do que os vestidos de antes, ainda assim ela chamava atenção. Além da roupa, ela estava maquiada e com os cabelos soltos. Isso ainda era algo que eu precisava modificar.

Depois da conversa com Dylan, eu tinha subido para o quarto dela e ela estava irritada em escolher uma roupa. Ela não estava gostando de nada que colocava e já tinha trocado de roupa umas dez vezes, até optar por aquelas peças, a contragosto.

— Está linda! Vamos, Mel – apressei encostado ao batente da entrada do seu closet, enquanto ela se olhava no espelho da penteadeira.

— Não sabia que você achava freiras lindas. – Ela me olhou rapidamente com deboche e olhou para a penteadeira pegando o batom.

— Deixa de exagero, você não está parecendo uma freira. Você está me lembrando de quando você tinha dezesseis anos.

— Ah, ótimo! Agora eu estou parecendo uma adolescente?!

— Não. Só quis dizer que você está elegante e graciosa, como você era antes – respondi e ela se manteve calada passando o batom. Um batom vermelho.

Batons vermelhos sempre se destacam muito mais do que as outras cores e chama a atenção para a boca. E claro eu não gostava de nada que se destacasse demais nela, que chamasse a atenção para qualquer coisa nela. Ainda mais se fosse para as partes principais: Bunda, seios, boca, e claro, a sua região íntima.

A sua bunda, seios e sua região íntima eu já tinha resolvido o problema. Agora só faltava resolver a boca, e ali eu achei que seria um bom momento para começar a falar sobre a sua maquiagem. Eu tinha que fazer ela parar de usar, mas teria que ser de uma maneira sutil. Eu começaria pelo batom, e aos poucos o resto, até ela não usar mais nada.

Era arriscado naquele momento, depois da conversa com Dylan? Era. Dylan poderia ter aconselhado Melanie, conversado com ela e falado que eu estaria tentando controlá-la. Falar agora sobre sua maquiagem poderia piorar tudo. Mas eu já sabia muito bem o que iria fazer, até mesmo sobre o Dylan, então fui em frente.

— Será que você poderia não usar batom hoje? – perguntei e ela me olhou incrédula.

— É sério, Phillip?

Obsessão: A História de Phillip Thompson - Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora