Obsessão: A História de Phillip Thompson - Vol.1

Parte V: Perseguidor

Parte V

Dezembro, 2003

Havia se passado um mês desde que Melanie terminou o namoro e que eu tomei uma surra do Dylan por ter tentado estuprar Melanie.

É, eu sei o que eu tentei fazer, eu não sou um completo imbecil que não sabe distinguir o que é certo e o que é errado. Eu sou filho de advogado e cresci aprendendo tudo sobre leis, Código Penal e todo o resto. Portanto eu sei o que uma tentativa de estupro me causaria, eu sei a pena para isso. Mas eu não pensei nisso na hora, não era para ter sido assim, não fui lá planejando fazer isso. Eu perdi totalmente o controle quando eu soube que não a teria de outro modo, ela havia planejado terminar comigo há dois meses e não importava o que eu falasse ou fizesse, ela não acreditaria mais em mim e não reataria mais como das outras vezes. Então eu quis mostrar a ela de que ela era minha e eu tentei mesmo sendo a força. O que eu não esperava era de que o Dylan estaria lá. Era para ele estar na faculdade, era para Melanie estar sozinha em casa com Matilde. Se fosse assim, eu teria conseguido e deixaria Melanie apavorada, com medo de mim. Mas saiu tudo errado e eu sabia que se Melanie resolvesse me denunciar, ou o Dylan, eu estaria completamente ferrado. Por isso, eu fugi.

Assim que cheguei em casa naquela manhã, eu juntei rapidamente umas roupas colocando-as em uma mochila, peguei a chave da casa de Stock Island e dirigi rumo para lá.

Uma hora depois de ter saído, eu estava ainda na estrada quando o meu celular tocou e eu deixei tocar, mas as ligações não pararam. Eu sabia que a bomba havia explodido, e eu fiquei nervoso pensando nas consequências daquilo. Fiquei irritado comigo mesmo por ter perdido o controle. O celular não parava de tocar, então eu desliguei. Não ia falar com ninguém dirigindo naquele estado, a última coisa que eu queria naquele momento era perder ainda mais o controle e me causar um acidente na estrada que nem acostamento tinha. A estrada para Florida Keys era água para todos os lados.

Três horas depois, quando cheguei na casa de Stock Island, eu liguei novamente o celular e havia muitas ligações perdidas de minha mãe e de meu pai. Além de mensagens na caixa postal. Eu sabia que meu pai estava furioso comigo, tão furioso que eu nem sabia o que ele faria comigo se eu não tivesse sumido. Se eu estivesse em casa, certeza de que eu levaria mais uma surra, a surra que ele nunca me deu. Mas eu estava curioso para saber como estava o caos em Miami, e qual seria o meu destino. Se eu fosse denunciado, eu teria que fugir mais ainda.

Sentei no sofá e mandei uma mensagem de texto para minha mãe:

"Me liga. Mas não fala que sou eu."

Esperei por dois minutos até ela me ligar.

— Está sozinha? – perguntei ao atender.

— Estou. Estou no banheiro. Onde você está, Phillip? – questionou e pelo seu tom de voz, e por não me chamar de príncipe, ela estava nervosa.

— Como é que estão as coisas aí?

— Como estão as coisas aqui?! Você tentou estuprar a Mel! Como você acha que está? – perguntou e pelo o seu tom de voz não era só o meu pai que estava furioso comigo. – Está um caos! Seu pai está querendo te matar! Está há horas resmungando e discutindo, colocando a culpa em mim, que eu te mimo demais, que sempre passo a mão na sua cabeça, as mesmas coisas de sempre quando você apronta! Mas essa foi demais, Phillip! Eu quero vocês juntos, mas não dessa forma! Estupro?! O que deu em você? Perdeu totalmente o juízo?

— Sim! Eu perdi o controle! Eu não fiz isso de caso pensado, mãe. Melanie terminou comigo ontem e ela não vai reatar!

— Ah, agora é que ela não vai mesmo! Você pensou o quê? Que a estuprando, ela ia reatar? Se tivesse me contado isso ontem, teríamos pensado em alguma coisa. Melhor ainda, se tivesse tido paciência como eu disse... mas não. Você colocou tudo a perder, Phillip! Você só tinha que esperar alguns meses e ela seria sua para sempre! E agora? Agora você não só perdeu ela como não tem chance alguma de consertar essa merda que você causou!