Capítulo 34. A Suspensão

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Março, 2003

Eu estava na sala do diretor, sozinho. Ele havia me deixado ali sentado em frente à sua mesa e saiu me mandando ficar ali e esperar. Eu não tinha escolha, tive que ficar mesmo querendo sair dali e ir até a enfermaria, mas eu precisava me manter calmo naquele momento, mesmo que minha mente criasse imagens de Liam sendo cuidado por Melanie na enfermaria e ele jogando flerte para ela. Só o que eu me perguntava era se isso tudo não tinha sido de propósito. Eu estava criando especulações de que Liam o tempo inteiro esteve interessado nela, mas sabia que ela era a minha namorada e precisava me tirar da jogada. Tiffany teria sido só uma peça para ele se aproximar e causar, sabendo que eu era ciumento e que assim conseguiria me provocar.

Ele teria feito isso para se vingar pela bolada que eu dei nele?

Era o que eu me perguntava e ficava imaginando ele rindo disso, sabendo que tinha conseguido.

O diretor tinha saído da sala já havia uns quinze minutos e eu estava tentando manter a calma, mesmo que eu estivesse uma pilha de nervos. Ele só poderia estar resolvendo outras coisas no colégio e eu tinha que esperar ele voltar, mas aquela espera estava me matando.

Levantei e fiquei andando de um lado para o outro. Olhei algumas vezes para a porta, roendo a unha e pensando em sair dali, mas eu já estava encrencado demais para acabar piorando a minha situação se eu fizesse isso. Eu sabia que o que fiz tinha sido grave, sabia das consequências, eu poderia até mesmo ser expulso do colégio e isso estava me deixando nervoso. Eu não poderia ser expulso. Sair daquele colégio e ficar longe de Melanie, deixando ela ali livre, não estava nos meus planos, isso era algo que eu não aceitaria. Eu tinha que convencer o diretor de que isso tinha sido um incidente isolado, como da outra vez que dei um soco no Leo. Eu tinha que convencê-lo de que tinha sido tudo um engano, um grande mal-entendido e que eu estava disposto a me redimir e reparar o meu erro com qualquer coisa, como uma atividade extracurricular, ser monitor ou tutor de alguém com dificuldade em alguma matéria, pois eu era um aluno excelente. Eu aceitaria até mesmo uma detenção aos sábados, mas uma suspensão ou ser expulso, não. Eu não ficaria longe dela. Porém eu sabia que o convencer disso não seria fácil, já que com o incidente com o Leo, eu ganhei uma advertência e que isso não seria aceitável novamente por ele. Dessa vez a minha punição seria diferente.

Eu não era idiota, eu sabia das consequências dos meus atos. Sou filho de advogado, cresci aprendendo leis e todo o resto. Eu tinha agredido um aluno, no colégio, na frente de outros alunos e sem motivo aparente, mas eu também sabia como montar uma defesa, usar as palavras e usar o poder de persuasão e até mesmo da manipulação. Eu sabia como colocar tudo ao meu favor e era isso o que eu faria.

Mais dez minutos se passaram e então a porta da sala abriu e o diretor entrou, eu rapidamente abri a minha boca para falar, já pensando em tudo o que eu falaria para convencê-lo, mas eu parei assim que vi o meu pai entrando e pela expressão no rosto dele, ele já sabia que eu tinha aprontado uma das grandes, ele só parecia não saber o quê.

Eu sabia que eu estava completamente ferrado! Com o meu pai ali, eu sabia que eu não teria chance alguma de fazer o que eu tinha pensado em fazer, pois não seria eu a ter a conversa com o diretor e, sim, o meu pai.

— Phillip, pode esperar lá fora. – O diretor disse segurando a porta.

— Diretor Peterson, eu posso me explicar, foi tudo um mal-entendido, meu pai não precisa...

— Phillip, eu já falei com o Liam na enfermaria, eu já sei o que aconteceu. Eu quero conversar com os seus pais.

— Mas e eu?

— Phillip, obedeça ao diretor! – Meu pai disse com firmeza me olhando de forma dura.

Ele parecia já saber o que eu tinha feito, ou pelo menos deduziu, já que um garoto estava na enfermaria por minha causa.

Obsessão: A História de Phillip Thompson - Vol.1Where stories live. Discover now