Capítulo 16

924 54 4
                                    

[...]

_____ Zuleide Salim

Os dias se passaram tão rápidos e com eles se foram as nossas férias, o cheiro da cidade de Liubliana carregava consigo a saudade que tinha dessa terra e especialmente dos meus tesouros à quem gostaria de chegar a casa e lhes abraçar bem gostoso. Decidimos não os avisar sobre o nosso regresso, só a Marta teve conhecimento por eu ter pedido a ela para fazer um jantar singular.

Em menos de uma hora saímos do aeroporto e chegamos no nosso lar e doce lar, fomos recebidos com sorriso no rosto pela mulher que ao longo desses anos todo se tornou parte da família, juntas cuidamos dos meninos e da casa, com ela veio seu marido que era o meu motorista, suas filhas depois de grandes decidiram ir atrás dos seus objetivos.

Têm maior idade que o Dimi, Emiliano tomou conta das nossas bagagens, Said teve que ficar na empresa devido alguns assuntos... Eu fui direita para o banheiro e mergulhei num banho profundo e relaxante bem antes de cair no sono, meu corpo reage sempre desse jeito quando faço viagens ou trabalho muito sem o merecido descanso.

O cochilo estava tão delicioso, mas, fui despertada do modo mais louco pela minha filha ao saltar na cama e fazer meu corpo suspender por alguns minutos seguido dos seus gritos eufóricos.

Grudou em mim feito uma menininha querendo mimos incansáveis, consequências do tempo que ficamos afastada. Por isso fiz, antes que ela ficasse chata igual ao pai dela quando está nesse estado.

Ficamos vendo todas as fotos da nossa viagem apesar de já ter-lhe enviado algumas, em seguida mimei bastante e batemos um papo habitual de duas mulheres se entretendo na fofoca. Como havia prometido, cobrou o momento de irmos às compras e eu não tinha como negar tendo em conta que ainda faltavam umas sete horas para o jantar.

Ao contrário de mim, Sasha era apaixonada por condução. Soube que seu carro está no mecânico há alguns dias e só seria entregue amanhã, nesse caso usamos o meu carro que na verdade é mais do Emiliano do que meu e fomos ao shopping as duas mesmo com a insistência dele querer ir junto.

Depois de deixar o carro no estacionamento, abandonamos o elevador em direção às lojas como se fossemos duas pop's star com tantos fotógrafos nos esperando....

— Nada de se empolgar até zerar o cartão... Disse olhando sério para ela.

— Não garanto, Senhora Salim... Respondeu com sorriso de deboche.

— Mereço!!!!

— Também te amo, melhor Mãe do mundo.

Deu um beijo colado em minha bochecha e disse para irmos logo antes que se faça tarde e não comparecemos cedo para o jantar, uma das diferenças entre nós mulheres e os homens na hora de fazer compras geralmente é no fator marca, já que eles saem sabendo mais ou menos o que adquirir ao contrário de nós que temos de experimentar de tudo que aparece nos olhos e chame nossa atenção.

E foi nessa senda que nos perdemos por tempo indeterminado, entrando de loja em loja sem mencionar a demora nos provadores. Três horas depois as sacolas não cabiam mais em nossas mãos, para tal tivemos que descer até o estacionamento e voltar a subir para continuarmos de forma anormal riscar o cartão no tpa.

Enquanto terminamos, entrei em uma loja de relógios e decidi comprar dois para os homens da casa. Para o filho, um Breitling e para o marido um Patek Philippe todos modelos clássicos. Confesso que já estávamos esgotadas, nos rendemos e decidimos voltar para casa quando na minha frente vejo o Said de conversinha com uma atendente sorrindo do outro lado do balcão.

"Flashback

____ Sasha

Enquanto estávamos na loja de relógios, vi meu pai entrando em outra loja. Não achei mal nenhum, mas não quis avisar a minha mãe para não cair em paranoias. As coisas complicaram quando o vi a conversar num clima descontraído com a jovem atendente.

Rapidamente peguei meu celular e enviei uma mensagem de texto, alertando para sair daí antes que a mamãe o visse. Não sei por qual motivo ele não respondeu e nem lhe vi a colocar a mão no bolso para tirar o celular devido o som da notificação, tentei desviar o caminho para que sua mulher não desse de cara com aquela cena...

Não resultou.

Flashback"

Entrei na loja o saudando de forma cordial, não obstante do ciúme enfurecido que me consumia. Ele tinha noção do que rodava em minha mente e com isso tentou se explicar, mas sem sucesso por não lhe dar tempo de dizer uma só palavra, apenas perguntei o que ele estava procurando....

— Vim comprar carregador para o meu celular, ficou sem bateria e só lembrei mais tarde que deixei o antigo no hotel onde estávamos.

— Já comprou? Questionei com o rosto trancafiado.

— Ainda não, a jovem estava me explicando qual é o recomendável dentre esses três...

— E isso inclui trocas de sorrisos? Perguntei à atendente, com cara de poucos amigos.

— Desculpe senhora, não foi minha intenção dar a entender outra coisa. Só quis ser simpática com o cliente, faz parte do meu trabalho... Respondeu com voz trêmula.

Pagou o artigo e nos retiramos do local, Sasha foi na frente sozinha enquanto eu e o Said seguíamos atrás. Ao longo do trajeto ele tentou se explicar várias vezes, porém não lhe dava ouvidos por estar a explodir de nervos por dentro e deixar a lágrimas que insistiam cair de tanto nervoso.

Minha mente estava em outros horizontes e isso fez com que eu não desse conta do tempo, Said abriu minha porta permitindo a minha saída do veículo e fui caminhando para o interior da casa ao passo que ele tirava as sacolas das compras.

Vejo meu filho que me acolheu num abraço, ele olha para mim e percebe que não estou bem, sem perguntar pede que eu deite a cabeça em seu colo e vai fazendo cafuné.

Said entra em seguida e dá um boa noite ao Dimi que o responde em bom tom, Emiliano ajuda a Sasha carregar outras sacolas e levam para cima. Minutos depois a Marta avisa que o jantar já está posto na mesa, digo que fiquei sem fome, mas ela não gosta quem não come sua comida e em seguida dá uma bronca junto com meus filhos.

Sentados na mesa, aguentei os choros e o mau humor para não estragar o nosso momento de família. Fizemos nossa refeição sem sobressaltos e com algumas conversas entre nós, eles falaram sobre tudo do que passaram durante nossa ausência, inclusive a expulsão da Sasha e do trabalho do Dimi.

Todos pareciam cansados, terminamos o jantar e cada um foi se ocupar com alguma diversão. Quanto a mim e o Said fomos ao nosso quarto, durante a noite toda ele tentou se explicar e pedir desculpas por ter me deixado desse jeito. O ciúme falava mais alto, não quis ceder e vou ficar assim até pelo menos dois dias. 

_____(-)______

— Zuleide.... Pode me dar um conselho!

Meus ciúmes foram desnecessários?

Estimado (a) Leitor (a), dê seu voto⭐

COMER COM PRAZERWhere stories live. Discover now