Capítulo 60

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_____ Valdirene Mikhail

Desde o dia que soube que perdi os movimentos das minhas pernas, meu mundo desabou, confesso que se não fosse o apoio incondicional do Dimitri e sua família eu estaria na pior. Os dias seguintes foram de tortura extrema com o fisioterapeuta, sem esquecer a pressão que eu botava em mim mesma para recuperar.

Apesar de tudo isso, eu ainda não achava certo prender o Dimitri em minha vida. No princípio achei que ele ficou comigo por pena, mas, ao longo desse tempo provou tudo que dizia sentir por mim. Continuava um amor, atencioso e super cuidadoso. Não me limitava, deixava sempre eu fazer coisas que eu podia sem obstáculo algum.

***

Depois de seis de meses de preparação psicológica, finalmente chegou a hora de eu fazer a operação que ditaria a recuperação ou não dos movimentos dos meus membros inferiores. Todos nós estávamos muito apreensivos, Dimitri pior que eu, era notável pelo modo que suas mãos suavam.

O Doutor, pediu que eles saíssem para que a equipe médica entrasse e começasse a operação. Em menos de cinco minutos senti os meus olhos pesados, logo notei que era a anestesia e outros sedativos fazendo efeito. Apaguei na hora, o que aconteceu a seguir ficou fora dos meus registros visuais.

Não tinha noção do tempo que isso levou, mas finalmente voltei a abrir os olhos e observei o meu redor. De uma coisa tinha certeza, ainda estava no hospital, em outro quarto. Ao meu lado, Dimitri segurava e beijava minha mão, me presenteou com um belo sorriso logo a seguir.

— Como correu a operação? Indaguei.

— Segundo o Doutor, correu bem. Resta apenas esperar, para vermos o resultado. Disse, Dimitri.

— Sua família ainda está aí? Questionei

— Sim, meu amor. Eles estão ansiosos para te ver, vou chamá-los.

[...]

_______ Dimitri Salim

Oito meses se passaram, e a recuperação da minha noiva não surgia como prevíamos. Porém, não perdemos a esperança e ela continuou fazendo fisioterapia. Finalmente a data do nosso casamento se aproximava, e ninguém se opôs para que o mesmo não se realizasse. Os últimos preparativos estavam a ferro e fogo, a decoração toda ficou a cargo da Valdirene, da Sasha e da minha mãe sem esquecer a Sophie.

Todo mundo estava empolgado, lógico! O maior pegador da cidade só para não falar do país, estava se aposentando para ser exclusivamente de uma mulher. Coisas do amor e as mudanças que causa, e falando em pegador apaixonado! Lá estava eu, indo buscar a minha mulher na fisioterapia.

***

Vestido de azul e branco, encontrava-me no altar junto do padre a espera da mulher que mostrou o lado doce da vida. Cada segundo em que aguardava por ela, meu coração acelerava cada vez mais, e minha mãos suavam de tanto nervosismo. Foi quando os sinos tocaram anunciando sua presença, que a minha alegria elevou-se.

Aquele sorriso em sua boca era tudo que eu mais queria ver, mesmo estando em uma cadeira de roda acompanhada do meu sogro. Eu não sei se chorava ou gritava de tanta felicidade, era um momento único pela qual ninguém fica preparado. Vagarosamente ela se aproximava do altar, eu estava completamente hipnotizado.

Quando finalmente chegaram, meu sogro disse as habituais palavras desse momento, prometi cuidá-la e acima de tudo respeitá-la como esposa e mulher. A cerimônia deu seguimento, mas antes do padre tomar a palavra peguei no microfone e peço ao pianista para tocar.

Sem vergonhas e receios, cantei Ed Sheeran- perfect acompanhado de alguns amigos em comum que a gente tem. Cada letra desta música explica o que sinto pela Valdirene, desde que ela entrou em minha vida. Ela é a mulher perfeita para mim, aquela que vou amar até quando ela não merecer.

COMER COM PRAZERWhere stories live. Discover now