Capítulo 40

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______ Dimitri Salim

[...]

Passados todos estes dias presos aqui, eu sofria ainda mais por saber que a minha família está totalmente desolada, nem quero imaginar como deve estar a minha mãe, o que será deles quando souberem do estado em que me tornei, caso saia daqui vivo? N questões surgiam, mas todas eram viradas para o estado emocional da minha família.

Quanto a droga que foi injetada em mim, tem surtido efeitos físicos e psicológicos, apesar de que, ainda tenha esperança de poder a encontrar algum antídoto capaz de reverter essa situação. Mesmo estando trancados no mesmo quarto, não tenho conversado com a Soraia, por mais que não seja culpa sua, eu ainda sinto raiva dela.

— Dimitri, podemos conversar? Por favor.

— Conversar sobre? Já não basta eu ter que estar sendo mantido em cativeiro? E para piorar, ter perdido a minha masculinidade?

— Eu sei que meu pedido de desculpa não vai inverter nada, tão pouco amenizar sua dor ou nos livrar daqui. Mas, eu me apaixonei por você e não planejei nada disso, eu sou tão vítima quanto você.

— Suas lágrimas e essa paixão nada resolvem, nem mesmo tu sendo a mãe da filha dele. Teve a compaixão de te poupar, abusou de você em frente dos seus subordinados, onde estavas com a cabeça quando casaste com esse desgraçado?

Logo que terminei de gritar com a Soraia, um dos capangas do Gagliasso abriu a porta e dois entraram me agarrando forte nos braços. — Isso é para dar uma lição a você, nunca mais volte a chamar o nosso chefe de desgraçado, seu pivete. A agressão por parte deles foi tão forte, sentia dores horríveis em todo físico.

Só pararam de bater em mim depois da intervenção incansável da Soraia, que em seguida fez curativos nas zonas mais afetadas e estancou o sangramento da boca e o nariz. Estava totalmente fraco, nesse momento cai em lágrimas no colo dela, tudo que eu mais quero é morrer ou sair daqui.

_______ Soraia Pochettino

As histórias e os filmes, podem apresentar uma compreensão leviana perante uma barbaridade ou a violência em casos de sequestros. Gagliasso já tinha ido demais ao arquitetar nosso sequestro, ter que nos tirar da Eslovênia e nos colocar nessa situação repleta de brutalidade. Viver nesse quarto isolado, sem contato com o mundo exterior tem sido um autêntico calvário.

E os homens que têm feito a nossa guarda, fazem de tudo para deixar as coisas mais insuportáveis, com agressões ao Dimitri, insultos e tentativas de estupros na minha pessoa, bem como limitações das refeições diárias e outras necessidades. E para o meu espanto, Gagliasso se orgulha deles quando eu lhe informo desses maus tratos.

***

Algumas horas depois, Gagliasso se fez presente no nosso cativeiro, consigo trouxe algumas roupas limpas e bens de primeira necessidade que nem sempre eu e o Dimitri usufruímos. Mais uma vez, pediu que eu ligasse a nossa filha, e a enganasse fingindo estar tudo bem comigo e que continuava a aproveitar da minha estadia na cidade de Liubliana.

Durante essas conversas, Dimitri se mantinha em silêncio devido a arma que tinha apontada na cabeça ou quando era amordaçado. Mas antes de ligar para a minha filha, me atrevi sem medo enfrentá-lo com questões sobre a devolução da nossa liberdade, e se não a teríamos que nos matasse de uma vez por todas.

— O que você quer fazer connosco, não acha que já fez muita maldade com a gente? Questionei.

— Se ainda não ficou claro para vocês, eu não ambiciono resgate e sim manter-vos irrestrito de liberdade. Vos soltar, implicaria permitir que a polícia toda me perseguisse.

— O que ganhas com isso? Não pensas na nossa filha?

— Cala a sua boca! — Disse nervoso, estapeando o meu rosto.

— Essa sua violência já não me assusta, e eu não vou me calar. Então acho melhor você me ouvir ou direi toda verdade a nossa filha, assim ela saberá o monstro que você é.

— Se atreva e viverás para sempre com o peso de consciência, por ser a culpada da morte do seu amorzinho.

Ouvir suas ameaças derrubaram toda minha coragem de enfrentá-lo, agora mais do que nunca sei o quanto ele é capaz e voltar a colocar o Dimitri em outra situação complicada, é o que menos quero. Por isso mesmo liguei para a minha filha, sem voltar a reclamar.

— Oi filha, saudades de você.

— Nem imaginas o quanto estou morrendo de vontade de deitar no seu colo, quando você vem me ver?

— Assim que eu arranjar tempo, lembra que te falei sobre a minha empresa que estava perto de ser tirada de mim!? Então, tenho estado a reestruturar ela.

— Entendo, saiba que te amo muito e tenho orgulho de você.

— Eu também te amo, meu tesouro. Beijos, se cuida.

Desliguei a chamada e cai aos prantos, dentro de mim, imaginava o momento em que o Gagliasso vai entrar nesse quarto e anunciar a nossa liberdade. Infelizmente, outra parte de mim dizia que isso nunca irá acontecer. E se esse for o meu fim, eu aceito. Desde que, o Dimitri saia o mais rápido possível daqui.

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