Capítulo 34

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______ Sasha Salim

[...]

Faz hoje três dias desde que recebi aquele envelope, enquanto a aula decorria, meus pensamentos se encarregaram de me levar para outra dimensão. Só voltei depois das tantas tentativas da Sophie em me trazer de novo ao mundo real, perguntou se eu precisava de algo, respondi que não e ela foi até ao refeitório.

Fiquei sozinha na sala de aula, não me apetecia ir a lugar algum. Senti o celular a vibrar, atendi às pressas porque se tratava daquele que recebi há dias no banheiro. A voz do outro lado, comunicou que hoje seria o tão aguardado encontro para finalmente receber notícias do meu irmão.

Emoção, choros e uma ansiedade enorme se apoderaram de mim. Achei meio estranho que a pessoa em questão preferiu que nos encontrássemos de noite, e mais tenebroso ainda, teria de ir sozinha sem ser seguida por ninguém. Estava arriscado demais, porém trata-se do Dimitri e não vou medir esforços para tê-lo de volta.

***

A chuva fina da noite deixou o clima frio, consequentemente ajudou na minha saída da residência sem que fosse notada. Antes de abandonar o meu quarto chamei um táxi e pedi que me esperasse na esquina, longe do alcance das câmeras de vigilâncias, logo que consegui passar por todos corri em direção ao carro.

O celular ficou grudado em minha mão, e ansiedade ruía os meus pensamentos de tal forma que nem notei o tempo passar até o táxi parar no local combinado. Efetuado o pagamento, recebi a chamada da pessoa em questão e fui seguindo suas ordens sem hesitar.

Ficar naquele beco escuro longe da vista de muita gente me deixou bem arrepiada, depois de tanto suspense, finalmente o informante apareceu totalmente mascarado, apenas pude ver seus olhos que não me encaravam de forma amigável. O arrependimento de não ter avisado a ninguém, apitou.

— Confesso que tive de correr muitos riscos para entrar em contato consigo, infelizmente eu não trago aquilo que garanti.

— Como assim? Onde está o meu irmão? Por favor me diga.

Sorrisos irônicos vindo da pessoa, me encheu de medo. Foi depois dela tirar o lenço preto que cobria seu rosto, que eu pude saber quem era. — Você? O que sabes sobre o desaparecimento do meu irmão? Não me diga que foi tu?

— Cala a boca sua ingênua, eu não sei nada do Dimitri e mesmo que soubesse não diria.

— Então por que me fez vir até aqui?

— Para matar você.

Elizandra sacou um revólver e apontou para mim, eu tentei gritar, mas o medo me impediu...

— Eu amo o Andrey, já que ele não me corresponde. Eu decidi acabar com você, depois de morta, ele vai poder sentir o mesmo que eu sinto.

— Você só pode estar doente, mesmo ele me amando, a gente não está juntos e nem sequer dou esperanças.

— Acontece que isso não faz o amor que ele sente por você sumir, por isso aproveitei a situação do Dimitri para te colocar dessa para melhor, adeusinho querida.

______ Andrey Pavel

Por volta das nove horas da noite, eu estava voltando de um rolê para casa, mas como o caminho passava pela casa da Sasha. Decide ir dar um oi a ela, para o meu espanto, vejo-a sair correndo em direção a um táxi, achando muito suspeito, decidi não dar cara e seguir onde ela estava indo.

O local em si, era muito isolado e quase ninguém passava por aquela zona. Logo que ela desceu do táxi, comecei a segui-la mantendo uma distância considerável. Ficou por alguns minutos falando ao telemóvel, deixando tudo ainda mais estranho, depois parou em um beco escuro onde nem mesmo ela aparecia de forma visível.

Minutos depois outra pessoa surgiu e ambas entraram em uma discussão, pude ouvir e perceber que se tratava de alguém com possíveis informações do sumiço do Dimitri, mais um motivo para não interferir e esperar o desfecho desse encontro. Mas eu estava em uma posição onde poderia ser notado, por isso decide mudar.

Quando finalmente encontrei uma zona mais segura, vi uma arma apontada para a Sasha, meu coração por pouco saía pela boca. Três disparos foram efetuados, eu perdi a noção do perigo e corri até lá. O atirador conseguiu escapar, Sasha olhava para mim com esforço.

Chamei logo a polícia e pedi uma ambulância com a máxima urgência, seu corpo estava ficando gelado e o sangue não parava de escorrer. Com ajuda de algumas vestes, fiz pressão nas zonas afetadas enquanto a ajuda não vinha, eu tive que ser forte para não chorar, precisava dar forças para que ela ficasse comigo.

— Meu amor, eu já pedi ajuda e ele estão chegando. Fica comigo, mantém os olhos abertos.

— Eu te amo, Andrey.

Foram as últimas palavras ditas por ela antes de fechar os olhos, felizmente a ajuda chegou depois de poucos minutos, o pessoal da ambulância fez todos os procedimentos para manter seus batimentos cardíacos e estancar o sangramento, o pai dela chorava e pediu que a ambulância partisse logo para o hospital.

Quanto a mim, fui encaminhado para a delegacia afim de prestar declarações sobre o ocorrido....

— Como soube da localização da Senhora Sasha?

— Na verdade eu não vim por acaso, segui quando a vi abandonar a sua casa em um táxi.

— E o que fazia nas redondezas da residência a esta hora?

— Eu estava voltando para a minha casa, quando decidi ver ela.

— Conseguiu ver o rosto do atirador?

— Infelizmente não, como o senhor mesmo viu. O local é completamente escuro, mas pude ouvir que elas falavam sobre o paradeiro do Dimitri.

— Explica com mais detalhes.

— Bem! Eu não ouvi a conversa toda, mas parece que a pessoa em questão fez a Sasha ir naquele lugar, por saber de alguma coisa sobre a localização do seu irmão.

— Por hoje é tudo, de qualquer das formas és o nosso único suspeito. Por isso, está proibido de abandonar a cidade e deverá se apresentar sempre aqui.

— Fica tranquilo, eu não faria nada para magoar a Sasha, quando precisar de mim é só chamar. Foram as minhas últimas palavras antes de abandonar a delegacia, era suposto eu ir ao hospital, porém evitei devido os olhares desconfiados que receberia.

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