Miss Construction

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Não contente com toda aquela cena na luta, o surto de raiva e o sumiço, fui acordado no meio da madrugada da pior forma possível.

Barnes desapareceu da face da Terra depois da luta (e eu sinceramente queria que tivesse continuado desaparecido). Voltei para casa correndo e morrendo de medo de que a qualquer momento Thor ou algum pau mandado aparecesse. Esperei Bucky por algum tempo, mas ele nunca chegava; já era bem tarde quando desisti e resolvi ir dormir.

A cada segundo que passava eu me arrependia mais de ter ido na maldita luta. Se tivesse ficado em casa, no meu cantinho, fora de perigo, nada disso teria acontecido. Nada disso estaria acontecendo se eu tivesse um pingo de noção e tivesse procurado uma pessoa normal para morar junto. Mas não, eu tinha que me meter na pior roubada de todas, eu tinha que escolher morar logo com o maníaco homicida violento que bate nas pessoas por diversão e dinheiro.

Possível maníaco homicida.

Bom, mas se estamos procurando culpados, nada disso teria acontecido se, primeiro de tudo, Tony não tivesse me levado para a primeira luta.

Apesar de não ter feito as melhores escolhas ultimamente, podemos dizer que tudo é culpa do Tony.

Fui morar logo com o cara mais violento do campus que fica ainda mais violento e extremamente ofendido com a menção de um namoro que nem sequer existe. Eu, um gay muito bem assumido e resolvido, dividindo o teto com um cara disposto a cometer um homicídio por ter sido indiretamente chamado de gay.

Eu não podia ter me metido numa roubada maior.

Foi o que pensei.

Quando finalmente consegui dormir, fui acordado no meio da madrugada por risadas, porta batendo e objetos caindo. Não a risada do Barnes, que eu nunca tinha ouvido, de uma mulher. Não uma, mas duas mulheres. Tentei ignorar e voltar a dormir, mas a trupe continuou pela casa rindo e fungando alto. Eu estava a ponto de levantar e fazer o maior barraco que o mundo já viu quando todos entraram no quarto do Bucky.

Achei que tivesse finalmente acabado, mas não. Tive um momento de paz para depois ser transportado para o inferno. Gemidos altos, quase gritos, ecoavam direto do quarto alheio para o meu cérebro.

Eu quis morrer.

Mas não sem antes matar todos eles.

Tentei de todas as formas abafar o som, mas ainda era audível os sons profanos.

Logo depois de ser chamado de gay, aparece em casa com duas garotas.

É isso que eu chamo de clichê.

E heterossexualidade frágil.

O sol já estava quase nascendo quando a festa no outro quarto acabou e pude finalmente ter silencio e voltar a dormir.

Acordei e tudo estava em perfeito silêncio ainda. Fui para o banheiro fazer minha higiene matinal e não havia nenhum grande dano, só algumas coisas pelo chão e batom no espelho. O real problema era a sala; parecia que um furacão tinha passado pela casa: cadeiras derrubadas, garrafas vazias para todo lado, almofadas reviradas, bitucas de cigarro por todo o chão. Uma calcinha na mesa.

Sem falar no futum de cigarro e álcool.

Mas o pior era o balcão da cozinha: pinos e restos de pó branco por toda a extensão da madeira.

Eu não ia fazer a linha moralista ou algo do tipo, mas deixar restos de droga pela casa não é algo aceitável.

Respirei fundo, contei até dez mil vezes e fui fazer um café reforçado. Calmo e paciente, sentei no balcão tomando cuidado para não encostar em nada e esperei.

Cocaine Cowboy | stuckyWhere stories live. Discover now