Annihilation

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Depois de dias maravilhosos no paraíso, lá estava eu, de volta para os problemas cotidianos.

Achei que Bucky se aproveitaria da minha ausência para dar festas e destruir o apartamento (de novo). Mas quando voltei para casa encontrei tudo no seu devido lugar e em perfeita ordem.

A única coisa fora do lugar era um corpo jogado no sofá. Por um segundo achei que James estivesse morto, mas logo pude notar o descer e subir do seu peito, que indicava que estava respirando.

Era estranho vê-lo ali, fora do quarto e tão vulnerável. Era a primeira vez que eu via qualquer traço de serenidade nele. Uma visão que com certeza não me desagradou.

Parando para analisar e ver além de comportamentos reprováveis, Bucky era muito bonito. Uma beleza perigosa e ameaçadora com seu jeito violento e olheiras profundas. Até a tatuagem horrorosa poderia ser perdoada se analisássemos o conjunto da obra.

Ele era perigoso e ameaçador, então nada mais apropriado.

Coloquei as malas no chão e me permiti um momento para admirar a cena diante de mim. Bucky estava deitado no sofá com um pé no chão e um braço sobre o peito. Usava uma regata preta que delineava seu corpo de forma a valorizar seus traços e uma calça de moletom. Seu rostinho estava sereno, seus lábios entreabertos me pareceram estranhamente convidativos. O cabelo cobria parte do rosto em uma cascata de fios rebeldes.

Era uma imagem digna de um quadro. Só faltavam os querubins ao redor.

Assim tão calmo perdido em sonhos, ele nem parecia o epítome dos meus problemas. Quando adormecido não parecia o furacão que era quando acordado.

Perdi longos minutos apreciando a cena até que os serenos olhos sonolentos se abriram preguiçosos. Continuei enfeitiçado por apenas mais um momento; quando os orbes verdes me fitaram fui acordado de um transe e me apressei a olhar para outra coisa e pegar minhas malas do chão.

- Você voltou. – disse sonolento e rouco.

Algo muito esquisito estava me acontecendo naquele dia. Porque, além de constatar a beleza singular de Bucky, me peguei achando sua voz rouca pelo sono algo extremamente sensual.

- Voltei – respondi com delay.

A troca de ares do Brooklyn para o campus deve ter afetado meu cérebro.

- Bem vindo de volta – disse num bocejo.

Esse dia estava ficando cada vez mais esquisito.

Talvez eu tenha enlouquecido de vez e isso seja só uma alucinação. É mais plausível do que a presente situação.

- Obrigado. – respondi desconfiado.

Fiquei olhando para as minhas mãos e discretamente tateei meu corpo em busca de vestígios de que era apenas uma alucinação, produto da minha pobre cabecinha louca.

- Aprendeu algumas receitas novas? – Bucky olhou para mim enquanto se sentava e franziu o cenho – Você está bem?

Parei imediatamente minha busca e fingi que nada tinha acontecido.

- Sim, estou ótimo! Anotei algumas coisinhas novas.

Bucky levantou do sofá e foi em direção ao seu quarto.

- Me ensine algumas dela.

A porta do quarto fechou logo após ele ter terminado de falar. Meu queixo foi ao chão.

Passamos semanas de desconforto e um certo ódio não declarado um pelo outro, de repente ele me leva para um lugar importante de sua infância e se abre para mim, depois voltamos para a estaca zero. E agora estamos... amigos? Não sei bem como classificar o que está acontecendo aqui.

Cocaine Cowboy | stuckyWhere stories live. Discover now