Sweet Home Brooklyn

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Inspirei profundamente e senti os ares poluídos do Brooklyn preencherem meus pulmões. Estava em casa finalmente.

Tento ao máximo não pensar no meu velho bairro quando estou na faculdade para evitar a saudade, mas sempre que piso em terras nova-iorquinas a saudade me atinge como um tsunami.

Podia facilmente pegar ônibus ou taxi até em casa, mas sempre faço questão de ir andando. Assim mato um pouco a saudade de andar por essas ruas tão conhecidas; cumprimento todos os donos de lojas, padeiros, velhos conhecidos. Passo pelos becos onde muito apanhei na infância para reforçar meu propósito na faculdade. As crianças, em especial do Brooklyn, precisavam aprender melhor e serem pessoas melhores.

Apesar da poluição e das péssimas memorias das surras, não podia conter o enorme sorriso quando andava por essas ruas tão conhecidas. Era tão diferente do campus, de Connecticut. Era familiar e agradável, apesar de tudo.

Era como voltar para a minha zona de conforto depois de meses lutando fora dela.

Tony não tinha o mesmo amor que eu por Nova Iorque. Mesmo sendo daqui, de ter crescido aqui, mais no Brooklyn comigo do que no seu bairro de rico, ele não tinha esse sentimento de pertencer a um lugar físico. Para ele tanto importava onde cresceu ou onde aconteceu alguma coisa importante. O que importava para ele era onde estava e onde Pepper estava. Ele insiste em chamar de liberdade, mas não posso evitar lamentar que ele não sinta isso por onde cresceu porque cresceu juntos de pais com os quais nunca se deu bem.

O Brooklyn é o pai que eu nunca tive. E diferente um homem de verdade, ele sempre estaria aqui para quando eu voltasse.

Logo estava na gente da cerca branca que passei minha adolescência. Tudo estava como sempre fora: o jardim cheio de flores, a grama verde, as janelas abertas e a aura de segurança e amor.

Adentrei a casa e meu peito se encheu dos mais gostosos sentimentos de nostalgia. Até mesmo o cheiro ainda era o mesmo, apesar de um leve toque hospitalar.

A única diferença era que as risadas e vozes animadas não ecoavam mais pela casa. Deram lugar a tosses e recomendações médicas. Vovó Peggy alegre pela casa se tornou uma bela senhorinha de cama.

Sua saúde não andava bem há algum tempo.

Larguei a mala na porta e corri para o seu quarto. Ao vê-la ali, tão perto, meu peito explodiu em alegria e saudade; não pude conter as lagrimas de felicidade por finalmente estar ali com quem tanto amo.

- Vovó!

Peggy abriu um enorme sorriso ao me ver e abriu os braços me chamando para um abraço. Corri ao seu encontro como se ainda fosse aquele adolescente franzino que ela pôs na linha anos atrás.

- Steve! Você veio!

- Claro que vim! Não perderia o feriado sem a minha melhor garota! – disse animado e me sentei na cadeira ao lado da cama.

- Como vai meu garoto? Indo bem na faculdade? Quero notas boas.

- Vou bem, vovó. Estou indo muito bem, só notas altas para te dar orgulho.

- Muito bem! Mas e como vai o nosso garoto problema? – perguntou com um sorriso brincalhão.

- Um problema. – fiz uma careta – Eu tento, vovó, mas algumas pessoas simplesmente não querem ser ajudadas – continuou me olhando com um sorriso sapeca – Mas eu simplesmente não consigo desistir também! – bufei e deitei o rosto na cama – Não sei o que fazer.

Peggy sorriu terna e afagou meu cabelo.

- Esse menino Bucky tem sorte por ter você, Steve. Conheci alguns Buckys na vida também, sempre o que eles mais precisam é de um bom amigo, alguém que acredite neles.

Cocaine Cowboy | stuckyWhere stories live. Discover now