Sanctify

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Já era a milésima vez que ouvia o "bip" insuportável de mensagem vindo do celular de Steve. Eu não aguentava mais. Ele não parava de trocar mensagens com o tal Sam. Sem falar do tempão que passaram no telefone quando chegamos em casa; Steve tranquilizando Samuel dizendo que chegamos em casa e estava tudo bem.

Já tinha passado algum tempo que tínhamos chegado em casa. Estávamos ambos no sofá mergulhados num silêncio constrangedor. Silêncio exceto quando chegavam as malditas mensagens.

Apesar de já ter passado um bom tempo, eu ainda sentia a adrenalina selvagem que os momentos no quartinho me proporcionaram. Minha ansiedade estava a todo vapor fazendo minha perna mexer tanto que parecia convulsionar; sentimentos conflitantes tomavam posse de mim.

Não havia mais porque tentar negar: eu quis beijar Steve.

Steve, um homem.

Homem como eu.

Mas eu estava super drogado e fugindo da policia. Provavelmente foi apenas o calor do momento. Eu não quis de fato beijá-lo, foi só coisa do momento, só minha cabeça fudida de drogado me pregando uma peça.

Sim, só isso.

Não era como se eu fosse gay ou coisa do tipo. Porque eu não sou.

Foi algo do momento e nunca mais vai se repetir.

E também a partir de agora vou evitar cheirar quando Steve estiver por perto. Só para não correr o riso de novo. Não vamos dar sorte ao azar.

Depois de esperar a policia ir embora e a barra ficar limpa, saímos correndo do prédio. Praticamente corremos o caminho todo ate em casa e desabamos no sofá. Durante o caminho, Rogers gritou algumas coisas do tipo "eu nunca devia ter ido de novo", "eu só me meto em roubada" e outras asneiras do tipo. Mas nem um pio de nenhum de nós desde que chegamos em casa.

Todo o efeito do pó já começava a se dissipar, a descarga de adrenalina já tinha acabado. Lentamente o pós-efeito da cocaína começava.

Primeiro: a irritação exacerbada.

- Pelo amor de deus, tira o som dessa porra! – gritei num rompante de raiva fazendo Steve se assustar – Eu não aguento mais ouvir esse inferno de barulho.

- Que isso, 'ta doido, é? – Steve me olhou indignado.

- Vocês dois é que devem estar! Já não bastou a ligação? Ainda tem que ficar de mensagenzinha a noite toda? – eu nem ao menos sabia porque estava tão bravo.

- Olha, eu tento, mas é impossível ficar perto de você, James – Rogers marchou até seu quarto e bateu a porta.

Bufei irritado comigo mesmo.

Eu sei que boa parte da irritação era culpa da cocaína saindo do meu sistema, mas não era a primeira vez que eu ficava com raiva de Steve com Samuel. Era realmente algo infundado. Eu não tenho nada a ver com a vida dele, com quem Rogers sai ou deixa de sair, ou quem são seus amigos. E também nunca liguei.

Até agora.

Desde a primeira vez que vi o tal Samuel, eu o odiei; nenhum motivo em particular, apenas ódio à primeira vista. Mas pensando com mais atenção, era Samuel com Steve que eu odiava.

Ugh isso não faz sentido.

Foda-se Samuel, foda-se Steve Rogers.

Minha cabeça já é fudida o bastante do jeito que é, não preciso de mais problemas.

Antecipando a crise que logo viria, fui para o banheiro e enchi a banheira. Joguei minhas roupas pelo chão e afundei na porcelana. Banhos quentes eram uma boa forma de me acalmar.

Cocaine Cowboy | stuckyOnde histórias criam vida. Descubra agora