Ties

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You tell me you'd like to burn a bridgeThat you always make mistakes like this

Mais uma vez na minha vida acordei com o frio azulejo do banheiro gelando minha bochecha e um gosto de bicho morto na minha boca. Um filme que todos já vimos. Abrir os olhos requeria um esforço enorme, a lâmpada estava logo acima da minha cabeça e a luz era cegante. Levantar estava simplesmente fora de cogitação. Minha cabeça pesava uma tonelada e meu corpo parecia desconectado do meu sistema nervoso, não se moveria nem se eu realmente quisesse muito. Mas eu não queria nem um pouco. O sofrimento da ressaca estava chegando aos poucos, qualquer movimento brusco ou esforço mínimo e ela me acertaria em cheio.

Um espasmo seguido de uma forte contração no meu estômago destruiu meus planos. Tive tempo apenas de levantar o tronco e me jogar para dentro da privada. Meu corpo parecia obstinado a expelir todos os meus órgãos pela boca.

Eu nunca mais vou beber.

A porta do banheiro foi aberta e o rangido enviou uma dor aguda pela minha cabeça como se tivesse sido atingido por um pequeno raio. E lá estava James B. Barnes parecendo tão acabado quanto eu, porém de pé e bem enquanto eu estava com a cara no vaso sanitário. Consegui olhar para ele por um breve momento antes de voltar a vomitar. Eu tinha realmente me excedido na festa. Nem ao menos lembrava as coisas.

E iria aproveitar cada segundo na ignorância.

James tinha um copo e um comprimido em cada mão. Aceitei a aspirina e tomei um gole considerável da água. Era uma incógnita qual bicho tinha se arrastado para dentro da minha boca e morrido lá dentro na noite passava. Precisava desesperadamente escovar os dentes e fazer um gargarejo com água sanitária.

Sei que é um pouco clichê, mas vou pensar melhor sim na próxima vez que eu quiser encher a cara até ficar insano.

Bucky orbitava ao redor de mim como um cachorrinho, podia quase ver o rabinho abanando freneticamente, querendo ser útil. Ele nunca pega leve na bebedeira, não sei como eu que estou no chão e ele de pé. Ainda mais considerando que a festa era dele. E ele parou com o pó, então imaginei que, dada a oportunidade, ele descontaria a abstinência em outras substâncias. Mas pelo visto ele estava mesmo empenhado em ficar limpo dessa vez. Eu poderia sorrir se minha cabeça não estivesse latejando e meu estômago se revirando.

Mas ainda é chocante como o jogo virou. Na última vez tive que dar até banho nele, e deus que me ajude, ainda tenho pesadelos com isso (dos quais acordo um tanto quanto enrijecido). Ah, como os grandes decaem! Pelo menos estou com as mesmas roupas de ontem, só um pouco amassadas e uns botões abertos para maior conforto. Mas nada que indique que o moreno teve que me dar banho e que cometi algum crime contra a moral ou atentado ao pudor. Ou assim espero.

Ugh, eu precisava mesmo de um banho.

Me apoiei na beirada da privada e, com muito esforço, tentei ficar de pé; o que foi uma péssima ideia. Minha cabecinha pareceu explodir em mil pedacinhos dolorosos e espalhados pelo chão. Cambaleei para o lado que nem um idiota e James prontamente me segurou, e de uma forma afetuosa demais para ser normal.

Um alarme de perigo começou a soar no fundo da minha mente.

Ou talvez fosse o apito no ouvido de ter escutado música alta a noite toda.

Sinceramente à essa altura eu não sei mais de nada e só quero que deus tenha misericórdia de mim.

A barba por fazer de Bucky arranhou a lateral do meu rosto e uma imagem borrada se apresentou na minha mente, rápida como um raio partindo meu crânio em dois e descendo pela minha coluna acordando cada terminação nervosa no meu corpo.

Cocaine Cowboy | stuckyWhere stories live. Discover now