Capítulo 3: Rivalidade

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MATSUI

— Eu sei que você está aí. — Falo séria.

— Droga. — a voz rouca de um bicolor faz com que eu me surpreenda.

Me apoio no sofá virando meu corpo para encarar o menino. Nossos olhares se encontram e me perco nos olhos de cores distintas.

— O que faz acordado a essa hora, Todoroki? — vejo-o caminha em minha direção.

— Eu ia perguntar o mesmo, Takahashi. — ele abre um minúsculo sorriso bobo.

— Perguntei primeiro.

— Insônia — responde indiferente — e você?

— Vamos dizer que minha individualidade não me permite dormir cedo — respondo segurando a risada da face de confusa do bicolor.

— Como assim? — ele caminha até o sofá e senta ao meu lado parecendo estar interessado.

— Quando eu uso muito minha individualidade acabo perdendo o sono.

— Interessante — ele boceja.

— Você está com sono, pode deitar — aponto para minhas pernas e ele as encara por um momento. Um pequeno rubor surge em seu rosto porém ele o vira rápido me impedindo de analisa-lo melhor.

— Acho melhor não — ele olha para o lado.

— Pare de bobeira — me encara com uns segundo e então se rende.

Ele se encosta em mim um pouco envergonhado e aos poucos sinto seu corpo relaxar. Os cabelos bicolores encostam em minha perna e sinto cócegas mas não me mexo para não acorda-lo já que ele parece estar em sono profundo.

Por alguns segundos encaro seu rosto e a mancha avermelhada que cobre seu olho esquerdo. Queria perguntar para ele se era verdade a fofoca que corriam pelos corredores sobre a marca.

Todoroki tem algo especial tirando sua inteligência e sua individualidade rara. Ele parece ter um passado que o assombra. Como o meu. Mas sua capacidade de esconder, e talvez lidar com isso, é bem mais complicada que a minha. Ao longo do tempo a gente descobre que se deixar a escuridão tomar conta de você, faz a luz desaparecer, e, no fim, você ficará no escuro pra sempre.

Não ter nenhuma memória dos meus pais me assombrou por muito tempo. A única lembrança que tenho evito relembrar.

— Takahashi? — uma voz me desperta de meus pensamentos.

— Sensei? — me assusto ao perceber que havia dormido no sofá do hall — Por que estás dormindo no sofá do hall?

— Eu acabei—

— Não importa, volte para seu dormitório. Logo os outros alunos passaram por aqui.

— Me desculpe — falo um pouco sem jeito e ele movimenta sua cabeça indicando que não preciso continuar.

Levanto em um movimento brusco percebendo que Todoroki não estava mais ali. Caminho apressada até o meu quarto, giro a maçaneta mas a porta não abre bato, porém ela continua intacta. Bato mais forte já que não estou no melhor estado para alguém me encontrar, principalmente pela minha vestimenta, já que meu pijama é curto demais.

Em um movimento brusco a porta é aberta e caio para dentro do quarto. Olho para cima mirando nos olhos semicerrados de Ochaco.

— Bom dia — ela me estica a mão para que eu levante.

— O que aconteceu? — ela pergunta ainda surpresa.

— Acabei dormindo no sofá do hall e acabei conhecendo um menino. — Mina me olha com os olhos animados — O nome dele é Todoroki, ele é nosso colega, não fiquem surpresas.

Mina sorri animada.

— Temos aula! Vamos logo! — Momo se pronuncia rápida.

Depois de prontas fomos para a cantina. O sanduíche natural e o suco de laranja são suficientes para matar minha fome. Alimentadas corríamos pelos enormes e infinitos corredores da U.A. Meus cabelos voavam soltos e ar parecia puro, mesmo dentro dos lugares fechados. Uma sensação nostálgica.

Logo chegamos na sala de aula. Não tive tempo de me sentar que já fui atacada por Kirishima e Denki que passaram pelas mesas até chegar na minha.

— Bom dia Matsui, — falam em uníssono — eu queria saber se você fez a tarefa de inglês? — Kirishima toma a frente sorridente enquanto Denki faz o mesmo com a boca fechada.

Assinto para os meninos enquanto solto uma risada nasal. Viro para pegar a folha dentro da minha mochila e percebo que a algumas classes atrás de mim há olhos bicolores me fitando de cima a baixo. Logo nossos olhares se encontram mas ele baixa a cabeça rapidamente.

Seguro a folha das atividades e então me viro para entregar os os meninos que me olham esperando o papel. Entrego para eles que correm para a mesa de Toru que parece esperar aflita também.

Quando todos já haviam copiado Kirishima me entrega a folha sorridente.

— Obrigado pela ajuda. Você é boa em inglês, me lembre de pedir cola pra você na prova.

Antes que eu pudesse respondê-lo Aizawa entra na sala e todos sentam em seus lugares fingindo-a que nada havia acontecido.

— Bom dia, — ele entra desanimado e acaba nos contagiando com seu humor — espero que estejam preparados e bem dormidos para a aula de hoje — tenho certeza que aquela frase foi direcionada a mim.

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Cristal de Sangue - Boku no HeroWhere stories live. Discover now