Capítulo 16

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"Oh, você vai me levar para casa?" - Take me home - Jess Glynne

     Eu esperei ela me ligar durante dois dias. Dois longos dias em que quase não dormi pensando no nosso beijo. Mas ela não me ligou. Não mandou sequer uma mensagem e eu fiquei me perguntando o que eu tinha feito de errado. Será que ela não tinha gostado do beijo? Será que eu tinha beijado errado? Meu Deus, o que eu havia feito que ela não gostou?

     Eu não queria mandar uma mensagem. Estava com medo de atrapalhar e de ela achar que eu estava sendo pegajoso demais. Só queria que ela me ligasse ou algo do tipo e por milagre, ou não, ela me ligou dois dias depois me convidando pra almoçar na casa dela. Estava indo tudo tão bem. Eu dancei com ela e senti que ela gostava de mim tanto quanto eu gostava dela, mas quando seu amigo chegou ela ficou insegura. Parecia triste e decepcionada por vê-lo com outra garota. O que Evelyn estava pensando? Eu não sabia, mas o fato é que eu não havia gostado de vê-la com ciúmes de outro cara. Doeu. Tem noção do que é ver a pessoa que você gosta demonstrando que gosta de outra? Dói.

     Eu saí da casa dela com meu coração doendo. Talvez ela não gostasse de mim. Entrei em minha casa quase me arrastando e não contive o choro. Eve estava deitada no sofá e me olhou assustada. Senti uma vontade imensa de me cortar, mas eu não tinha com o quê. Evelyn havia pegado meu estilete e eu não sabia onde ela o havia colocado. Havia facas na casa, era verdade. Porém não me parecia uma boa ideia.

     Então saí de casa novamente depois de limpar as minhas lágrimas e fui em direção ao mercado mais próximo da minha casa. Peguei um estilete azul escuro e o olhei por um instante. Eu me sentia fraco olhando para aquela lâmina, mas eu iria comprar mesmo assim. Parte de mim dizia que aquilo não era certo, mas, a outra parte mais forte que essa, me dizia que não tinha mal nenhum em fazer alguns cortes nos pulsos.

      Saí do mercado carregando o estilete numa sacolinha e voltei para minha casa rapidamente. Fui direto para o banheiro e tirei minha camisa ficando diante de um velho espelho que havia ali. Suspirei.

— Você é um inútil, Gabriel — falei para o meu próprio reflexo. — É isso que você é — completei, com as lágrimas já escorrendo pelo rosto.

     Abri o estilete e o barulho da lâmina deslizando pelo plástico fez eu chorar mais. Afinal, o que eu estava fazendo da minha vida? Eu já estava pronto para deslizar aquela lâmina pelo meu pulso e eu não queria saber se eu havia prometido para Evelyn 93 dias. Com a dor que eu estava sentindo talvez eu fizesse um corte profundo e definitivo. Eu ia fazer aquilo, mas o meu celular tocou bem na hora.

     Retirei ele do bolso e meu coração errou uma batida quando vi o nome de Evelyn na tela.

     Deixei o estilete de lado e atendi a ligação com meu coração disparado.

— Oi, Eve — falei.

— Gabriel?

— Sou eu, Evelyn. Quem mais seria?

— Eu só liguei pra dizer que eu gosto de você. Eu não sei como nem porquê, mas eu gosto. Gosto muito. Acho... acho que gosto até de mais. Você entende?

— Evelyn...

— Me desculpe por hoje. — A voz dela saiu com dificuldade.

     Fechei meus olhos.

— Eu também fui muito rude com você, Eve. Então me desculpe.

— Amanhã eu vou te encontrar no seu trabalho, tá bom? Você tem uma consulta com a Ana no fim da tarde. Eu acabei de marcar.

— Você acha mesmo necessário?

— Eu estarei com você, Gabriel.

— Tudo bem. — Suspirei.

Um Toque do DestinoWo Geschichten leben. Entdecke jetzt