Capítulo 23

216 44 40
                                    

"Eu não vou te deixar pular quando o mundo quiser te afundar. Põe sua vida em mim, Eu posso te sustentar." — O Salto - Luks

— Tá bom... Daqui a uma semana a gente conversa. — ele suspirou, enxugando as lágrimas. Depois foi até a porta, mas antes de sair olhou para trás e quando o olhei também ele respirou fundo e disse: — Eu te amo, Evelyn.

      Meu coração errou uma batida quando ouvi ele dizer isso. Ele olhou para mim uma última vez e saiu, deixando uma sacola caída ao chão. Peguei a sacola, tirei o que tinha dentro e senti meu coração doer ao ver o que era e o que tinha escrito. Chorei pelo que pareceram horas até que minha mãe bateu na porta do quarto com uma xícara de chá na mão.

— Oi, filha. O que aconteceu? Gabriel saiu daqui chorando.

— A gente deu um tempo. — falei.

— Um tempo, mas por quê? Como assim, Evelyn?

— Não quero falar sobre isso, mãe. — eu disse e levantei da cama.

— Evelyn Mendes eu te proíbo de quebrar o coração daquele rapaz. Ele te ama, minha filha.

— Tarde, mãe. Já quebrei.

      Saí do quarto da minha avó e entrei no meu fechando a porta em seguida. Minha mãe não veio atrás de mim. Eu deitei na cama e depois de me virar na cama umas 15 vezes finalmente dormi. Acordei umas 11:00 horas da noite me sentindo péssima. Fui até o banheiro e vomitei o pouco do meu almoço que sobrou. Droga, eu sabia que me odiaria pelo resto da vida pelo que eu estava prestes a fazer. Mas mesmo assim fui até o quarto da minha mãe e entrei devagar. Ela estava no andar de baixo com meu pai. Fechei a porta atrás de mim e caminhei até a gaveta de remédios. Peguei os remédios para cólica e os anticoncepcionais da minha mãe.

      Tudo bem, vamos voltar do início para você entender o porquê eu estava fazendo isso. No dia anterior a visita de Gabriel com aquele lindo ursinho eu tive um leve mal estar. Estava receosa porque havia alguns dias que minha menstruação estava atrasada, então eu fui até a farmácia comprei dois testes de gravidez e ambos deram positivo. Sim, eu estava grávida. Misericórdia, o que eu faria com um bebê? Como eu cuidaria de uma criança? Eu estava assustada. Quando Gabriel veio até a minha casa eu me dei conta de que não podia destruir a vida dele assim. Como ele reagiria? Meu Deus, era tudo minha culpa. Eu fiz tudo errado. Então eu disse pra ele que queria terminar, mas não era o que eu de fato queria. Por isso quando vi Gabriel chorar na minha frente sugeri que dessémos um tempo. Uma semana era o tempo que eu precisava para abortar aquela criança e voltar a namorar com Gabriel normalmente. Eu sei, sou um monstro.

      Então eu peguei aqueles medicamentos e fui até o banheiro do meu quarto. O espelho ainda estava quebrado da vez em que o quebrei. Olhei para o meu reflexo no espelho e depois olhei para os medicamentos em minhas mãos.

— Você é um monstro, Evelyn. — sussurrei para mim mesma. — Um monstro, está me ouvindo?

      Fechei meus olhos e, quando os abri de novo, lágrimas escorreram por minhas bochechas. Tirei um comprimido para cólica da cartela e antes de pô-lo na boca pus a mão na minha barriga. De repente me dei conta de que ali estava crescendo um bebê. Comecei a imaginar o quão ruim eu estava sendo por querer impedir aquele ser de nascer e voltei a chorar de novo.

— Um monstro, Evelyn. — falei. — É isso que você é!

      Parei de acariciar minha barriga e olhei para o comprimido em minha mão. Fiz jeito de colocá-lo em minha boca, mas uma batida na porta me fez parar.

— Evelyn?

      Era a voz do meu pai. Meu Deus, como meu pai reagiria ao saber que eu queria abortar um ser tão inocente crescendo dentro de mim? Como minha mãe reagiria? Mais que isso, como Gabriel reagiria ao descobrir que eu queria matar o fruto do nosso amor? Deus, eu não podia fazer isso.

Um Toque do DestinoWhere stories live. Discover now