Capítulo 19

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"Apenas pare de chorar, amor." — Sign of the times - Harry Styles

    Eram 5:30 da tarde quando Evelyn chegou na minha casa. Eu havia acabado de chegar do trabalho e estava cansado. Ela usava uma calça legging preta e uma blusinha rosa curta. Estava linda.

— Evelyn o que faz aqui? — perguntei.

     Ela sorriu para mim e deu-me um beijo fugaz na bochecha.

— Hoje é o primeiro dia da rotina que teremos daqui pra frente.

— Não tô entendendo.

— Ah, Gabriel — ela falou. — calça um tênis e vamos caminhar até à praça.

     Só então percebi o que ela estava calçando. Íamos caminhar. Misericórdia, eu estava acabado. Como poderia ainda ir caminhar? Mas por Evelyn eu faria qualquer coisa, então se ela queria ir eu iria também.

     Deixei ela na sala e fui até meu quarto. Vesti uma calça de malha da mesma cor da de Evelyn e uma camiseta azul escura. Depois calcei meu tênis velho e surrado e fui ao encontro dela.

— Vamos, minha princesa. Estou pronto.

     Ela sorriu para mim e juntos saímos de casa. Fomos caminhando devagar apenas apreciando a companhia um do outro. Até que Evelyn segurou minha mão. Olhei para ela e sorri.

— Evelyn — falei.

— Sim?

— Você me ama?

     Ela me olhou por instante como se não soubesse o que falar, mas por fim se inclinou para mim e me beijou delicadamente.

— O dia tá tão bonito, né? — ela disse quando se afastou. Ergui a sobrancelha e me perguntei mentalmente o porquê ela não queria responder a minha pergunta.

— Sim, está — respondi, decidindo ignorar minhas paranoias.

     Caminhamos até a praça e depois voltamos pelo mesmo caminho. Quando chegamos na minha casa Evelyn sentou-se no sofá e sorriu para mim.

— Me leva em casa agora. — pediu.

      Fiz que sim com a cabeça e peguei os capacetes entregando um para ela.

      Levei-a em casa e depois voltei para casa. Entrei no banho e de repente como se fosse a única coisa que me restasse comecei a chorar desesperadamente. As lágrimas se misturavam com a água do chuveiro e meus soluços eram abafados pelo barulho da água caindo no chão. Quando aquilo iria acabar? Eu precisava ser feliz, meu Deus. Mas espere, eu nem acreditava em Deus. Talvez fosse isso que estava faltando, afinal. Olhei para cima e gritei alto.

— Deus, se você existe, por favor se importe. — Não me importei com o que os vizinhos pensariam, a dor rasgava o meu coração.

      Saí do banho ainda chorando e me deitei na cama com a toalha enrolada na cintura. Solucei pelo que pareceram horas até que finalmente dormi.

***

      O dia estava lindo para um pedido de namoro. O sol estava reluzente no céu e embora estivesse um calor nada agradável eu estava alegre por finalmente poder oficializar meu compromisso com Evelyn.

      Quando cheguei em sua casa ela já me esperava na porta com um sorriso maravilhoso nos lábios. Ela vestia um vestido vermelho sangue de alcinhas. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo e isso a deixava ainda mais magra, porém não menos bonita.

— Seus pais já estão aí? — perguntei, segurando a mão de Evelyn com a mão que eu não estava segurando o capacete.

— Sim — ela respondeu e entramos de mãos dadas dentro da casa. Os pais dela estavam sentados no sofá e ambos olharam para mim.

— Boa tarde, senhor e senhora Mendes.

— Boa tarde, querido — a mãe dela respondeu com um sorriso.

— Boa tarde, Gabriel — disse o pai.

— Pai, mãe, o Gabriel tem uma coisa pra falar pra vocês — disse Evelyn, apertando minha mão.

— Pode falar.

      Eu estava nervoso. Eu nunca havia pedido alguém em namoro na minha vida. O que eu diria? Como eu diria? Como eles iriam reagir? Eram tantas perguntas.

— Bom — comecei. — faz um tempo que eu quero falar com vocês. Eu... eu gosto muito da Evelyn e... e eu quero namorar com ela. Preciso da permissão de vocês.

      Quase não consegui terminar de tão nervoso que eu estava, mas de qualquer forma fora eu que quis pedir.

       Os pais de Evelyn sorriram para mim e levantaram-se do sofá. O pai dela estendeu a mão para mim e quando eu estendi a mão para ele, ele a apertou fortemente.

— Tem minha permissão — disse.

      A mãe de Evelyn se aproximou de mim e me abraçou.

— Tem a minha também — falou.

      Quase chorei de alegria. Evelyn deu um pulinho fofo e abraçou os pais agradecendo. Depois de conversarmos um pouco eu e Evelyn saímos para fora.

— Como você está? — Evelyn me perguntou.

       Eu tentei. Juro que tentei segurar o choro, mas eu estava tão cansado que desabei em lágrimas na frente dela.

— O que foi? — ela disse, abraçando-me.

— Tá tudo tão sem sentido — eu disse. — Parece que nada do que eu faço melhora de alguma forma a minha situação. Eu tô cansado, Evelyn.

— Calma, meu amor. Você vai ficar bem. Escuta, você tá tomando os remédios?

       Fiz que não com a cabeça e me sentei na calçada da casa dela.

— Precisa tomar, Gabriel — ela retrucou, sentando-me ao meu lado.

— Eu sei, mas é que... sei lá. Eu acabo esquecendo — falei, baixando meus olhos para o chão.

— Ei — ela disse, chamando minha atenção. — estamos caminhando todo dia, mas você também precisa tomar o remédio. Vou te ligar todo dia de manhã pra te lembrar de tomar o remédio agora.

— Evelyn...

      Ela sorriu para mim e beijou minha bochecha onde uma lágrima escorria.

— Eu vou cuidar de você, Gabriel. Você não está mais sozinho.

       Olhei para ela sentindo um misto de alegria e tristeza e a puxei para um beijo sem me preocupar com o fato de que meu rosto estava manchado pelas lágrimas e isso seria nojento. Evelyn retribuiu o meu beijo, parecendo não se importar com meu estado deplorável e quando nos separamos ela sorriu para mim.

— Você ainda vai ser muito feliz, Gabriel. Nós vamos.

— Obrigado — falei. Olhei para minha namorada uma última vez e montei na moto para ir pra casa.

      No caminho fui pensando em inúmeras coisas e uma delas foi: Como eu poderia ser feliz com Evelyn se eu não conseguia ser feliz comigo mesmo? Eu precisava fazer mais terapia para lidar com aquilo.

Um Toque do Destinoحيث تعيش القصص. اكتشف الآن