Capítulo 24

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"Vem depressa! Vem me salvar!" — Salva-me - RBD

      Acordei tarde no outro dia. Meu coração gritava Gabriel, mas meu corpo pedia cama, então fiquei na cama pelo resto da manhã.

      Por volta do meio dia eu levantei e fui tomar um banho. Parei de frente pro espelho e observei meu corpo nu. Acariciei minha barriga e me odiei por ter cogitado a ideia de matar o ser que se formava ali dentro. Eu devia está com três semanas no mínimo e quatro no máximo. Eu não lembrava direito. Minha mente estava cheia de problemas e eu não sabia o que eu ia fazer. Meu Deus, eu estava muito assustada. Eu não tinha um emprego. Dependia dos meus pais pra tudo. Como eu cuidaria de uma criança? Eu me sentia muito irresponsável. Eu havia feito tudo errado, mas naquele momento me dei conta que era tarde para arrependimentos. Agora um ser estava dentro de mim e por mais que eu quisesse expulsá-lo dali eu sabia o quão monstruoso isso era.

     Tomei meu banho e vesti um short jeans preto. Me dei conta de que em breve ele não me serviria mais e me odiei mais uma vez. Por que eu não tomei cuidado? Por que eu fui inventar de ficar com alguém antes do casamento? Por quê? Pensei nisso por um bom tempo até que mais uma vez minha mente me convenceu de que era tarde para arrependimentos. Agora eu precisava me preocupar em amar aquele feto que logo seria um bebê. Terminei de me vestir e desci as escadas. Minha mãe estava fazendo o almoço e meu pai não estava em casa.

— Cadê o papai? — perguntei para minha mãe.

— Já foi para casa. — ela respondeu sem me olhar.

— Nossa. Ele nem se despediu de mim.

— Claro, você passou a manhã inteira na cama. Ele precisava trabalhar, Evelyn.

— Eu sei...

— Vai comer alguma coisa enquanto o almoço não fica pronto.

— Não tô com fome, mãe.

— Você não está, mas o bebê precisa de nutrientes pra crescer saudável. — ela olhou para mim dessa vez.

— Mãe, para!

— Tô falando sério. Vai comer alguma coisa. Coma pelo menos uma fruta. Já conversou com o Gabriel?

— Não... Vou na casa dele mais tarde.

— Mais tarde quando?

— Quando ele sair do trabalho.

— Precisa conversar com ele logo, Evelyn.

— Depois, mãe.

— Hoje nós vamos sair pra comprar umas roupas pro seu bebê. Seu pai deixou o dinheiro. — minha mãe sorriu para mim e eu ergui a sobrancelha.

— Mãe, ainda é muito cedo e... Você não tá brava comigo?

— Ah, Evelyn. Eu sempre quis ser avó... Não nessas circunstâncias, mas sempre quis. — ela sorriu mais.

      Balancei a cabeça em negação. Não a entendia.

— Mãe, eu...

— Nós vamos, Evelyn.

— Mãe, eu não tenho nem um mês direito.

— Não importa. Nós vamos, Evelyn.

— Tá bom, mãe. — sorri, dando-me por vencida. — Nós vamos.

***

       Depois do almoço minha mãe e eu saímos para comprar as primeiras roupas do bebê. Eu não queria, na verdade eu só queria esquecer por um tempo tudo aquilo, mas minha mãe insistiu. Então às 2:30 da tarde estavámos numa loja de roupas infantis. Eu sentia vontade de chorar só de olhar para a sessão de maternidade. Meu Deus, o que eu faria com um bebê? Minha mãe ficou toda boba quando viu os vestidinhos floridos. Eu não sabia o que sentir direito, estava tudo uma confusão dentro de mim.

      Tudo aconteceu muito rápido por causa de um erro que eu cometi. Em um momento eu estava ficando com Gabriel e no outro eu estava escolhendo as roupas do meu bebê com minha mãe. Eu era o quê? Azarada? Ah, meu Deus!

      Minha mãe me mostrou um vestido rosa e eu de repente me vi em lágrimas. Era um vestido lindo. Fiquei pensando se algum dia eu iria olhar para uma roupa infantil igual minha mãe estava olhando e suspirei. Ela fez questão de comprar uns três vestidos e um sapatinho vermelho. Era tudo tão lindo. Quando voltamos para casa subi para o meu quarto e minha mãe subiu atrás.

— O que foi, Evelyn?

      Sentei na minha cama e ela sentou do meu lado.

— E se Gabriel não quiser esse filho, mãe?

— Vamos cuidar de vocês no lugar dele. — beijou o topo da minha cabeça e me abraçou.

— Tô com medo. — falei, retribuindo o abraço da minha mãe.

— Vai ficar tudo bem.

— Mãe...

— Diga.

— Eu te amo.

***

       Eu ia falar com Gabriel naquele dia, mas primeiro eu precisava falar com Pedro, afinal tudo isso começou com ele. Fui até a casa dele e o encontrei no alpendre com o celular na mão.

— Evelyn? Oi, pequena. O que faz aqui? — ele perguntou pondo o celular no bolso da calça.

— Preciso falar com você. — sorri.

— Senta aqui. — ele disse apontando para uma cadeira de balanço do lado da dele.

       Sentei onde ele indicou e sorri de novo.

— Pedro você sabe que sempre foi o meu melhor amigo, né?

— Você também sempre foi a minha melhor amiga, minha piquiruxa.

— Eu sei. — sorri e segurei a mão dele. — Eu te amo, sabe?

— Sei, princesa.

— Eu te amo muito, mas por muito tempo eu te amei mais do que como amigo. — mordi meu lábio inferior. Dizer isso era como se um peso estivesse sendo tirado de cima de mim.

      Pedro me olhou com a sobrancelha erguida.

— Sério? Por que eu nunca percebi?

— Claro que você nunca percebeu. — ri. — Você sempre foi lerdo.

      Pedro riu também.

— Por que não me disse, Lyn? A gente podia ter tentado alguma coisa.

— E o medo? Nossa, eu tinha muito medo de ser rejeitada por você.

— Eu jamais te rejeitaria, Lyn. — Pedro apertou minha mão e me olhou com um sorriso.

— Sério? — perguntei surpresa.

— Muito sério. — ele riu. — Mas agora você gosta do Gabriel, né?

— E você da Jennifer.

— Pois é. Quer um beijo? — Pedro se aproximou de mim e eu pus as mãos na frente do corpo rindo.

— Não, não. Já tô curada de você, besta.

— Besta é você. — ele riu me fazendo rir também.

      Eu estava tão distraída com Pedro que quase não vi meu celular vibrar com uma mensagem. Era de Gabriel. Uma mensagem de voz. Franzi o cenho.

— O que foi? — Pedro perguntou.

— É uma mensagem de voz do Gabriel.

— Põe pra gente ouvir seu crush.

      Sorri feito uma boba apaixonada e abri a mensagem dando play:

— Oi... — Gabriel começou dizendo no áudio. — Eu não queria te mandar essa mensagem, mas aí a Eve miou aqui nos meus pés e eu pensei nela. — suspirou. — Eu tô indo embora, Evelyn... E pra onde eu vou gatos não podem ir. Cuida da Eve pra mim? Eu te amo...

Um Toque do DestinoWhere stories live. Discover now