DOMINIC

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O barulho da boate infernal estava me deixando irritado e a loira apoiada no meu braço não estava ajudando em absolutamente nada.

Minha cabeça latejava devido as reuniões intensas na empresa e as discussões com as novas possibilidades de expansão e meu primo fodido havia conseguido me convencer que essa era a melhor forma de distração. Ele estava errado, já que no momento tudo em que eu conseguia pensar era na minha cama macia me esperando depois de uma boa dose de scotch.

A mulher ao meu lado ria de sua própria piada e forcei um meio sorriso a aparecer no meu rosto, eu podia estar cansado, mas não era mal-educado. Corro meus olhos pelo ambiente tumultuado no andar de baixo e meu corpo inteiro congelou. Não havia ar suficiente no salão. Não havia ar suficiente naquela porra de planeta. Só havia ela, os cachos escuros acompanhando o movimento do corpo esguio. O sorriso largo no rosto, como se nada além dela e a mulher a sua frente importassem.

Antes que eu pudesse me impedir, retirei gentilmente a mão da mulher ao meu lado do meu braço e gesticulei com a cabeça para Gael, meu primo, que conversava com uma ruiva animadamente. Ele concordou e voltou sua atenção para a mulher a sua frente. Revirei meus olhos. Gael era tão óbvio que eu me recusava a me surpreender. Eu não tinha nada contra encontros casuais, mas Gael era um fã de carteirinha deles - ou de qualquer coisa que fosse do sexo feminino e piscasse em sua direção.

Voltei meu foco para a mulher que agora estava virada em direção ao bar. Eu só precisava ver de perto. Apenas ver de perto, eu repetia em meu cérebro. Com três passos me posicionei em suas costas, com um bom metro de distância. Seu cabelo era volumoso, rebelde de uma forma quase adorável. Corri meus olhos por suas costas estreitas e a bunda perfeita que era marcada pelo vestido justo. Ela usava saltos altos, mas continuava muito mais baixa que eu.

Assim que ela deu dois passos em minha direção, distraída, seu peito foi de encontro ao meu e seu cheiro me atingiu. Era doce, cítrico, grave, tudo numa só combinação. A sensação do seu corpo no meu me fez quase sorrir, eu mal conseguia lembrar a última vez que eu havia me sentido a porra de um adolescente perto de uma mulher e bastou que ela erguesse os olhos castanhos amendoados para mim para que meu cérebro gritasse que eu estava fodido.

Seu rosto era a mistura mais exótica que eu já havia visto. Sua beleza não era óbvia, era um mistério - como um quebra-cabeça que precisa de todas as peças juntas para chegar à perfeição. Seus olhos eram escuros, com a sabedoria de alguém muito mais velho do que ela aparentava ser, o nariz era fino e a boca carnuda parecia um coração, pintado de vermelho.

Era tudo extremamente único, numa intensidade avassaladora. Respirei fundo. Ela usava um vestido preto justo e sem mangas, ressaltando cada curva exuberante, que fazem com que mil cenas invadam sorrateiramente minha mente. Dois corpos nus, suor, gemidos, um ou dois beijos roubados conforme eu a preencho e... Engulo a seco e a olho nos olhos. Ela está me analisando e dou um meio sorriso sacana, apesar de estar desconcertado com as batidas descompassadas dentro do meu peito. Quando ela decide falar, quase fico surpreso.

— Da próxima vez, tome mais cuidado ao parar bruscamente no caminho de alguém. – Ela fala, azeda. E eu tenho vontade de rir. A engraçadinha torce o nariz na minha direção e se não fosse sua malcriação eu teria rido. Só por isso eu não seguro as palavras na minha boca.

— Da próxima vez, pratique um pouco mais sua expressão de falso nojo no espelho antes de foder alguém com os olhos e dizer que não gostou. – Rebato, e ela parece mortificada por ter sido pega. Seu rosto adquire um tom rosado que nem as luzes artificiais conseguem disfarçar. Ela sussurra um palavrão baixo em minha direção e eu abro um sorriso completo. Ela não percebe por que já colocou as mãos delicadas em meu peito e me empurrou – ou tentou me empurrar – para fora de seu caminho. Não vou atrás dela e ela também não olha para trás. Sorrio mais uma vez, mil promessas dançam em meus pensamentos. Mas não posso ter distrações. Amanhã é um grande dia.

Respiro fundo e volto a passos lentos para onde Gael está com a ruiva e a amiga loira. Faço um sinal simples e ele entende. Se despede das duas rapidamente, prometendo ligar para a ruiva e segue em minha direção.

- Levou um chute? – Ele pergunta, ironicamente. Bufo.

- Cala boca. – Rebato, indo para a saída. Gael gargalha profundamente.

- Senhoras e senhores, temos um marco histórico. – Ele brinca. O soco com força no braço e vou para casa. Ele é um idiota e eu também. 

O UNIVERSO ENTRE NÓS  - COMPLETOWhere stories live. Discover now