DOMINIC

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Andando pela minha sala depois do expediente, eu estou xingando os quatro ventos por estar nervoso do jeito que estou. 

É ridículo pra caralho mas não posso evitar. Não sei se Júpiter vai aparecer para continuarmos o projeto, não sei se ela vai sequer falar comigo. Depois de passar a porra da noite inteira revirando cada pedaço do delicioso beijo que havíamos dado, eu me senti um verme. Ela tinha razão em me evitar. Eu estava traindo muitas promessas feitas a mim mesmo por me permitir sentir essa atração arrasadora por alguém e nós trabalhávamos juntos. Era errado em todos os níveis. Mas então porque eu estava tão preocupado se ela apareceria ou não? Pela nossa recém construída amizade? Para saber se eu havia a machucado de alguma forma? Antes que eu pudesse achar resposta para qualquer uma de minhas perguntas, três batidas firmes na porta me assustaram.

- Entre. – Eu digo, com meu tom neutro. Quando a massa de cachos castanhos e o corpo esguio com que eu tenho sonhado nos últimos tempos aparece na abertura da porta, eu quase sinto a felicidade se acomodar como uma velha amiga em meu peito. Ela veio.

- Oi. – Ela fala, claramente constrangida e tenho vontade de me dar um soco. Eu sei que minha atitude não é amigável então me forço a parecer relaxado e confortável.

- Oi, Júpiter. – Eu digo, lhe dando um meio sorriso. Seus olhos correm até minha boca e a mordida leve que ela dá em seu lábio inferior rosado quase me faz perder o controle. Ela é gostosa pra caralho e tenho certeza que nem sabe do quanto. Ela deixa a pasta na mesa de centro, onde normalmente trabalhamos e se vira em minha direção.

- Tudo bem? – Ela pergunta, e sua tentativa de soar natural é tão péssima que só a torna mais fodidamente adorável. Eu definitivamente não sou o cara que paga de bonzinho então não me importo de lhe lançar um olhar penetrante.

- Poderia estar melhor. – Eu digo simplesmente, correndo meus olhos por seu rosto, até o adorável pescoço sensível. – Você? – Eu pergunto, erguendo uma sobrancelha em sua direção. Júpiter pode ser uma gatinha assustada ou uma leoa audaciosa. Brinco para saber quem vai sair primeiro da casinha. Ela semicerra os olhos na minha direção e eu solto um sorriso.

- Estou bem. – Ela fala simplesmente. Decidido a brincar mais um pouco, passo por ela, que está tirando os saltos e mexendo os dedos dos pés e sussurro.

- Gatinha. – Eu digo e ela arregala os olhos para mim. Eu sento no sofá e tiro meu cabelo do meu rosto com as mãos. Abro nossas pastas como se tudo estivesse normal.

- Do que você me chamou? – Ela pergunta, com uma ponta de raiva.

- Gatinha. – Eu repito, com indiferença, ainda sem tirar os olhos dos papéis a minha frente.

- E que diabos isso deveria significar? – Ela pergunta, ainda parada e posso ver seus braços cruzados para mim. Eu quase sorrio.

- Quando te conheci, na sua entrevista, você como diretora... Achei que você fosse uma leoa feroz. – Eu falo, queimando seus olhos com os meus. Ela cora e eu permito que um sorriso irônico apareça. – Mas na verdade, você é só uma gatinha. Uma gatinha assustada que paga de brava de vez em quando. – Eu falo, dando de ombros, como se não ligasse muito. Júpiter parece a ponto de um colapso porque ela está respirando com força e seus olhos estão tão raivosos que se fossem uma arma, eu já estaria morto há muito tempo. Ela dá um passo em minha direção e se inclina levemente.

- Eu sou uma leoa. – Ela sibila.

- Não foi o que pareceu ontem, gatinha. – Eu provoco, cansado de ser evasivo. Júpiter não vacila nem por um segundo e eu ficaria surpreso se fosse qualquer outra pessoa, mas não ela.

O UNIVERSO ENTRE NÓS  - COMPLETOWhere stories live. Discover now