JÚPITER

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Dormindo em minha cama com Luísa ao meu lado, sou desperta pelo murmurinho que vem da sala e é assim que sei que minha mãe, Thomas e Dominic estão na casa. 

Checo o relógio em minha cabeceira e vejo que já passa de seis da manhã. Luísa dorme tranquila e sorrio. Eu era muito sortuda por tê-la. Vou até o banheiro da minha suíte e tiro minha roupa com cuidado, pronta para mais um banho. Me encaro no espelho nua, e percebo que estou acabada. Meu rosto está destruído. Engulo o choro. Me recuso a chorar por aquele homem. Estico meus ombros, orgulhosa. Eu tinha sobrevivido e estava intacta de todas as formas que importam. Eu sabia que ia continuar assustada durante um bom tempo e o trauma estaria comigo, mas eu me recusava a deixar isso me comer viva.

Entrei embaixo da água quente e respirei fundo deixando que a tensão fosse ralo abaixo. Dessa vez lavei meu corpo com cuidado, agradecendo ao universo por estar aqui. Massageei meu couro cabeludo com cuidado mas, por um erro de calculo, a espuma do shampoo escorreu para dentro de meus olhos e entrei em desespero, esfregando meu rosto com verocidade, resmungando. Como nada parecia funcionar, tateei às cegas, em busca da minha toalha, mas me surpreendi quando meus dedos tocaram uma tecido macio e uma voz aveludada ecoou pelo banheiro.

- Aqui. – Dominic falou. Agarrei a toalha e esfreguei meus olhos freneticamente, não ligando para a dor dos roxos. Ignorei o fato de que eu estava nua e ele estava ali. Eu não era pudica e tínhamos feito bem mais do que só se olhar. Além do mais, a presença dele... me acalmava.

Eu nem saberia explicar a gratidão que escorria de mim toda vez que eu olhava para esse homem irresistível de todas as formas possíveis. Eu agora o devia a minha vida, e pela forma que meu coração estava acelerado só de tê-lo por perto, eu estava enrascada.

- Obrigada. – Eu falei o olhando por detrás da toalha. – Você só me vê em situações constrangedoras. – Resmungo, com um sorriso. Dominic sorri largo e meu coração se aperta. Ele me encara de forma tão profunda que sou obrigada a fincar meus pés no chão.

- Faça isso de novo. – Ele pede, baixinho. Suas sobrancelhas unidas. Ele leva uma mão até meu rosto e acaricia o lado que não está machucado. Ele parece vulnerável.

- Fazer o quê? – Eu sussurro.

- Sorria de novo. – Ele pede, sem mexer um músculo. – Por favor. – fala, completamente sério e ele parece tão mexido que sinto vontade de sorrir de verdade. Então é isso que faço. Lhe entrego um sorriso inteiro, apoiando meu rosto em sua mão. Ele solta o ar de seus pulmões e junta suas sobrancelhas escuras.

- Obrigado. – Ele diz. – Já vi você com expressões tristes o suficientes para uma vida inteira, agora eu só quero que você sorria. – Ele fala e eu sinto um nó em minha garganta.

- É sério. – Eu falo, mudando de assunto completamente.

- O que é sério? – Ele pergunta, agora alcançando outra toalha e me enrolando com ela.

- Eu nunca, nunca – digo, com minha voz falhando – vou conseguir te agradecer por tudo que você tem feito por mim. Eu te devo a minha vida, Dominic. – falo, solenemente.

- Você não me deve nada. – Ele rebate, automaticamente. E o clima ao nosso redor parecia tão sério que fiquei agradecida quando ele acrescentou. – Talvez só algumas cervejas e muitos desenhos. – Ele brincou, me ajudando a sair do tapete. Ele apontou para o quadro grande que eu possuía dentro do banheiro, era carvão sobre tela e era apenas o contorno do corpo de uma mulher nua. Era um dos meus favoritos.

- É seu? – Ele pergunta.

- Sim. – Eu digo, passando o vestido preto simples que levei para o banheiro pelo meu corpo enquanto ele se distraia com os detalhes do desenho.

O UNIVERSO ENTRE NÓS  - COMPLETOWhere stories live. Discover now