JÚPITER

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As semanas estavam voando com a nova dinâmica da empresa e os esforços triplicados de todos os funcionários que restaram e dos novos que foram contratados, para restabelecer a Cavandes & Riviera.

Isso significava dezenas de reuniões, palestras e debates com a diretoria e os funcionários. Eu estava exausta, mas fazia tempo que eu não me sentia tão revigorada e útil a um propósito maior que eu. Minha relação com Dominic era estritamente profissional, e por mais que me doesse um pouco admitir, ele era bom no que fazia. Estava cumprindo todas as promessas que havia feito para os funcionários e até mais. Ele estava dando voz e considerando a opinião de todos, sem um pingo de narcisismo. Era impossível não o admirar e entender como a Riviera tinha se tornado no que era. Hoje eu daria uma palestra sobre meu plano de ação para que meu departamento e os outros voltassem a ter 85% de produtividade rendidos e eu estava tão animada que havia decidido caprichar no meu visual.

Eu usava um vestido branco com decote em V que deixava meus seios bonitos, e que abraçava minhas curvas chegando até meus joelhos. Escolhi um salto de tiras nude que alongava minhas pernas e batom vermelho nos meus lábios carnudos. Deixei meus cachos soltos e espalhados pelos meus ombros e assim, eu estava pronta.

Como ainda faltavam vinte minutos para o início da palestra, decidi ir até a sala de reuniões e preparar meu computador e os slides que havia preparado uma semana antes. Alcancei meus papéis, celular e computador e fui andando até a sala em que me apresentaria. As cadeiras ainda estavam vazias e me apressei em distribuir na mesa os papéis com gráficos e resumos dos tópicos debatidos. Conectei meu computador ao sistema e a imagem da minha área de trabalho apareceu no fundo branco gigante a minha frente. Olhei para a imagem e dei um sorriso gigante.

Era uma foto minha com Thomas, meu ex-namorado da adolescência e Firenze, sua sobrinha e minha afilhada, em Florença. Eu gostava de mudar meu papel de parede e na semana anterior Thomas havia me mandado essa foto de quando ainda estávamos na Itália e Firenze ainda era apenas um bebê. Essa foto me fazia sorrir. Firenze agora tinha sete anos, nós nos falávamos toda semana por Skype e eu a visitava em todas as minhas férias. Perdida em pensamentos, mal percebi a presença que encarava meu rosto perdido em sorrisos.

- Família bonita. - Uma voz grossa falou, com uma leve irritação. O susto que tomei foi tão grande que mal pude evitar exclamar.

- Figlio di puttana! - eu gritei, arregalando os olhos e cobrindo minha boca com as mãos ao perceber do que eu havia acabado de chamar meu chefe de um nome terrível.

- Eu posso te garantir que minha mãe não é nada disso. - Dominic disse com a voz em tom de zombaria, porém o seu rosto continuava sério e parecia analisar cada movimento que eu fazia como um felino. Minhas bochechas queimavam tanto que eu nem tinha como esconder.

- Meu Deus, senhor Riviera, me perdoe. - Eu disse, cobrindo meu rosto com as mãos. - Você me assustou e eu tendo a xingar quando tomo sustos. - expliquei, esperando soar verdadeira. Dominic continuou me analisando, e corri meus olhos rapidamente por seu terno bem cortado e seus cabelos rebeldes. O desgraçado era mesmo lindo.

- Está tudo bem. - Ele disse, finalmente, olhando para outro canto da sala. - Foi bom ser xingado em italiano para variar. - Ele brincou, ou tentou brincar, eu não tinha certeza.

- E você costuma ser xingado em outras línguas? - Perguntei e me arrependi no mesmo momento, pois seus olhos voltaram aos meus como um falcão. E então eu entendi do que ele falava. Eu já o havia xingado antes, em português, na balada. Meu rosto voltou a ficar vermelho mais uma vez e respirei fundo. Eu não podia me intimidar desse jeito.

O UNIVERSO ENTRE NÓS  - COMPLETOWhere stories live. Discover now