JÚPITER

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Eu queria matar Dominic.

Eu queria matar meus pais.

Eu queria matar Luísa.

Eu queria matar todos que estavam a minha volta.

Os hormônios da gravidez estavam me enlouquecendo, e a combinação da atenção desacerbada da minha família, a gravidez, a distância de Dominic e, principalmente, a falta de sexo, estavam me deixando fodidamente furiosa.

Todos estavam tentando me proteger até mesmo de respirar.

Eu não aguentava mais.

Não aguentava ficar longe de Dominic e de sua superproteção ridícula, não aguentava mais toda essa situação.

Em compensação, eu estava além de feliz pelo meu bebê, assim como toda minha família. Eu sabia que tinha que contar para Dominic  sobre a gravidez, mas esperava que ele fosse cair em si e não entrar no mesmo ciclo de culpa outra vez. Aparentemente, eu estava errada.

Os Golveia e Eva seguiam presos, e isso me aliviava. Há uma semana eu não tinha pesadelos, e fazia terapia duas vezes por semana, para me ajudar a lidar com o trauma. Estava sendo difícil, relembrar tudo, mas estava valendo a pena. Eu sentia que estava voltando a ser eu mesma novamente.

Luísa e Thomas vinham me visitar todos os dias, e apesar de amar meus pais e Maria Amélia, eu não via a hora de voltar pra casa.

- Jú! – Chamou Luísa, me tirando dos meus devaneios. – Você poderia pelo menos fingir que está me escutando. – Ela diz, birrenta, me dando língua. Estamos deitadas no meu antigo quarto e ela tagarelava sobre seu encontro esquisito com Gael. Outro que também vinha me visitar quase todos os dias e se desculpava pelo primo pelo menos 10 vezes.

- Desculpe, Lu. – Eu peço. – Só tem coisa demais na minha cabeça ultimamente.

- Eu sei, meu bem. – Ela diz, estalando um beijo na minha bochecha, mas vai dar tudo certo. Prometo. – Ela continua. – Dominic vai cair em si e parar de ser um cuzão, vocês vão se casar, ter o mini-Dom e serem felizes para sempre. – Ela brinca, mas não consigo sorrir. Na verdade, a imagem só me faz chorar. Eu precisava daquele bastardo. Principalmente agora. E num surto de fúria, me levantei da cama.

- Se troca. – Eu digo, abrindo meu guarda-roupa, pegando um vestido solto pra mim e jogando outro para Luísa.

- Onde nós vamos? – Ela pergunta, já tirando a blusa do pijama pela cabeça, e eu sorrio. Era por isso que ela era minha melhor amiga. Sem questionamentos, sem dúvidas, só fé cega na outra. Termino de me vestir também, calço o primeiro sapato que vejo pela frente, faço um rabo de cavalo e alcanço minha bolsa. Meus pais saíram para uma consulta e tenho que aproveitar que terei algumas horas livres. Alcanço a maçaneta, com Luísa ao meu encalço e olho no fundo dos seus olhos.

- Vamos chutar a bunda do Dominic. – Eu digo e Luísa abre um sorriso mortal.

- É por isso que eu te amo. – Ela diz, e eu rio, descendo as escadas.

A viagem até seu prédio é rápida pela falta de trânsito, e assim que estaciono numa vaga rara disponível, sinto minhas mãos tremerem. Respiro fundo três vezes e me obrigo a sair do carro, sendo seguida por Luísa.

- Vamos colocar um pouco de juízo naquela cabeça bonita. – Ela diz, empurrando o portão, assim que o porteiro me reconhece. Sei que ele não vai anunciar minha presença para Dominic porque tenho acesso livre, e agradeço por isso. Quero pegar o bastardo desprevenido. Beijá-lo e depois chutar sua cara. Luísa gargalha, olhando meu reflexo no espelho do elevador.

O UNIVERSO ENTRE NÓS  - COMPLETOWhere stories live. Discover now