Capítulo 30

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- O que? - Eu nem sabia o que falar!

- Ele teve uma parada cardíaca, e como estava muito frágil, não resistiu. - Ele ouvia o choro de Amanda do outro lado da linha.

- Droga! - Foi tudo o que eu consegui falar!

- Avise Angel, nós iremos ao hospital, reconhecer o corpo e providenciar o funeral. - Amanda chorou mais alto. Ouvir Amanda chorar já era dolorido, imagine Angel...

- Deixe toda a despesa por minha conta. Eu faço questão de arcar com tudo.

- Não, a gente divide...

- Não! Eu pago!

- A gente conversa mais tarde! Estou indo agora!

- Vou avisar Angel.

#Ligação Off

Olhou sua menina dormindo linda e graciosa. Como eu vou dar essa notícia à ela?  O mundo dela estava caindo! Dezoito anos e órfã!

Eu tive vontade de protegê-la ainda mais, mas sabia que eu não podia sofrer essa dor por ela. Primeiro a mãe e um ano depois o pai... era sofrimento demais para alguém que mal tinha começado a vida.

Passei a mão em seu cabelo, ela se mexeu, continuei brincando com seus cabelos até que ela abriu aqueles olhos azuis que tanto me fascinavam. Deu um leve sorriso.

- Eu tive um sonho estranho ...

Meu coração gelou! Seria pressentimento?

- Como foi gatinha? - Eu precisava ser forte. Ela me olhou, parecia confusa.

- Não lembro bem, mas era com mamãe e papai... meu coração ficou apertado... - Ela limpou uma lágrima no canto do olho direito.
Eu estava destruído.

- Talvez eles tenham se encontrado, já ouviu falar em almas gêmeas? Elas nunca conseguem se separar por muito tempo...

Ela me olhou sem entender...

- O que vc quer dizer? - Ela arregalou os olhos quando a ficha começou a cair...

- Seu pai descansou meu anjo...

- Não... mentira.... é um trote! - As lágrimas vinham com muita intensidade sem que ela fizesse força.

Eu a abracei e ela soluçava nos meus braços, como eu queria poder dividir aquela dor com ela. Na verdade eu estava sofrendo ao vê-la sofrer.

#Angel

Meu pai e minha mãe corriam num lugar muito bonito. Eles sorriram felizes e eu os olhava sem entender. Ele rodopiava minha mãe! Que amor lindo eles sentem! Amamos vocês nossas princesas!  Eu estou bem, eu estou muito bem... O pai falava!

Sentiu Jack acorda-la... ela acordou e olhou aquele rosto lindo.

Ele estava estranho... tempo depois ela soube o porquê! Era a segunda dor maior que ela tinha sentido. Perdeu a mãe, agora o pai... eu não tinha ninguém mais no mundo! Era dilacerante se sentir sozinha!

Jack foi seu apoio, seu ombro amigo, um verdadeiro parceiro. Ele a levou para o banheiro, ela deixou a água lavar todas as lágrimas de seu rosto. Ele permanecia calado, apenas a amparando nesse momento de dor.

Depois do banho ela conseguia nem se vestir, ficou parada, apática

- Angel, eu posso imaginar como está sendo difícil pra vc, mas a sua irmã também precisa de você. - Ela assentiu com a cabeça e vestiu as roupas que ele lhe deu.

Penteou os cabelos, ela fazia as coisas tão automaticamente, parecia que seu espírito não estava em seu corpo.

Não quis comer ou tomar nada. Jack insistiu. Mas nada passava. Eu estava muda, mergulhada na minha tristeza.

O trânsito estava calmo nas primeiras horas da manhã, não demoramos muito, chegamos ao hospital. Jack falava com Adans ao telefone, mas eu apenas ouvia, mas não entendia nada.

Ele me encaminhou até o consultório do namorado da irmã. Ela estava sentada, muito abatida e chorando. Quando a viu entrar, ela levantou e me abraçou.

Agora era apenas elas duas, apenas elas...

- Já fizeram o reconhecimento? - Jack perguntou.

- Sim, Amanda fez e já assinou os papéis. Ela quer que impai seja enterrado ao lado da mãe em Los Angeles.

- Eu também quero! Eu tenho com pagar...
- Eu falei mas fui interrompida por Jack.

- Eu arcarei com as despesas!

- Não Jack!

- Nenhum de nós arcará com nada. O dr. Parker já está providenciando tudo.

Dr Parker sempre foi um bom homem comigo e com a minha família. Coloquei as mãos no rosto e chorei, chorei tudo demovo, quando essa dor ia diminuir. Por que nós tínhamos que por isso?

Jack e Adans ficaram conosco, não nos largaram nenhum momento. Embarcamos para Los Angeles no avião dos Parker, a viagem foi rápida, Jack já tinha mandado arrumar, limpar nossa casa. Quando chegamos, uma equipe estava terminando toda a faxina na casa. Eu e Amanda fomos para o quarto do papai arrumar documentação e olhar as fotos...

Como éramos felizes, a nossa família que a pouco tempo atrás era um modelo de amor, agora não existia mais, daqui há mais tempo Amanda casaria com Adans e eu ficaria sozinha...

Um choro de angústia e desespero tomou conta de mim, eu não queria ficar sozinha no mundo... comecei a passar mal, Adans veio rapidamente e me medicou. Apaguei...

#Jack

Vê-la sofrer era algo que cortava meu coração. Ela passou mal ao entrar no quarto dos pais. Adans foi rápido ao medica-la, ela dormiu. O corpo chegaria apenas no outro dia.

Coloquei-a no quarto dela, deixei-a descansar.
Amanda recebia alguns amigos e parentes em casa.

No outro dia Angel estava apática, talvez o efeito do remédio ainda estava em seu organismo.

- Você não deu um remédio forte demais para Angel? - Perguntei à Adans

- Não, ela apenas não está querendo reagir. É a mais nova, ficou órfã, está com medo de ficar sozinha no mundo. - Adans falou

- Eu estou aqui, eu não a deixei sozinha! - Falei enfático.

- Até quando? Até quando Jack? - Ele falou me encarando e saiu.

Até sempre, eu não conseguia me imaginar longe dela. Angel passou o velório inteiro sentado em uma cadeira próximo ao corpo do pai,mas não se aproximou em nenhum momento.

Ao ser indagada pela irmã, ela respondeu:

- Quero me lembrar dele com vida! Dele e da mamãe, e não quero vê-los mortos...

Faria tudo para que ela não passasse pelo o que está passando.

O dia do enterro chegou, o cemitério estava cheio, enquanto eu falava com meu pai, o moleque dos Batutti se aproximou de Angel e fez o papel de apoio que ela precisava. Eu fui para tirá-lo de lá, mas fui impedido pelo meu pai.

- Não faça isso. Ela precisa de apoio e não de escândalo!

- Ela é minha!

- Ela não é sua propriedade, respeite o momento de dor. Ela vai precisar de muito apoio depois que sair daqui.

Meu pai mais uma vez tinha razão. Mas o meu lado possessivo e dominador não admitia aquele fedelho abraçando minha gatinha. Que estava tão vulnerável, a imagem dela cortou algo que eu julgava não ter... o meu coração...

Amantes na noite (Lovers at night)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora