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Josh

- Um mês! – tia Susan suspirou ao sentar no sofá de casa. Meu pai deu á ela uma taça de vinho tinto, fez o mesmo com minha mãe – Um mês e ela não melhorou em nada, não evoluiu... Ela nem saiu do quarto!
- Susan, a perda que Stella sofreu só não é pior que as dos pais do Mike – meu pai tomava seu conhaque calmamente, enquanto eu tinha que me contentar com uma Coca-Cola – Ela fazia planos de se casar com o rapaz, de construir uma família com ele...
- Fazia? – me ouvi perguntando, sem saber de onde aquilo tinha saído – Nenhum dos dois nunca me falou nada sobre isso.
- Eles não tinham que falar de tudo para ou com você, Joshua – meu pai respondeu seco – Era óbvio que depois de quatro anos de namoro eles fizessem planos...
- Mike sempre disse que não se casaria – continuei como se não tivesse sido interrompido – E tia Susan? Me corrija se eu estiver errado, mas a Donnie não acredita nessa baboseira de "até que a morte nos separe" desde o momento que o pai dela abandonou vocês duas por aquela mulher.
- Joshua Ashmore! – meus pais disseram ao mesmo tempo. Eu os teria parabenizado pela sincronia se não soubesse que corria risco de levar uma sapatada ou uma bandeja de prata na cabeça.
- Desculpe, tia Susan – comecei a me desculpar por ser um sem educação, mas a mãe da Donnie me interrompeu.
- Não se preocupe Josh. Tess e Charles, o filho de vocês tem toda razão... Stella se preocupa por outro motivo... Antes de o Michael morrer, ela me disse que... O que eu quero dizer é que ela não quer superar, é como se minha filha se culpasse pela morte do namorado.
- Se culpasse? Como assim? – quase engasguei com a Coca ao ouvir aquilo.
- Eu não sei, querido – tia Susan parecia tão cansada – Mas o jeito que ela tem agido... Eu conversei com um amigo que é psiquiatra e ele disse a Donnie começaria a apresentar progressos depois de três ou quatro semanas, mas ela não sai do quarto nem pra comer! Ela se recusou a ir á missa de sétimo dia e á de um mês. Ela não conversa comigo, ela não come, ela só toma banho porque eu a obrigo, se não ela só fica deitada olhando pro nada e só se acalma pra valer depois de muito chorar no meio da madrugada... Eu não sei mais o que fazer!
- Donnie é uma garota forte, ela vai superar logo – minha mãe segurou uma das mãos da amiga e sorriu de um jeito amoroso – E nós estaremos aqui pra ajudar em tudo o que vocês precisarem. Certo?
- Pode apostar! – meu pai também sorriu e então os três adultos olharam para mim.
- Josh, você tem sido um anjo, eu não sei o que seria de nós sem você – a mãe da Donnie estava com os olhos cheios de lágrimas e eu me senti constrangido, se ela ao menos soubesse que eu estava longe de ser um anjo – Eu só consigo ir trabalhar em paz porque sei que você vai cuidar da minha menininha enquanto eu estiver longe.
- Imagina, tia Susan – sorri sem graça – Conheço a Donnie minha vida toda, é como se fosse da família. É meio que meu dever cuidar dela.

Donnie

Minha mãe realmente achava que eu ia me consultar com um de seus "amigos conselheiros"? Eu não precisava de um psicólogo! Eu precisava de... Tempo! Para me ajustar a nova realidade. Uma realidade na qual Michael não fazia parte... Ah, merda! Estava chorando de novo!

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