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Donnie

- Nesse ritmo a gente não vai chegar ao meu quarto nunca – comentei enquanto Josh recolhia sua camiseta e minha calcinha do chão do corredor.
- A gente poderia ter começado pela cozinha então – ele sorriu feito um bobo e eu revirei os olhos – Eu teria te tocado primeiro lá, depois te chupado na sala, dai daria a atenção que seus peitos merecem aqui no corredor e te chuparia mais um pouco na sua cama.
- Eu não fazia ideia de que você era um ninfomaníaco – comentei rindo sem olhar pra trás ao seguir pelo corredor até meu quarto e acender a luz.
- Nem eu, descobri isso hoje – virei para olha-lo dar de ombros e fazer cara de inocente.
- Então a culpa é minha por despertar esse seu lado? – ele trancou a porta enquanto eu ia até a janela para fechar a cortina, bloqueando o brilho da lua.
- Totalmente! De hoje em diante eu vou te seguir pra todos os lugares, serei seu escravo sexual, à sua disposição para te dar prazer quando você bem entender – Josh falava serio me encarando até um sorriso começar a surgir em seu rosto e logo uma gargalhada deliciosa sair de sua boca.
- Você é muito idiota – acompanhei a risada e então parei no meio do quarto – Eu não sei o que fazer.
- Como assim? – ele estava encostado na poltrona perto da janela, ainda sem camiseta, calça de moletom úmida na parte da frente e descalço.
- Eu tô me sentindo toda grudenta, mas não faz sentido tomar banho se vamos ficar ainda mais suados daqui a pouco – disse sem filtro e ele só olhou fazendo uma carinha confusa – Que foi?
- É estranho ouvir esses seus comentários sobre a gente transar saindo tão naturalmente depois de semanas tentando somente te beijar – o olhei assustada e parei o movimento de juntar meus cabelos num coque na metade.
- Como assim semanas tentando me beijar? – ele sorriu parecendo tímido pela confissão – Pode explicar isso direito, Ashmore. O fim de semana na Grace não foi a primeira vez que você quis me beijar?
- Claro que não, Donnie – ele acompanhou com os olhos todos os meus movimentos ao terminar de prender os cabelos num coque alto e ligar o ar condicionado, como se tudo fosse fascinante – Desde aquele selinho aqui na sua cama, eu penso em você o tempo todo. Não, acho que antes disso eu já pensava em você numa frequência fora do normal, mas ai veio o selinho e minha nossa, Donnie, eu não parei de pensar em você um minuto sequer.
- É sério? Não foi um selinho por acaso? – eu sempre achei que havia sido no calor do momento após o susto de eu ter quase morrido, nunca imaginei que ele pudesse ter querido isso antes. Josh desencostou da poltrona e veio lentamente em minha direção, me olhando diretamente nos olhos.
- Acaso? – ele segurou meu rosto com ambas às mãos e encostou a testa na minha, o abracei pela cintura e ele continuou a falar baixinho – Donnie, você acha que eu me apaixonei por você da noite pro dia? Eu nunca teria me declarado na casa da tia Grace senão tivesse completa certeza dos meus sentimentos por você, não te envolveria numa situação incerta. Aquele selinho foi meu primeiro momento de coragem, na verdade, de desespero. Quando eu percebi que poderia ter perdido você naquele dia sem que você soubesse o quanto era importante pra mim, eu fiquei louco! Até seu acidente, eu evitava definir meus sentimentos por você, eu tinha medo de colocar nome naquilo. Mas ai eu te achei inconsciente no chão da sala e tudo mudou. Quando você acordou e eu soube que ficaria bem, eu percebi que precisava te contar, te mostrar o que eu sentia. Mas você estava tão frágil que eu não podia falar nada, então não pensei muito e fiz a única coisa que podia para te mostrar um pouco do turbilhão de sentimentos que você causava em mim, então eu te dei aquele selinho.
- Josh – suspirei baixinho, sentindo o coração inchado de tanto amor por aquele rapaz lindo que se declarava pra mim sem filtro ou floreios.
- Até o jeito que você fala meu nome... – ele fechou os olhos com força respirando fundo – Eu percebi que não tenho sentimento de amigo por você há certo tempo, mesmo na época em que eu não devia – ele ainda falava de olhos fechados e eu entendi que ele se referia à época em que Michael ainda estava vivo e eu era sua namorada – Eu fazia de tudo para evitar pensar nisso, achando que era uma atração boba que passaria com o tempo... Mas Donnie, ela só se intensificou! Quando percebi, eu me vi viciado em acordar abraçado com você, que a melhor parte do meu dia era acordar e ver você dormindo nos meus braços, eu até passei a gostar mais da sua cama do que da minha! – ele abriu os olhos, ainda me olhando de perto com a testa contra a minha, e sorriu – Eu pareço um idiota quando sinto seu cheiro em mim, sério, se eu acho alguma camiseta com seu perfume, eu fico maluco.
- É mútuo – minha voz saiu falha devido ao bolo que havia se formado em minha garganta durante o discurso de Josh.
- Sério? – ele sorriu mais ainda e me deu um selinho ao me ver concordar – Eu fico preocupado por estar apressando as coisas, sabe? Quando tô aqui com você, eu entro em piloto automático, mas quando vou pra casa e paro pra pensar, fico apreensivo de estar te pressionando de alguma forma, como se estivesse te privando de um período de flerte, de sessões intermináveis de preliminares, de encontros de verdade...
- Josh, Josh! Não segue esse raciocínio – o interrompi, apertando meus braços ao redor de sua cintura - A gente se conhece literalmente a minha vida toda, não é como se tivéssemos que passar por todos esses estágios que você citou pra nos acostumarmos um com o outro. Você não tá me pressionando e nem privando de nada. Eu tô adorando cada segundo dessa nossa nova fase. Achei que fosse me sentir estranha por ter Joshua Ashmore, meu amigo da vida toda, me vendo pelada e fazendo coisas estando os dois pelados – ambos rimos – Mas eu não sinto nenhuma estranheza. Pelo contrario, eu passei a ansiar esses momentos, mas eu também anseio pelos momentos em que a gente só fica quietinho, sentindo a presença um do outro... Eu sinto sua falta o tempo todo que você não tá por perto.
- Eu também – ele devolveu a confissão e me deu outro selinho, só que mais forte e mais demorado – Vamos tomar um banho, você tá grudando mesmo.
- E a culpa é de quem? – ele riu ao ver minha cara de abismada pelo comentário e me puxou para o banheiro. Entre brincadeiras e risadas, tiramos nossas roupas e entramos no box, ficando ambos de lado para o jato quente d'água.
- Uma pena esse seu banheiro ser pequeno assim – Josh demonstrou ao não conseguir esticar ambos os braços dentro do confinamento do box de vidro fumê.
- A gente não ia fazer nada aqui mesmo – respondi de olhos fechados ao lavar meu rosto, então senti ambas as mãos de Josh me puxarem pela cintura e juntar nossos corpos – É sério, você não viu no jornal na semana passada aquela mulher que quase quebrou o pescoço num motel em Manchester enquanto transava com o chefe no banheiro?
- Eu vi! – ele passou a mover as mãos da minha cintura para as costas de forma lenta – O marido descobriu porque ela teve de ser levada pro hospital de helicóptero, não foi?
- Exatamente – coloquei minhas mãos em seu peito e o empurrei levemente para trás – Então acho bom o senhor parar com essa graça e só tomar banho mesmo.
- Ah Donnie – ele fez bico e aproximou novamente, só que dessa vez me abraçou pelos ombros com os dois braços e me puxou para seu peito, me deixando de costas pro chuveiro e assim o jato d'água cair a partir da minha nuca – Então fecha os olhos e fica aqui um pouquinho.
- Se eu sentir algo se movendo ai embaixo eu vou te bater – fiz o que ele pediu e ele riu do meu comentário.
- Eu já não o controlo normalmente, você acha que ele vai me obedecer tendo você pelada, num chuveiro e grudada em mim? Sem chances! – desencostei o rosto de seu peito para levantar a cabeça e vê-lo de olhos fechados com uma expressão relaxada. Voltei a encostar o rosto em seu peito, só que dessa vez do lado esquerdo e ouvi seus batimentos acelerarem ao dizer a frase seguinte – Ele se empolga só de estar perto de você, mas ele entende que tem momentos que são pro coração e não pra ele. Agora é um desses, eu tô registrando essa sensação.
- Eu também. Nunca me senti tão próxima e intima de alguém quanto agora – confessei baixinho, sempre evitando falar o nome de Michael, mas sabendo que ele entendia – Momentos como esses fazem meu coração inchar de tanta felicidade que parece até ser errado.
- Ser feliz não é errado, Donnie – Josh me abraçou mais apertado e nos deixou de lado para o chuveiro, molhando nossos corpos de forma igual – Nós estamos vivos e apaixonados, não tem nada de errado nisso.
- Promete? – o olhei sentindo a água molhar meus cabelos que ainda estavam em coque. Ele segurou meu rosto com as duas mãos e me encarou por algum tempo antes de responder.
- É claro que eu prometo, não tem como isso que a gente tá sentindo ser errado, Donnie, é bonito demais pra ser errado – ele então me deu outro selinho, sempre parecendo se conter em não aprofundar ou esquentar as coisas – Agora vamos acabar esse banho que sua mãe vai ficar possessa quando receber a conta de água.
- Ela nem vai ligar se souber que foi você quem gastou tudo isso de água – revirei os olhos e voltei a abraça-lo pela cintura, mas ainda o olhando nos olhos, vendo-o sorrir por meu comentário.
- A tia Susan me ama – disse convencido.
- Eu amo mais – falei sem pensar e nós dois nos assustamos com a declaração. Vi Josh engolir em seco e seu coração disparar contra meus seios, mas poderia ser meu próprio coração, eu não saberia diferenciar. Nos encaramos com olhos arregalados e a respiração descompassada por algum tempo.
- Donnie – sua voz falhou e ele precisou pigarrear para limpar a garganta – Se você não falou nesse sentido, tudo bem... Se foi só jeito de falar, ou...
- Eu amo você – disse de novo, percebendo que os segundos de pânico me serviram para assentar a informação dentro de mim e entender que eu realmente me sentia daquela forma. Ver Josh sem conseguir formar uma frase em meio à clara emoção em seus olhos me fez ter mais certeza ainda.
- Não me diz isso senão for verdade – ele disse num sussurro com a testa franzida, como se sentisse dor ao engolir em seco mais uma vez – Você pode tomar essas palavras de volta e eu vou fingir que não as ouvi, mas Donnie, por favor, não diz isso a menos que seja realmente como se sente.
- Josh – o chamei quando ele fechou os olhos, ainda parecendo sofrer, e ele não os abriu – Olha pra mim, por favor.
- Eu não sei se consigo – sussurrou. Soltei seu cintura e foi minha vez de segurar seu rosto com ambas as mãos, não antes de afastar os cabelos molhados de seus olhos. Seus braços haviam ficado frouxos, caídos nas laterais de seu corpo.
- Eu preciso que você me olhe, por favor – eu me sentia estranhamente calma ao esperar que ele o fizesse.
- Por favor, Donnie, por favor – ele tentou se afastar lentamente, agora olhando para o chão, mas eu não o deixei se afastar, nem mesmo quando ele segurou meus pulsos – Vamos voltar pro quarto e fingir que essa parte da conversa nunca aconteceu, ok?
- Chatinho, olha pra mim – chamei num sussurro e movi os polegares levemente por suas bochechas. Ele finalmente o fez e meu coração pulou um batimento quando vi o amor e desespero estampado em suas íris azuis – A gente pode voltar pro quarto e esquecer essa conversa, mas eu vou continuar te amando. Eu entendo que tá um pouco cedo pra falar isso, mas eu amo você.
- Como... Como você pode estar tão calma ao me dizer isso? – ele parecia ter dificuldade em respirar, ainda segurando meus pulsos, fazendo uma carinha linda de confuso – Eu achei que levaria anos pra você se sentir pronta pra me dizer isso, ou que nunca falaria, que só conseguiria dizer pro seu próximo namorado.
- Eu tô calma porque é você, sempre foi você – e era verdade. Ignorei o absurdo sobre próximo namorado.
- Tem certeza? – ele perguntou mais uma vez, só que agora com um sorriso se abrindo em seu rosto, que só aumentou ao me ver concordar com a cabeça. Josh então se aproximou novamente e me abraçou apertado pela cintura, escondendo o rosto contra meu pescoço, nos fazendo ficar exatamente debaixo do chuveiro, que imediatamente molhou nossos cabelos e corpos. O abracei apertado pelo pescoço quando minhas pernas fraquejaram e senti nossos corações dispararem ainda mais no momento em que Josh passou a sussurrar contra minha pele – Eu te amo, eu te amo, eu te amo...
- Tem certeza? – foi minha vez de perguntar, sem acreditar que uma pessoa tão incrível quanto Josh pudesse gostar de alguém quebrada como eu.
- Você realmente ainda não percebeu? – ele tirou seu cabelo do rosto e usou as duas mãos para soltar meu cabelo completamente molhado do coque. Ao conseguir, afastou as mechas para trás e levantou meu rosto para me encarar, me fazendo ofegar pela quantidade de amor que vi em seus olhos, me fazendo sorrir – Percebeu agora, né? Eu amo você, Donna Stella.
- Ah, eu odiava esse apelido – nós rimos com a lembrança – Quando na vida eu imaginaria estar fazendo juras de amor ao peste do Josh Ashmore que me apelidou em homenagem ao Donatello das Tartarugas Ninjas?
- Você é a Stella dos outros, mas é a minha Donnie, sempre foi– ainda rindo ele me beijou.

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