+ 327 dias

694 18 25
                                    

Donnie

- Por favor, vamos! – ele insistiu e eu suspirei.
- Josh, eu não vejo esse pessoal há um ano, não sei se estou preparada para isso e logo numa festa – repeti o motivo e ele fez bico.
- Donnie, por favor, todo mundo pergunta por você, estão com saudade! – estávamos nesse impasse há pelo menos dez minutos na sala da casa dos Ashmore enquanto Dex jogava videogame entre a gente.
- Vou ser honesta aqui, estou com vergonha, ok? – confessei e ele fez sinal sobre a cabeça do irmãozinho, indicando nós dois, como questionando se a vergonha era do nosso relacionamento – Não, não é por isso. Mas tem haver, sabe? Eu era a idiota iludida pelo Michael, que se isolou por um ano e de repente volto com você – dei ênfase ao final da frase e ele entendeu.
- Ninguém precisa saber! Eu só quero sua companhia – ele devia saber que me quebrava com aquela carinha, os olhos azuis brilhavam ao implorar – Por favor! É aniversário do Stu, ele está me pedindo para te levar há semanas.
- Ele quer é garantir que a Summer vá, isso sim – eu ainda não havia conseguido marcar o encontro deles, mas estava prestes a convencer minha amiga.
- Para com isso, ele te adora independente dos sentimentos que tem pela Kane e você sabe – tive que concordar, o segundo melhor amigo do Josh sempre foi um fofo comigo.
- Donnie, aceita logo porque eu não aguento mais o Josh choramingando no meu ouvido! – Dex reclamou e eu ri da cara de indignação que o irmão mais velho fez – Eu não consigo passar essa fase de tanto que ele fala.
- Ei, moleque, me respeita! – Josh deu um tapa na cabeça do menor e eu logo dei um em sua própria cabeça – Ei! O que é isso?
- Bate nele que eu bato em você – expliquei e seu queixo caiu.
- Como assim?
- Donnie, você é a melhor – a criança pausou o jogo para me abraçar, fazendo a cara de choque de Josh se agravar.
- Que porra de complô é esse aqui? – bati nele mais uma vez pelo palavrão e Dex riu alto, zombando do mais velho – Donnie, você é minha na...
- Sua amiga – corrigi rápido, vendo os olhos de Josh se arregalarem pelo deslize – Mas sou a melhor amiga do Dex, certo?
- É... – o pequeno me lançou um olhar de culpa e foi a vez do meu queixo cair.
- Pode se explicar agorinha mesmo, senhor Dexter Ashmore! Quem roubou meu lugar?
- Você ainda é minha melhor amiga, mas agora eu tenho outra melhor amiga também – mesmo não sendo irmãos de sangue, ele parecia muito Josh nos trejeitos e expressões que chegava a ser assustador – Lembra da Penny? Neta da amiga da mamãe?
- Ela é da sua nova escola também, não é? – ele concordou e eu lembrei da menininha que minha madrinha dizia ser um doce, filha de uma brasileira com um dos meninos do McFly, aparentemente Dex era encantado pela nova amiguinha.
- Ela é legal, Donnie, não precisa ter ciúme – me garantiu com uma cara tão fofa que eu tive que morder sua bochecha.
- Nossa, quem tá ficando com ciúme sou eu – Josh resmungou emburrado – Ninguém quer ser meu melhor amigo.
- Você é meu terceiro melhor amigo – informei rindo – Logo depois do Dex e da Summer.
- Você também é meu terceiro melhor amigo, Josh – Dexter entrou na onda – Logo depois da Donnie e da Penny. Mas é meu irmão favorito.
- Sou seu único irmão, seu palhaço – mostrou língua para o pequeno, ainda de cara amarrada.
- Você é meu Josh favorito – emendei e ele revirou os olhos ao passo que Dex riu alto.
- Eu sou o único Josh que você conhece, Stella – ele tentou se fazer de bravo de verdade ao usar meu nome e eu me debrucei sobre Dex para alcança-lo e dessa vez morder sua bochecha como havia feito com o menor.
- Aí que você se engana, chatinho, conheço mais dois Joshs, mas você é meu favorito – o lambi e ele soltou uma exclamação extremamente falsa de nojo e limpou a bochecha, logo se levantando do sofá.
- Bom, então fiquem ai, melhores amigos, que eu vou pro meu quarto – e subiu as escadas sem olhar para trás, mas eu sabia que estava brincando.
- Só por esse chilique, o que acha de vermos Homem Aranha no Aranhaverso sem ele? – propus e Dex concordou imediatamente.
- Vamos, ele vai se arrepender de não ter ficado aqui – o pequeno Ashmore logo achou o filme pelo controle remoto e deu play... Para então dormir com a cabeça no meu colo menos de meia hora depois. Pausei o filme, consegui sair sem acorda-lo e fui até a cozinha ver o que tinha na geladeira e pensar no que faria de jantar para os meninos, já que tio Charles e minha madrinha estavam visitando amigos em Whyteleafe e chegariam tarde.
- Então quer dizer que a única coisa que tenho o primeiro lugar na sua vida é no quesito Joshs que você conhece? – a voz dele me atingiu no exato momento que o senti me abraçando por trás, logo apertando minha cintura com os braços e enfiando o nariz contra meu pescoço e respirando fundo. Minhas pernas tremeram instantaneamente, como sempre acontecia na presença de Josh.
- Hum, eu não podia dizer as outras coisas na frente do Dex – fechei os olhos e me aconcheguei em seus braços.
- Ah é? – ele beijou meu pescoço e me virou para nos olharmos nos olhos – Quais outras coisas?
- Além de ser meu terceiro melhor amigo, você é meu primeiro Josh e... – ele me fez dar algum passos para trás, sem soltar do abraço, até que eu encostasse no balcão da pia – Você foi meu primeiro amigo menino.
- Eu fui seu primeiro amigo na vida, Donnie – ele corrigiu e me deu um selinho, afrouxando um pouco o abraço e segurando minha cintura com as duas mãos.
- Só porque eu não tive opção – completei e ele estreitou os olhos, me fazendo rir e morder seu lábio inferior de leve para logo passar a língua num pedido mudo de desculpas – Você é a primeira pessoa que me vem em mente sempre que preciso de ajuda. Sempre foi.
- Gosto de saber disso – ele disse baixinho com a testa apoiada na minha, o abracei pelo pescoço com os dois braços, zerando qualquer espaço entre nossos corpos.
- Você foi o primeiro garoto que eu vi pelado – também disse baixinho e logo comecei a rir da cara que ele fez – Minha primeira lembrança de um pênis é o seu.
- Que história é essa? Quantos anos a gente tinha? – ele também ria ao me dar outro selinho.
- Acho que você tinha uns oito e eu seis, eu já devia ter visto outras vezes antes disso, mas essa é a primeira que tenho gravada na memória – percebi que essa era a primeira vez que contava isso a alguém – Estávamos na casa de praia em Brighton, eu entrei no banheiro e você estava fazendo xixi. Lembro que fiquei horrorizada pensando em como meninos faziam xixi por aquela torneirinha.
- Torneirinha! – ele riu gostoso e desceu uma das mãos até minha bunda, dando um apertão ali e assim pressionando o tema do assunto contra mim – Hoje em dia você já viu que ela virou uma torneirona, né?
- Nossa, que piada péssima, Josh – franzi o rosto e ele riu mais alto, mas sem correr risco de acordar Dex – Mas não somente vi, como senti como ela cresceu.
- Não no lugar certo... – ele disse me sem desviar o olhar do meu, ficando sério ao passar o nariz pelo meu – Não ainda.
- Josh – sussurrei ao passo que minha pulsação acelerou quando ele apertou mais o corpo contra o meu.
- Ah Donnie, como eu queria poder comer você aqui e agora – disse baixinho no meu ouvido, a voz começando a ficar rouca – E olha que lugar apropriado estamos por falar em comer.
- O rei das piadas horríveis – comentei contra seu pescoço e ele deu uma risadinha nasalada antes de morder abaixo da minha orelha – Mas eu também queria.
- Queria o que? – ele apertou minha bunda de novo e eu o senti endurecendo contra a minha barriga – Eu preciso te ouvir dizer, Donnie.
- Eu queria... - minha respiração ficou mais pesada contra os lábios dele e puder ver que suas pupilas estavam dilatadas, o preto quase consumindo todo o azul – Eu quero que você me coma.
- Minha nossa, Donnie – ele praticamente rosnou num sussurro antes de apertar o braço ao redor da minha cintura e usar a mão na minha bunda para dar impulso e me sentar no balcão da pia. Cruzei as pernas na altura de seu quadril e me controlei para não gemer alto quando ele se pressionou contra mim – Você não faz ideia do que faz comigo te ouvir dizer isso.
- Eu tô sentindo o que faz com você – e estava mesmo. A ereção dele pulsava dura contra mim, pressionando a costura do meu jeans no lugar certo.
- Eu tô me sentindo um maníaco por sua culpa, Donnie – me acusou mas sem parar de se impulsionar contra mim e beijar meu pescoço – Eu acordo com canhão no meio das pernas todas as manhãs e só consigo abaixa-lo depois de bater uma pensando em você. Eu tenho que tomar cuidado pra não pensar em você no banho, caso contrário eu praticamente explodo ali no chuveiro mesmo. Maníaco, tô te dizendo. Nunca foi assim com ninguém, nunca.
- Nem comigo – digo baixinho, querendo desesperadamente gemer, mas me contentando em apertar mais um dos braços em seu pescoço e usar a outra mão para fazer um carinho em seu rosto e afastar os cabelos que caiam na testa – Eu também tenho... Tenho me tocado pensando em você.
- Sério? – o sorriso presunçoso mais lindo de todos surge em seu rosto e eu concordo – Você fica molhada pensando em mim?
- Sim, muito – não teria como negar nem se quisesse, bastaria ele colocar a mão dentro da minha calcinha e constataria por si mesmo.
- Eu sou o primeiro a causar esse efeito? – ao ouvir isso, aproximei meu rosto do dele, mordi seu lábio inferior inchado e disse num sussurro sem desviar meus olhos dos dele.
- Você é a primeira pessoa por quem eu tento tanta atração sexual quanto amor – o sorriso que ele abriu não tinha nada de presunção e sim de encantamento.
- Caralho, como eu amo você – ele diz um pouco alto e me beija forte, sua língua fazendo movimentos lentos e poderosos contra a minha, me dando tanto prazer que aperto os tornozelos contra sua bunda e gemo dentro de sua boca.
- Donnie? Porque você parou o filme? – a voz de Dex vinda da sala nos faz pular para longe um do outro em menos de um segundo.
- O-oi Dexie, você dormiu! – minha voz está ofegante e falha, mas acho que um menino de oito anos não vai entender o motivo – Quer pipoca? Vou fazer pra gente.
- Quero! Vou lá chamar o Josh pra ver se ele quer – e logo escutamos os passos dele correndo na escada.
- Vai pra sala agora antes que ele volte – digo ao pular do balcão e tentar me arrumar o melhor possível antes de ir procurar por pipoca.
- Como eu vou pra sala assim? – Josh me questiona e aponta para o extremamente visível volume em seu jeans – Ele é criança, mas não é idiota! Ele vai perguntar por que meu pau está querendo fazer um buraco na minha calça.
- Coloca uma almofada no colo, vai logo! – o empurro pra fora da cozinha no momento que ouvimos Dex descendo. Josh então praticamente mergulha no sofá, deitando de bruços.
- Ah você tá ai! – volto para cozinha enquanto Josh disfarça dizendo estar cansado e pede ao irmão que faça massagem em suas costas.
Manter nosso relacionamento em segredo estava definitivamente cada dia mais difícil, mas algo ainda me prendia e impedia de abrir o jogo com as nossas famílias.
Eu só não sabia o que.

Next Chapter Where stories live. Discover now