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Noah estava apaixonado pelo meu apartamento, acho que até mais que eu. Nosso primeiro dia fora do hospital estava sendo arrumar as coisas de Noah na minha casa.
Dica da autora: Pra quem quiser imaginar melhor sugiro que voltem no final do episódio 7 (as considerações finais) pra lembrar como é a casa da Sina
Nunca o vi mais feliz. Nunca me vi mais feliz.
Estávamos esparramados na cama, Noah estava deitado na minha barriga e eu fazia cafuné em seu cabelo. De repente algo começou a rondar a minha cabeça, e o meu bebê? Apesar de saber, Noah nunca tocou no assunto. Não precisei fazer nada, tomei um susto quando ele puxou a minha camisa para cima e ficou analisando minha barriga já meio arredondada, mas não era perceptível para quem não sabia. Minha barriga continuava chapada como sempre, isso até que era bom.
Noah colocou a mão em cima e começou a alisa-la. Ele estava com o olhar concentrado ali. Foi então que ele depositou um beijinho. Sorri, mas ele nem parecia notar, estava mais concentrado em outra pessoinha.
Há uns dois dias quando fui a obstetra ela disse que eu já poderia descobrir o sexo do bebê. Não quis saber, preferia que fosse algo para depois quando ficasse mais preparada. No dia que fiz a consulta completei três meses de gravidez, ela me alertou que seria um período que poderia ter a presença de enjoos, tonturas, aumento de apetite entre outros.
Eu estava feliz em geral, mas não sabia se isso duraria muito tempo. Se tratando da vida de Sina Deinert, nunca se tem certeza de nada.
- Sina - Chama a minha atenção - O que... O que você quer que eu seja dessa criança
Ele se deitou ao meu lado me envolvendo com o braço esquerdo. Recostei minha cabeça em seu ombro e olhei em seus olhos.
- O que você quiser ser - Falei e ele ficou pensativo
- E se eu quiser ser... Sei lá, talvez, só se você quiser... ser pai?
E é aí que uma felicidade imensa extravasa tudo, abri um sorriso enorme e rolei para cima dele ficando com meu rosto a milímetros de distância de seu rosto.
- É o que eu mais quero.
O beijo para não restar dúvidas de que quero que ele faça parte da minha vida de todas as formas e mais do que tudo. Enlaço meus braços em seu pescoço e ele coloca sua mão em meu pescoço me trazendo mais para perto.
- Eu te amo - Fala se afastando pouco mas ainda com os lábios roçando nos meus
  - E eu te amo - Sorrio e ele me puxa para mais um beijo
  Dessa vez ele sorri no meio e rola na cama invertendo nossas posições e me fazendo soltar uma gargalhada. Ele para em cima de mim, mas seu peso não me incomoda. Coloco a mão em seu rosto
  - As vezes eu acho que nada disso é real, que é um sonho, algo que a minha cabeça gostaria que acontecesse - Falo acariciando seu rosto e ele abre um sorrisinho fofo
  - Eu acho bem real - Fala baixinho com sua voz rouquinha que ele sabe que eu adoro
  Noah me beija novamente, e parece que o nosso dia seria inteirinho dessa forma.

  Saímos do apartamento 14:00, meu pai me convidou para almoçar em sua casa, ele ainda não sabe de Noah, não sei nem se lembra dele, pra falar a verdade estou com medo da reação do meu pai ao vê-lo, já que acompanhou aquela época... já deu pra entender que época.
  Eu estava usando um short jeans e uma blusa ombro a ombro branca, obviamente estava com um biquíni por baixo. Noah veio o caminho todo normal, não estava nem tão nervoso mas também não estava tão calmo.
Ao entrar na minha rua antiga senti uma nostalgia enorme, a minha mente fantasiou Sinas e Noahs com varias idades caminhando nas calçadas, senti uma saudade imensa e um aperto no coração. Consegui até ver alguns empurrões de brincadeira e risadas altas. Noah segurou a minha mão e sorriu, aparentemente ele também se lembrava da mesma coisa.
Paramos o carro em frente à casa vermelha, respiramos fundo e tocamos a campainha. Enlacei meus dedos nos de Noah e ele sorriu nervoso.
- Ei, relaxa, ele sempre gostou de você - Tento conforta-lo e lhe dou um selinho rápido antes de ouvir a porta de madeira escura se abrindo
- Sina, querida! - Sorrio forçada ao ver Betty, a mulher do meu pai, em minha frente
Nada contra, mas também nada a favor. Sempre simpatizei com ela, mas sei que tive que sair de casa quando voltei da Alemanha por sua causa, cale a boca, Sina, não está na hora de pensar
- Betty, que alegria em vê-la - Abraço-a brevemente
A moça de idade olha em direção à Noah e abre um sorriso.
- E quem é esse? Namorado novo? - Pergunta com um sorriso
- Eu não diria novo - Sorrio sem graça
- Prazer, Noah Urrea - Ele cumprimenta Betty com sua simpatia de sempre
Ótimo, em menos de trinta segundos até a mulher do meu pai está encantada com ele.
- NOAH URREA? - Ouvi um grito do meu pai lá de dentro
Puta merda.
Noah me encara apreensivo, aperto mais sua mão e Betty fica sem entender.
Escutamos os passos do meu pai no piso velho e rangente de madeira. Assim que ele chega na porta e coloca os olhos em Noah sua expressão fecha totalmente.
- O que está fazendo aqui, garoto? - Pergunta meu pai com o semblante sério
- Sr. Deinert, eu...
- Nós voltamos pai - Falo confiante, papai toma um susto com a minha reação
- Como, Sina Deinert? Vocês estão namorando novamente?
Pera, estamos namorando ou não? Me lembro vagamente de um pedido de namoro na noite que passamos no hospital, mas não me lembro nem de ter respondido e nem de termos conversado algo depois. Acho que ambos estávamos morrendo de sono.
Betty deu um tapinha no meu pai.
- Bom, vamos comer? A comida já deve estar esfriando! - Fala Betty sorridente tentando quebrar o clima pesado
Sentamos à mesa, fiquei ao lado de Noah com Betty em minha frente, já papai estava na frente de Noah. E sim isso de sentar na frente de Noah com certeza foi pura implicância.
Betty serviu todos com a sua macarronada ao molho vermelho e papai abriu o vinho.
- Conhece esse, Noah? - Papai chama a sua atenção em relação ao vinho
- Perfeitamente, senhor. O Amarone della Valpolicella sempre foi um tipo de relíquia para a minha família
Como ele consegue se sair bem em tudo? Meu pai pareceu impressionando
- Está me chamando de velho, Urrea? - Papai levantou uma sobrancelha
- De forma nenhuma, não é o senhor mesmo que diz que "a relíquia da vida parece desaparecer de todos os confusos que não desejam espairecer"? - Noah finaliza com um sorrisinho no final
Puta que pariu, escolhi direitinho! Essa é a frase do meu pai, se fosse contar quantas vezes eu ouvi essa frase durante toda minha vida... Papai abriu um sorrisinho impressionado concordando de leve com a cabeça.
O resto do almoço correu bem, algumas provocações aqui e ali, mas Noah as respondia à altura, incrível como esse garoto tem todas as respostas para tudo na ponta da língua.
Ao final do almoço Betty nos serviu um café de grão na mesa.
- Então, Noah, se juntaria a mim numa conversa de homens lá em cima? Tenho um uísque artesanal que acho que você pode gostar. - Papai convidou e fiquei nervosa
Noah assentiu prontamente se levantando, papai disparou para a escada e Noah me deu um beijo na bochecha antes de segui-lo.
- O que acha que pode ser? - Perguntei a Betty levantando para ajudá-la a tirar a mesa
- Ele é seu pai, Sina, só quer se certificar de que o rapaz é um bom moço
Sorri assentindo, ela deve estar certa. Meu pai sempre foi assim e não é agora que mudaria.

Estávamos de mãos dadas andando na beira da água. O clima estava agradável e faltava pouco mais de dez minutos para o por do sol.
- O que o meu pai queria? - Perguntei a Noah não conseguindo aguentar de curiosidade
- Coisas de homem - Falou com um sorriso
- Ah não, agora você vai me contar! Por favor - Fiz biquinho e ele soltou uma risada fofa
- Não, dessa vez você não vai conseguir arrancar nada de mim com essa carinha
Sorrimos juntos.
Foi então que comecei a sentir uma tontura insuportável. Cambaleei e segurei firme o braço de Noah antes de tombar para trás.
- Wow - Ele me segurou antes que eu caísse - Sina? Você tá bem?
- Sim é... É só uma tontura por conta da gravidez, a obstetra me alertou sobre isso
- Senta aqui - Ele me ajudou a sentar na areia
Ficamos lado a lado, Noah me envolveu com o braço e deitei minha cabeça em seu ombro.
  - Sina... - Falou rouco e levei meus olhos ao encontro dos seus - Eu queria fazer tudo direito, por isso quis vir ao lugar perfeito no momento perfeito - Instantaneamente prendi a respiração - Mas parece que o sono entregou os meus planos - Ele abre um sorriso brincalhão - Eu sei que passamos por muita coisa, algumas não muito boas, mas outras que valem a pena, e são por essas coisas que eu faria tudo novamente. Eu não consigo passar mais um dia sem ter a certeza é a clareza de que você é minha, eu não consigo parar de pensar em você, desde a primeira vez que te vi depois de seis anos eu era torturado pelo meu próprio corpo por não poder te beijar, te tocar - Ele segurou minha mão, lágrimas já escorriam do rosto de ambos - Sina, eu te amo, eu quero te fazer feliz mais do que qualquer outra coisa no mundo, eu quero criar uma família linda com você - Ele colocou nossas mãos entrelaçadas na minha barriga - Sei de todas as besteiras que eu fiz e que eu te disse, mas o que eu sinto por você vai além de tudo, vai além de todos. Então...
  Ele tirou de dentro da minha bolsa de praia uma caixinha vermelha pequena, meus olhos encheram d'agua novamente.
  Sorri e ele abriu a caixinha revelando duas alianças prateadas, uma mais grossa e outra mais fininha e cheia de diamantes pequenininhos.

  Mais lágrimas escaparam dos meus olhos

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  Mais lágrimas escaparam dos meus olhos. Noah tirou a aliança menor da caixinha e pegou delicadamente a minha mão.
  - Da outra vez foi tudo meio no improviso, agora eu quis me preparar melhor - Sorriu, eu não conseguia dizer nada, só sentir, só sentia uma felicidade enorme, eu queria sair pulando por aí - Sina Deinert, você aceita namorar comigo... De novo? - Completou
  Eu não conseguia falar, não saia nada, era muita emoção, muito para absorver, depois de tudo o que passamos isso é como algo fora da realidade, fora do meu mundo de seis meses atrás.
Assenti com a cabeça com um sorriso entre lágrimas. Noah então encaixou a aliança no meu dedo anelar acima do meu barbante, onde coube perfeitamente. As pedrinhas brilhavam com os últimos raios de sol. Noah fez um carinho no meu dedo. Dessa forma peguei a aliança maior da caixinha e coloquei em seu dedo, onde também coube perfeitamente.
Pulei em seu colo e o abracei forte.
- Eu te amo, Noah Urrea - Sussurrei em seu ouvido
- Eu te amo, Sina Deinert

I will come Back to You - noart concluída Where stories live. Discover now