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  (leiam ouvindo a música baixinho)
Noah on

  Eu sei, você deve me achar um idiota... Mas não interessa agora, o que interessa é que Dylan dirige mal pra cacete e Sina geme de dor no meu colo.
  - Tá doendo muito - Ela chora esticando suas pernas nos outros dois bancos de trás
  - Respira, tá tudo bem, vai ficar tudo bem - Acaricio seus fios loiros que estão como uma cascata no meu colo - Dylan, puta que pariu da pra ir mais rápido?
  - Ah, Claro! Cria uma porra de uma asa ou então vai de jegue voador, que tal? - Ironiza e reviro os olhos
  Faço carinho na sua cabeça e em sua barriga, mas de repente meus olhos são atraídos para sua calça, que sangra na parte de sua vagina. Encaro sina, ela está com os olhos fechados tentando controlar a respiração
  - Sina - A chamo e ela me encara com lágrimas nos olhos - Eu quero que você olhe para mim, apenas para mim, entendeu? - Peço
  Uma expressão confusa toma conta de seu rosto mas ela assente
  - Noah, porque seus olhos estão cheios de lágrimas? - Pergunta
  Não, eu não havia notado que estava prestes a chorar... Mas me peguei imaginando o pior, e se... Sina não merece isso, não quero imaginar o quanto ela vai sofrer... eu... eu não posso deixar isso acontecer.
  - Nada - Abro um sorriso envolvendo seu rosto com minhas mãos - Só... Só olhe para mim, ok?
  Ela assente com a cabeça
  - AHH! - Sina se contorce gritando de dor e fechando seus lindos olhos, fazendo com que algumas lágrimas escapem
  Ela aperta minha mão e eu a aperto mais contra o meu corpo, o que faz com que ela enterre seu rosto no meu casaco, gritando e chorando baixinho ali. Acaricio seus fios macios e faço uma leve pressão em sua cabeça contra o meu peitoral.
  - Shh, já vai passar, nós estamos chegando...

  Dylan para na frente da emergência, nem penso e puxo sina para fora do carro, pondo-a deitada em meu colo. Ela geme de dor quando seguro suas pernas e suas costas. Corro até a porta da emergência com ela em meus braços.
  - EU PRECISO DE UMA MACA, AGORA!
  Em segundos uma equipe médica aparece com uma maca.
  - Coloque ela aqui, senhor - Uma médica pede
  Coloco sina deitada na maca, ela geme alto mais uma vez assim que a deito totalmente. Sina agarra a minha mão e os médicos correm em direção ao fim do corredor, acompanho sem soltar sua mão com a mesma agilidade. E então meus olhos encontram com os de Sina, aqueles lindos olhos... Aqueles dois oceanos, se encontram cheios d'água. Leio seus lábios naquele milésimo de segundo

  "Eu estou com medo"
  Uma lágrima rola em seu rosto.

  E aquelas palavras acertaram em cheio meu coração. Eu também estou com medo.
  Sorrio para tranquiliza-la na tentativa de que ela entenda que tudo ficará bem. E foi a última vez que encarei seus olhos lindos amedrontados antes que fôssemos afastados.
  Não tive tempo de falar nada.
  Os médicos abrem as portas do fim do corredor e, para mim em câmera lenta, nossas mãos são obrigadas a se soltarem. A maca continua a andar e uma médica impede a minha passagem.
  Coloco meu rosto na janela das portas grossas e encaro a maca até onde a minha visão alcança, escuto Sina gemendo e gritando de dor e fecho meus olhos abrindo-os logo em seguida.
  - Eu te amo - Sussurro

  Eu sou um fodido.
  Estou sentado na sala de espera com a cabeça entre minhas mãos, aperto todos os fios do meu cabelo com força,
Que merda, que merda, que merda!
  Se eu não tivesse desconfiado dela nós não teríamos discutido e provavelmente não teria dado no que deu. Provavelmente estaríamos dormindo agarrados nesse exato momento. Mas não, Sina está passando sei lá o que dentro daquela emergência com risco de perder o seu bebê, e... e é tudo minha culpa.
  - Noah - Olho para cima me deparo com Dylan
  Me levanto no mesmo segundo, ele... Ele chora. Seus olhos estão marejados e ele está um bagaço, assim como eu também devo estar.
  Faço uma expressão confusa, Dylan olha para baixo e arranca sua máscara do rosto. Logo depois ele olha em minha direção e antes que pudesse pensar ele me dá um murro.
  Um murro bem dado.
  Um murro que me fez acordar.
  Levo minha mão até a minha bochecha e faço uma careta de dor
  - Filho da puta - Ele urra - Ela... - Ele fecha os olhos - A Sina perdeu o bebê
  E ali foi onde tudo acabou.
  Onde eu levei dois socos
Um no rosto, e um no coração.
Meus olhos ficaram embaçados, e eu não via nem pensava mais nada. Eu havia feito aquilo, eu havia matado o bebê dela, tudo era culpa minha... E eu não tenho forças para isso, não tenho forças para encarar. A dor me destruía por dentro, me consumia por inteiro. Era diferente de tudo o que eu havia sentido
Tudo começa a girar ao meu redor, eu perco tudo, eu perdi tudo.
E então levo minha atenção a Dylan, ele chora com uma certa culpa, e então o inesperado acontece, ele me abraça.
- Foi mal cara... Eu precisava disso - Fala Dylan choroso e logo me solta - Não foi você
- Como? - Pergunto
- O bebê já... já estava muito fraco, muito antes de qualquer discussão de vocês dois ou de qualquer desentendimento, se ela não tivesse adiado o exame semana passada teria visto que o feto não tinha chance de sobreviver de maneira alguma, o aborto espontâneo aconteceria independente de qualquer coisa - Explica ele com os olhos cheios d'água
- Como ela está? - Pergunto limpando meu rosto com as costas da minha mão
- Ela está em choque, sem reação, não chora e não faz nada
Aperto meus lábios
- Ela só quer te ver - Fala Dylan
- Qual é o quarto dela? - Pergunto já indo em direção a ala dos quartos e Dylan me segue apressado
Paramos em frente ao quarto número vinte e sete. Olho para Dylan antes de segurar a maçaneta e ele assente com a cabeça, como se me desejasse boa sorte.
Respiro fundo e abro lentamente a porta. Coloco apenas a cabeça para dentro e analiso ambiente.
Sina está deitada na maca que está em posição vertical, seu cabelo está meio bagunçado e seus olhos estão inchados, ela encara um ponto fixo do lado direito do quarto.
- Sina? - Sussurro entrando e fechando a porta
Ela ainda não olha nos meus olhos. Fico sem saber o que fazer... Eu só... Só queria abraça-lá, colocá-la no colo e dizer que tudo vai ficar bem, limpar suas lágrimas e beijar suavemente seus lábios avermelhados. Mas ela não tem nenhuma reação.
Longos instantes se passam e fico parado.
- Sina...
- Era uma menina - Fala puramente
- O que...
- É, era uma menina - Diz finalmente olhando nos meus olhos, mas logo desvia encarando novamente um ponto fixo
- Princesa... Olha pra mim - Chego perto de sua maca lentamente
- Não - Ela solta uma risada - Eu não... Não quero olhar pra você - Fala baixando a cabeça
Sento em um banco ao seu lado buscando sua mão
- Por favor, olha pra mim - Peço com meus olhos marejadas
Ela finalmente me encara. Seus olhos azuis encontram os meus, ela tenta manter a pose, mas alguns instantes se passam, seus olhos começam a ficar vermelhinhos, uma cara de choro toma conta de seu rosto.
Não penso duas vezes e me levanto do banco debruçando-me sobre a maca, Sina então se joga em meus braços, me apertando contra seu corpo e enfiando seu rosto no meu pescoço.
Ela começa a chorar, mas não é um choro qualquer, é um choro intenso, ela começa a soluçar e gemer alto.
- Noah faz parar, por favor - Ela pede - Por favor...
Aperto-a contra o meu corpo e ela aperta meus ombros
  - Calma, eu estou aqui com você, eu sempre vou estar aqui com você, vai... Vai ficar tudo bem - Faço uma pequena pressão em sua cabeça puxando-a para mim.
  Eu queria que toda a dor fosse transmitida para mim. Pedi a Deus para que toda a dor e angústia que ela sentia fosse passada para mim, eu lidaria com tudo aquilo, e não ela, porque ela não merece passar por tudo isso, justo a pessoa que faz de tudo para verem os outros felizes, que faz de tudo para me ver feliz, para me apoiar em tudo... Não é justo.
  - Era uma menininha - Ela fala mais alto - Eu quero a minha menininha
  A aperto mais contra o meu corpo. Não havia o que fazer, nada poderia ser feito para retirar a dor de seu peito. Mas eu vou fazer de tudo para que ela dívida essa dor comigo, ou, de preferência, que me de inteira.
  - Faz parar por favor - Sussurra em meio ao choro - Noah faz parar, tira essa dor de mim... - Ela aperta mais seu braço em volta do meu pescoço
  - Eu queria poder - Sussurro em seu ouvido e beijo lentamente sua cabeça - Eu vou te ajudar, vou te ajudar a superar, nós estamos nessa juntos - Uma lágrima escorre do meu rosto, mas tento fazer com que ela não perceba - Nós vamos superar... Eu te amo
  E naquele abraço éramos um só. Eu queria mais que tudo no mundo que ela se sentisse bem, foda-se eu, foda-se o mundo. Só ela importava. A aperto com mais força e faço carinho em seu cabelo.
  Não falamos mais nada, Sina não parava de chorar, e eu não me importava com o resto do mundo, só com o meu mundo, que estava em meus braços sofrendo mais do que nunca na vida.
  Talvez tenham se passado horas, e ainda estávamos na mesma posição, em algum momento Sina deitou no meu ombro, passando a chorar baixinho, até se calar completamente. Deixei que mais algum tempo se passasse, senti que sua respiração no meu pescoço estava mais lenta, ela havia dormido.
  Deitei mais a maca e coloquei-a deitada lentamente, cobrindo-a em seguida.
  Encarei seu rosto inchado e foi a minha vez de chorar. Deixei que as lágrimas tomassem conta de mim, deitei minha cabeça no braço da maca e me permiti desabar ali. Depois de algum tempo me recompus e reconheci que precisava ser forte, forte para ela. Levantei minha cabeça e encarei-a dormindo tranquilamente.
  - Eu não vou deixar que mais nada te aconteça - Sussurro - É uma promessa
  Me aproximo de seu rosto e dou um selinho suave em seus lábios
  - Eu te amo - Sussurro
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Mano... Não tenho o que dizer kkk
  As considerações finais está por conta de vocês

  quem quiser me matar:
  insta @noartbabys

I will come Back to You - noart concluída Where stories live. Discover now