Cap. 6 - "Você tem a cara de pau de vir falar comigo depois do que fez!"

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Me arrepiei ao ouvir aquela voz, eu parei e me virei calmamente.

⁃  Você tem a cara de pau de vir falar comigo depois do que fez!

Ele fez uma cara de quem não sabia de nada.

⁃  O que eu fiz?!

Eu levantei minha blusa branca e mostrei as bandagens.

⁃  Realmente você tem uma bela barriga pirralha! Olha só! - O rapaz falou mordendo os lábios inferiores.

Revirei meus olhos e continuei a andar, ele me seguiu, então perdi a paciência.

⁃  Você pode parar de me seguir?! Não quero falar com você!

⁃  Ah! Então a pirralha besta tem medo de mim agora?! Cadê aquela coragem toda?!

Então, vi que ele estava com a pistola em um dos bolsos, ela estava um pouco para fora. Estiquei meu braço a pegando e mirando para seu peito.

⁃  A coragem está aqui ainda, não tenho medo de você!

⁃  A pistola está travada, você não vai conseguir atirar com ela assim. Bela coragem que você tem.

O rapaz riu, virou-se, se afastando de mim com passos lentos.

Eu observei a pistola havia uma pequena alavanca ao lado, a puxei, fazendo um barulho para sinalizar que havia destravado. Mesmo assim o rapaz continuou a andar.

⁃  PARA NICHOLAS!! - Gritei mirando em suas costas, mesmo assim ele continuou a andar - EU PEDI PARA PARAR!!

Ele fingiu que nem me ouviu, então eu mirei em sua perna, suspirei, então, puxei o gatilho. Ouvi o barulho da bala saindo do cano da arma, poucos segundos depois Nicholas estava caído no chão, com a perna toda ensanguentada, suas mãos estavam segurando suas pernas.

    ⁃ Parabéns pirralha! Está se sentindo melhor?! Essa é a sua vingança?! - Ele murmurou, sua expressão não era de dor, ele parecia estar feliz com a situação.

Aí que eu voltei a realidade, minha raiva por aquele menino tinha passado, eu o vi ali, caído e senti remorso, por que senti isso?!

Sorte nossa que essa cidade vive deserta...

    ⁃ As coisas que já passei são bem piores que isso, você gastou essa bala à toa!

Ele murmurou novamente, com um sorriso no canto da boca.

    ⁃ Ah! Não acredito que fiz isso! Desculpa Nicholas! Meu Deus! - Falei correndo até ele. - Calma, deixa eu te ajudar a se levantar.

    ⁃ Agora você fica preocupada né?!

Ajudei ele a se levantar, o rapaz gemeu de dor algumas vezes enquanto o levava para meu carro.

    ⁃ Por que está me trazendo aqui?

    ⁃ Para eu tirar essa bala da sua perna!

    ⁃ Não, obrigado, eu me viro!

    ⁃ Não! Deixa eu ajudar!

Ele persistiu por um momento, depois revirou os olhos e deixou que eu o colocasse sentado no banco do passageiro, fechei a porta, dei a volta no carro e entrei no lugar do motorista.

    ⁃ Estica sua perna aqui, isso, agora você vai ter que confiar em mim! Ok?!

O olhei séria, ele revirou os olhos novamente, e confirmou com a cabeça. Paguei os kits médicos que estavam no chão do banco do motorista, todos meio sujos com meu sangue, levei as mãos ao pote de álcool.

Um dia após meu suicídio. Where stories live. Discover now