Cap. 25 - "Esse seu jeito, me faz alucinar sabia?"

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O céu já estava praticamente quase tudo escuro, algumas estrelas já conseguiam aparecer entre as pequenas nuvens brancas.

  Ergui a arma fria, mirando para o alvo que eu queria tanto acertar. Mas, não puxei o gatilho, apenas fiquei ali, com a arma erguida, olhando para o pequeno buraco que a bala de Nick fez no pedaço de madeira alguns metros de distância de mim.

  Suspirei fundo, apertando a pistola em minhas mãos, então, puxei o gatilho, ouvindo o som da arma, a bala saiu com pressa do cano da arma, fazendo outro furo na madeira, agora, do lado da bala do moreno.

  Conseguia sentir o olhar de Nick sobre mim, então, virei para o moreno que me fitava calmamente, levando a arma perto da boca, assoprando o cano que ainda saia um pouco de fumaça. O rapaz deu um sorriso silencioso.

-  Eu sei, eu sei, sou muito boa nesse negócio de mira.

  O rapaz negou com a cabeça, começando a falar:

-  Não, era pra você ter acertado o meio da madeira, onde eu acertei. No meio, a pessoa morre na hora, a bala acerta bem no coração, você teria acertado o pulmão, a pessoa iria estar viva ainda, iria começar a gritar chamando atenção, então você iria ter que atirar outra vez para a matar, chamando ainda mais a atenção de todos.

-  Mas, você acertou a testa do Sr.Roger naquele dia, e ninguém viu que foi você.

-  Sim... eu consigo matar sem ser notado, você não.

-  Como você sabe? Posso ter matado muitos sem ninguém saber!

  O rapaz gargalhou, levando as mãos a barriga, fiquei o olhando seria, não entendendo o motivo de tanta graça.

-  O que eu falei de tão engraçado?

  Nick parou de rir me observando profundamente, seus olhos acizentados caíram sobre mim, me arrepiando.

-  Você é fofa... não mataria ninguém, não tem coragem o suficiente para matar.

  Eu nunca gostei de ouvir que não sou capaz de fazer algo, eu consigo fazer tudo que eu quiser.

  Aquela frase ecoou pelos meus ouvidos, fazendo uma raiva nascer em meu peito, minha mão segurou a arma forte, apontando para o peito do moreno ainda sentado.

  Só percebi o que estava fazendo quando destravei a arma, e fitei o moreno nos olhos, Nicholas não se mexeu, só me observou ainda mais, com uma das sobrancelhas erguida.

  O ar saia e entrava pela minha boca pouco aberta, meus cabelos voavam pelos ventos calmos, com a força que estava segurando a arma, minhas mãos estavam começando a formigar.

-  Eu tenho coragem, e muita. - murmurei entre minhas respirações - consigo fazer tudo que eu quiser, na hora que eu quiser.

  O moreno se levantou calmamente, andando ate a minha frente, segurei ainda mais forte a pistola, sem tirar a mira do seu peito, Nick levou sua mão pálida para o cano da arma, a puxando, encostando-a em seu peito ainda nu.

  Conseguia sentir sua pele começar a esquentar a frieza insistente da pistola, que lutava para continuar fria.

  O olhei profundamente, entendendo o que o moreno queria. Nicholas levou a boca em minha orelha, sussurrando baixo.

-  Se você é tão corajosa como fala, puxa o gatilho, me mate! - ele suspirou - não irei perder nada mesmo.

  Lembrei de quando nos conhecemos. Então, simplesmente murmurei perto de seu ouvido, com um sorriso nos lábios.

-  Eu não vou dar esse prazer para você. Você merece viver com isso! Seu castigo é a vida. - O olhei, gostando da doce vingança - E outra, eu já atirei em ti. Em sua perna. Não preciso provar nada para você. Só iria gastar mais uma bala sem motivo.

  Então travei a arma novamente, a tirando do peito do rapaz, seu olhar ainda sobre mim, estava começando a me deixar desconfortável.

  Joguei a arma do lado das madeiras que ainda descansavam sobre a areia, Nicholas ainda em minha frente, levou um dos dedos a alguns fios de cabelo que estavam sobre meus olhos, e os colocou junto com os outros atrás da minha orelha.

-  Esse seu jeito, me faz alucinar sabia? Eu perco as órbitas... - Nick suspirou com sua voz rouca.

  O moreno tirou meus cabelos do pescoço, o deixando ainda mais a mostra. Então levou os braços em minha cintura ainda nua, me puxando para mais perto, com um movimento rápido, me fazendo ficar meio zonza.

  Agora, sua boca rosada estava em meu pescoço, o mordendo. Nicholas começou a gemer baixo entre suas mordidas, tentando me provocar ainda mais.

Um dia após meu suicídio. Onde as histórias ganham vida. Descobre agora