Cap. 19 - "Lá eu saberei o que fazer... lá eu saberei..."

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Abri a porta do quarto, ainda com o caco de vidro ensanguentado em uma mão, a outro segurava a mochila.

  Nick estava deitado na cama, segurando o controle remoto, na televisão passava o jornal da manhã.

- Oi, consegui mais dinheiro.

- Como? - o rapaz perguntou curioso, fitando o caco que agora estava praticamente todo vermelho de sangue em minha mão.

- Eu meio que furtei a carteira da recepcionista. - dei uma pausa - e  ameacei a família dela.

  Falei andando até o banheiro, jogando a mochila no chão, e agora, lavando minhas mãos e o caco.

- Você o que? - ele encostou na porta do banheiro, agora havia um sorriso em seus lábios.

- Isso mesmo... - dei de ombros, me virando para o rapaz, que me olhava silenciosamente - Temos que ir embora! - ele nem se mexeu, me olhando - Agora!!

- Ah! Tá bom! Às vezes você é muito mandona sabia?

  Ele se virou, andando até a porta. Eu joguei o caco, agora limpo, pela pequena janela do banheiro, logo pegando a mochila do chão, a colocando nas costas.

- Cadê a chave do carro? - o moreno esticou a mão em minha direção - Hoje eu vou dirigir!

  Andei até o seu lado, revirando os olhos, abrindo um pequeno bolso da mochila, pegando a chave e depositando-a em sua mão pálida.

  O rapaz sorriu, abrindo a porta e saindo por ela, eu o segui.

  Caminhamos lado a lado em silêncio, até que eu quis acabar com aquilo.

- E sua dor de cabeça? Passou assim do nada?

  O rapaz riu, balançou a cabeça, começando a falar:

- Lá no banheiro tinha duas caixas de remédio de dor de cabeça, tomei três comprimidos.

- Três? Não vai te fazer mal?

- Não, pirralha... eu já passei por tanta coisa, três comprimidos não vão me matar. - ele riu - Assim eu espero.

  Ao chegarmos no estacionamento do motel, Nick o abriu o carro pela chave, joguei uma das mochilas que ainda estava em minhas costas no porta-malas, junto com as outras três, fechando-o em seguida

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  Ao chegarmos no estacionamento do motel, Nick o abriu o carro pela chave, joguei uma das mochilas que ainda estava em minhas costas no porta-malas, junto com as outras três, fechando-o em seguida.

  Abri a porta do passageiro, entrado, o rapaz já estava me esperando no banco do motorista. Nos olhamos por alguns segundos, então Nicholas deu a partida, saindo do motel, entrando na pista.

-  Para onde vamos agora? - perguntei ligando o rádio.

-  Temos tanto lugar para visitarmos, e pouco tempo não acha? Como sei que não vamos visitar todos... deixo a escolha em suas mãos.

-  Não. - falei, o rapaz fez uma careta emburrada, não tirando os olhos da estrada - quero que você escolha... me surpreenda.

  Aumentei o volume do rádio, Nick estava com um sorriso de canto, parecia que já tinha um lugar em mente.

  No rádio tocava uma música de algum dos grupos de meninos, aqueles que todas as adolescentes são apaixonadas.

  Por sorte, eu sabia qual era a música que tocava, comecei a cantarolar baixo, fazendo o rapaz rir quando eu errava a canção.

  Nick olhava atentamente para a estrada, não havia tanto trânsito naquela manhã.

  O céu estava ensolarado, com algumas nuvens separadas.

  Então resolvi perguntar algumas coisas a Nicholas, eu havia feito muitas perguntas em mente.

- Então, Nicholas Cárter, correto?

- Você já sabe o meu nome, - ele falou revirando os olhos - por que está perguntando? - perguntou sem tirar a atenção da estrada.

- O olho do diabo perguntou seu nome quando você entrou?

  Ao ouvir a minha pergunta ele virou o volante violentamente. Fazendo o carro mudar de pista repentinamente, o pneu cantou lá fora.

-  O QUE FOI ISSO?! - gritei o olhando brava.

- Como você sabe? - ele perguntou baixo.

-  Como assim "como você sabe"? - ele nem sequer tirou os olhos da estada, só ficou em silêncio - Você me contou, anta! - me apoiei na porta do carro, olhando pela janela. - Você não se lembra de nada que aconteceu ontem né?

-  Por isso que eu odeio beber! Todos podem me manipular enquanto eu estou bêbado!

-  Mas eu não te manipulei! Por que te manipularia? Você apenas me contou.

  O rapaz ficou quieto, começando a acelerar o carro.

-  Nicholas!

-  Tenho que chegar logo. Lá eu saberei o que fazer... lá eu saberei...

Um dia após meu suicídio. Where stories live. Discover now