Cap. 14 - "você tem medo de mim?!"

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Conseguia sentir meu corpo sendo apertado sobre seu colo, o choro de tristeza do rapaz fez com que me arrependesse.... Mas já era tarde demais para arrependimentos.

Acordei no meio da noite, o quarto estava escuro, a janela aberta mostrava a lua brilhado lá em cima, olhei ao redor, Nick estava deitado sobre os lençóis no chão, me virei na cama, para tentar dormir novamente.

⁃ Não está conseguindo dormir Pirralha?

Ouvi o sussurro rouco do rapaz deitado no chão, eu me mexi mais na cama até estar em uma posição confortável.

⁃ Não, só tive um pesadelo - sussurrei em resposta, afinal esse pesadelo está me perseguindo faz tempo - Te acordei?

⁃ Não acordou não, acabei de chegar, tava pensando - ele suspirou - Pesadelos são bons, nos fazem perceber que nossas vidas não são tão ruins assim.

Concordei com a cabeça, mesmo o rapaz não vendo que concordava com ele.

⁃ Para onde você foi? - sussurrei tão baixo, que minha voz falhou no final da pergunta.

O rapaz gargalhou, se sentando no chão, agora falando em um tom um pouco mais alto.

⁃ Por que diabos estamos sussurrando? Aqui é um motel! Ninguém está dormindo a essas horas!

Me sentei na cama, o olhando séria.

⁃ Você não respondeu minha pergunta!- Ele deu de ombros, deitando novamente. - Nicholas!

⁃ Ah Fedelha! Fui só andar... - ele bufou - Vi o carro do Tom no estacionamento, tive que fazer algo.

Eu gelei, Tom, o mesmo loiro que eu dei um tapa antes de sair de Poison, estava aqui? E outra, o que Nicholas fez agora? "Tive que fazer algo" essa frase ficou em minha cabeça.

⁃ O que você fez Nicholas Cárter? - perguntei baixo, com medo da resposta do rapaz, eu ainda não sabia o limite de Nicholas. - Você não...

Antes de eu terminar minha frase, Nicholas se levantou rápido, colocando sua mãos pálida e gelada em minha boca, fazendo eu parar de falar.

O olhei brava, ele sabia que eu não gostava que me interrompesse! Mas, mesmo eu o fitando brava, ele não tirou sua mão da minha boca.

Seus olhos estavam escuros, o rapaz tremia de leve, ele começou a sussurrar palavras desconexas.

⁃ Ele estava dormindo... - Havia um sorriso em seu rosto - depois...

O rapaz começou a gargalhar alto, eu me assustei, me esquivando para trás, mas suas mãos seguraram meus braços com força, me fazendo ficar onde estava.

⁃ Nick! - Supliquei com medo, tentando tirar suas mãos pálidas dos meus braços.

⁃ Você não queria saber o que eu fiz pirralha?! - Ele me fitou, com aquele olhar maníaco.

Eu nunca havia visto Nicholas daquele jeito, não era o Nick que eu conhecia, era só o menino de preto que quase me matou quando nos conhecemos, que me cortou no beco...

⁃ Eu queria Nicholas! Mas... - ainda estava tentando tirar suas mãos dos meus braços.

⁃ Agora você tem medo de mim?! - Ele riu, mas agora baixo - Nossa ceninha no beco mexeu com sua linda cabecinha não é?

Eu ainda tentava tirar suas mãos dos meus braços, mas não tive sucesso, o rapaz me segurava forte.

⁃ Vi ele daquele jeito... mas... eu apenas... sorri. Eu sorri pirralha!

Agora sua voz estava longe, ele estava mais pensando alto do que falando comigo.

⁃ Como? Que jeito Nick?

⁃ Eu... sentei em uma cadeira do lado da cama dele... o vi dormir... sua respiração era pesada... calma... então... sorri.... o vendo se contorcer... enquanto eu cortava sua garganta...

Nicholas caiu em meu colo, enquanto tremia de leve, eu o abracei.

⁃ Você não tem culpa... foi só...

⁃ COMO NÃO TENHO PIRRALHA?! - ele me olhou com raiva - EU CORTEI A GARGANTA DE UM HOMEM QUE NÃO PODIA AO MENOS SE DEFENDER!

O abracei mais forte, sua respiração estava acelerada, comecei a fazer cafuné em seus cabelos escuros que sempre estavam desarrumados, para tentar o acalmar.

⁃ Eu sei Nick...

Então Nicholas se levantou, andando calmamente até a porta.

⁃ Onde você vai? - perguntei confusa.

⁃ Encher a cara.

O rapaz abriu a porta.

⁃ Mas, você não pode!

⁃ Ah! Você pode sair no meio da noite para beber em um bar... e eu não?!

Assim, o moreno, um pouco bravo, bateu à porta atrás de si, fiquei na mesma posição por alguns minutos, digerindo o que acabou de ocorrer.

Um dia após meu suicídio. Onde as histórias ganham vida. Descobre agora