Cap. 17 - "SiM! Eu eRa deSsA cOmuNidAde."

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Levei minha mão ao papel, o pegando, do outro lado havia escrito com a mesma caneta branca: "Nossa comunidade tem regras, e você quebrou uma delas!" mais embaixo: "Vamos te encontrar" e agora, com letras vermelhas: "Nicholas Cárter".

Observei aquele papel preto por alguns segundos, li umas cinco vezes para tentar entender alguma coisa daquele bilhete. Claro que eram "eles", mas, quem são "eles"? Que comunidade é essa?

Levei os olhos para o moreno, que agora, respirava profundamente, já dormindo, eu já estava cansada de ter muitas perguntas e poucas respostas. Tinha que conhecer a pessoa com quem estava fugindo.

Andei até a cama, lendo pela décima vez o que estava escrito no pequeno papel escuro. Então, levei meu dedo indicador ao ombro de Nicholas, o acordando de seu sono. O rapaz me fitou com suas tempestades.

    ⁃    Que porra é essa Nicholas? - perguntei, mostrando o bilhete em minha mão.

Nicholas, meio confuso, me observou por alguns segundos, tentando entender o que estava acontecendo, ainda estava chapado.

    ⁃    O qUe? - sua voz rouca e cansada saiu meio falhada por sua boca.

Revirei os olhos, indicando o papel, o moreno ainda me olhava confuso.

    ⁃    "Nossa comunidade tem regras, e você quebrou uma delas! Vamos te encontrar, Nicholas Cárter." - li em voz alta, ao acabar de ler, olhei novamente para o rapaz, querendo respostas.

Ao me ouvir, a expressão do rapaz clareou, já sabendo o do que eu estava perguntando.

    ⁃    Ah! EsSe bilHetE é dO OlHo do DiAbO.

Ele falou, se arrumando na cama novamente.

    ⁃    Olho do Diabo? - perguntei, não entendendo o que significava isso.

    ⁃    SiM! Eu eRa deSsA cOmuNidAde. JunTo cOm oUtroS asSasiNoS dE aLugUel. - ele fechou os olhos, já começando a dormir novamente.

O rapaz dormiu novamente, me deixando novamente sozinha com meus pensamentos.

Consegui ouvir seus gemidos de tristeza, suas lágrimas salgadas pingavam em meu rosto, escorrendo até caírem no chão. Tentei me mexer, o que mais queria, era o abraçar, o consolar. Mas não consegui terminar o que comecei...

Me mexi na cama, tentando tirar esse sonho da cabeça, mais de semanas ele estava me perseguindo.

A luz que entrava pela janela fez com que eu acordasse. Me sentei na cama, vendo que o moreno ainda dormia calmamente do outro lado.

Sua respiração era calma, seus cabelos estavam sobre seus olhos.

Levantei. Andando até o banheiro, chegando na pia, abri a torneira, lavando meu rosto.

Ao retornar ao quarto, vi o relógio do criado-mudo, 11:30, Nicholas matou Tom aqui no motel, não vai demorar até acharem o corpo, temos que ir embora o mais rápido possível.

Andei até Nick, o cutucando para o acordar.

    ⁃    Nicholas, acorda. Temos que ir embora!

O rapaz resmungou se virando para o outro lado.

    ⁃    Nicholas! - Falei agora o balançando.

    ⁃    Oi Fedelha! To acordado! - ele falou, ainda com os olhos fechados - Pode falar mais baixo? To morrendo de dor de cabeça!

Nicholas levou as mãos a cabeça, tentando parar a dor.

    ⁃    Você não estaria com dor de cabeça se não tivesse tomado 2 garrafas de Stroh 80! Agora vamos! Precisamos ir embora!

Virei andando calmamente até a mochila de Nick, a pegando e colocando nas costas. O rapaz levantou da cama bravo, andando até o banheiro, fechando a porta logo que entrou.

    ⁃    Temos que ir o mais rápido possível Nick.

Sussurrei na porta do banheiro.

    ⁃    Eu sei, eu sei. Por causa do Tom né? Logo vão achar o corpo dele. - o rapaz sussurrou com sua voz rouca de dentro do banheiro.

Concordei com a cabeça, mesmo sabendo que o rapaz não estava conseguindo me ver concordando.

    ⁃    Enquanto você está aí, vou pagando tá? - Falei pegando o pouco de dinheiro que restava na bolça de Nick. - precisamos arranjar mais dinheiro.

    ⁃    Sim, procurei dinheiro nas coisas de Tom, mas tinha só o necessário, se pegasse, sei lá, eu poderia ter deixado uma pista.

Concordei novamente com a cabeça, me virando e andando até a porta do cômodo mal iluminado, a abrindo.

    ⁃    Estou indo. Daqui a pouco eu volto.
Fechei a porta antes de escutar a resposta do rapaz.

Um dia após meu suicídio. Where stories live. Discover now