Capítulo 57

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(..)

–Eu sei que não, princesa – suspirei quando ela se afastou, arrumando as mechas de cabelo que caíam em minha testa e me fitando atentamente –– Mas mesmo assim...

Não terminei a frase, deixando-a pairando no ar. Any respirou fundo e desviou o olhar, ficando em silêncio por um longo momento, fitando alguma coisa além de mim

Eu podia ver em seu rosto que aquela conversa havia atingindo alguma coisa dentro dela, eu sabia bem como era decepcionar alguém que eu amava, já tinha feito aquilo tantas vezes com ela e era um sentimento horrível, cada vez que ela me fitava com decepção no olhar eu sentia que faria qualquer coisa, possível ou impossível, pra mudar aquilo.

Talvez ela estivesse reconsiderando a ideia de morrer, então. Não deixei que a esperança crescesse em mim, muitas vezes eu apenas acabava frustrado quando o fazia, mas uma pequena parte de mim ficou feliz só de pensar naquela possibilidade.

–Vem comigo em um lugar? –– ela perguntou de repente.

–Que lugar? –– franzi a testa

–Você vai ver –– Any selou meus lábios demoradamente e saiu de meu colo, se levantando e indo até a porta do quarto, Vou apenas tomar um banho e trocar de roupa, espere por mim, certo?

Nem deu tempo de responder, já que ela saiu dali tão rápido quanto havia dito tudo aquilo. Ri, me perguntando como eu havia sobrevivido tanto tempo sem ela e sua personalidade totalmente explosiva.

Era bom tê-la perto novamente, finalmente me sentia completo mais uma vez, como se tudo estivesse em seu devido lugar. É claro que ainda tínhamos coisas para resolver, eu ainda tinha que convencê-la a se tratar, mas tudo parecia normal e certo como antes.

Era uma sensação tão boa, eu podia dizer com toda certeza do mundo que nunca mais brincaria com any, nunca mais correria o risco de perde-la novamente.

– Você está pronto? –– Any apareceu, pulando em um pé só enquanto colocava seu outro par de sapatos .

– Sim.

–O que você comeu hoje, any? –– Scooter perguntou, sério.

– Nada –– ela deu de ombros e ele lhe lançou um olhar repreensivo, fazendo com que ela revirasse os olhos –– Tudo bem, eu como no hospital – any resmungou, dando um beijo na testa de belinha e correndo até mim, pegando minha mão e me puxando até o elevador.

–Hospital? –– franzi a testa e perguntei assim que entramos no mesmo e as portas se fecharam, começando a descer – Você está bem any?

– Eu estou bem, josh, não se preocupe –– ela riu e beijou meus lábios, revirando sua bolsa a procura de algo logo em seguida.

A luz do elevador fez com que alguma coisa em seu pescoço brilhasse, atraindo meu olhar pra lá, e um sorriso se formou em meu rosto quando percebi o que era.

–Você o guardou –– segurei o delicado anel que eu havia usado para pedi-la em casamento algum tempo atrás em meus dedos. Ela havia o pendurado em uma corrente fina em seu pescoço

– Sim –– any assentiu, sorrindo – Você pediu pra que eu ficasse com ele, lembra?

– Lembro, só não pensei que você continuaria o usando –– dei de ombros.

–Ele me fazia pensar em você e isso me ajudava a ter força nos dias ruins. Patético, eu sei –– as bochechas de any ficaram vermelhas e eu a abracei, beijando sua testa, sem saber o que dizer.

Não demorou muito pra que o elevador nos deixasse no subsolo do edifício, o estacionamento, e caminhamos de mãos dadas até um carro, onde o motorista de any já nos esperava. Entramos em silêncio e permanecemos assim por uma boa parte do percurso.

O Caipira - BeauanyWhere stories live. Discover now