Capítulo 43

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(...)

POV Josh

Eu andei por horas pela enorme extensão da fazenda de silvio, esperando. Chequei os animais, dei um jeito em algumas cercas soltas, concertei algumas coisas e mais uma vez voltei a caminhar, me embrenhando entre as árvores dessa vez, seguindo um pequeno rio que corria por ali, que já não era tão pequeno assim.

Por causa da chuva, o volume do rio havia triplicado de tamanho, formando uma correnteza forte. A água estava escura e vários galhos e troncos de árvores se misturavam com a água, o que fez um arrepio percorrer meu corpo. Aquilo com certeza era assustador.

Olhar para a água tinha me feito lembrar de any, da vez em que havíamos caído na cachoeira próxima dali e que ela se agarrara fortemente em mim, pois não sabia nadar.

Chutei uma pedrinha para dentro do rio, vendo a água escura engoli-la imediatamente, e continuei a andar lentamente. A chuva havia diminuído e se transformado em uma fina garoa que deixava o ar frio e o vento cortante quando entrava em contato com as partes expostas de meu corpo.

Eu com certeza iria ter um resfriado de matar amanhã. Várias coisas se passavam em minha mente, mas any era o centro de toda minha concentração.

Andei por mais alguns minutos, chegando até a cachoeira, onde havia várias pedras nas quais eu costumava ficar sentado quando era criança.

A água cobria a maior parte delas agora, mas as que se encontravam mais nas laterais ainda continuavam visíveis. Havia alguma coisa cor de rosa encolhida em uma delas, tremendo e em silêncio, e quando me aproximei mais, pude notar que aquela coisa era Any.

Oh, meu Deus. Por um segundo fiquei sem reação enquanto uma onda de alívio tomava conta de mim.  Ela estava ali, bem na minha frente, finalmente a havia encontrado, e ela me parecia bem, pelo menos fisicamente.

Ela usava botas de chuva cor de rosa, jeans e um suéter de lã da mesma cor das botas, e suas roupas estavam completamente molhadas. Sua bochecha estava apoiada em seus joelhos, os quais ela abraçava firmemente contra o corpo,

– Any! – eu disse, alto demais, a assustando. Ela levantou a cabeça e me olhou, franzindo a testa. Seus olhos estavam inchados e seus lábios tinham um tom azulado devido ao frio.

– Josh? – ela murmurou, sua voz falhando enquanto ela recuava na direção do rio, o que me fez hesitar.

– Por favor, sai de perto da água – pedi calmamente, dando um passo para trás.

– Por quê? Você acha que eu vou me jogar? – perguntou ironicamente, desviando o olhar novamente, sem mover nem um músculo.

– Só não quero que nada aconteça com você – tentei sorrir. Any não sabia nadar, e se ela caísse, eu não seria capaz de salvá-la com toda aquela correnteza – Você pode se machucar.

– Tanto faz – deu de ombros, suspirando – Eu não ligo.

– Eu ligo – murmurei. Any não respondeu, apenas continuou fitando o nada – Procurei por você a noite toda. Eu e Silvio, na verdade.

– Eu aposto que você deve ter me procurado muito bem entre as pernas da sabina – Any murmurou ironicamente, me fazendo suspirar.

– Não fale isso, any, não é a verdade – franzi a testa – sabina está fora de minha vida para sempre agora.

– Tanto faz – repetiu, se apoiando em suas mãos e se colocando de pé, cambaleando um pouco – Tenho problemas maiores que você transando com uma vadia.

– Sinto muito por sua mãe – disse, me aproximando alguns passos agora que ela estava longe da água. Any desviou o olhar, mas pude ver as lágrimas escorrendo por suas bochechas.

O Caipira - BeauanyWhere stories live. Discover now