Capítulo 41

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(..)

POV Any

Shivani tinha acabado de deixar o quarto quando vi silvio passando pela porta, adentrando o mesmo. Bufei e revirei os olhos, sem saco para aguentar qualquer sermão vindo de meu pai. Já era ruim o suficiente que ele, mais uma vez, havia esquecido meu aniversário, não precisava que ele viesse me colocar ainda mais para baixo, afinal, aquela era a única coisa que ele sabia fazer.

Eu já estava cansada  dele tentar ser o pai perfeito e tentar controlar minha vida, só queria que ele me deixasse em paz e esquecesse de uma vez por todas que nós compartilhávamos o mesmo sangue. Aquilo nunca pareceu ser um detalhe muito importante para Silvio antes, de qualquer jeito.

Ele sorriu timidamente e caminhou hesitante até mim, sentada de pernas cruzadas em minha cama. Silvio parecia um pouco indeciso entre ficar em pé ou se sentar ao meu lado, mas depois do que pareceram séculos, ele resolveu se sentar. Queria que ele não tivesse o feito.

– Oi – disse, sorrindo moderadamente.

– Oi – respondi tediosamente – O que você quer?

– Quero falar com você.

– Sobre o que? – desviei meu olhar para minhas unhas, cutucando minha cutículas e esperando o sermão da vez.

– Sobre nós – Silvio respondeu e eu voltei a encará-lo, fazendo careta.

– Nós?

– Sim, Any, nós. Eu e você.

– Eu sei o que significa nós – revirei os olhos pra ele, suspirando.

– Nós precisamos conversar sobre tudo o que aconteceu e resolver de vez os problemas de nosso relacionamento. Eu sou seu pai, e você é minha filha, deveríamos começar a agir como tal.

– Meio tarde para isso, você não acha? Deveria ter pensado nisso antes de nos abandonar – arqueei as sobrancelhas, lhe lançando um olhar zombeteiro – Era só isso?

– Pare de tentar o evitar assunto, nós vamos falar sobre isso! – ele disse, decidido, me fazendo sorrir sarcasticamente.

– Certo – assenti – Você quer que eu te conte como era ficar todo dia te esperando na saída da escola e nunca te ver lá, sobre todas as apresentações de balé em que sua cadeira estava vazia, sobre todos os dias dos pais onde eu era a única criança da sala sem um pai – o encarei, sem tirar o sorriso do rosto, vendo na expressão de silvio que aquilo o afetava.

– Eu não...

– Você acha que depois de tudo isso existe um nós?

– Eu ainda tenho esperanças, quero te recompensar por todos os momentos em que não estive presente – ele deu de ombros.

– Eu não sou mais uma garotinha idiota, Silvio, não preciso que você me recompense, não preciso do seu amor forçado. Pra mim tanto faz ter um pai ou não, minha mãe me criou sozinha, e me criou muito bem.

– Eu sei disso, você é exatamente como ela – ele encarou seus dedos, sorrindo suavemente.

– Não – sorri, sacudindo a cabeça – Nós podemos ser parecidas em alguns aspectos, mas minha mãe é uma pessoa boa, que vê coisas boas em outras pessoas e que acredita firmemente no perdão. Eu... Não sou assim – ri, sem humor algum.

– Não fale assim, any, eu sei que você é capaz de perdoar também.

– Eu sou, só não quero – dei de ombros.

– Nunca foi minha intenção te fazer sofrer, apenas era o melhor pra todo mundo naquela época. Eu amava sua mãe cegamente, era obcecado por ela e acho que era por isso que brigávamos muito.

O Caipira - BeauanyWhere stories live. Discover now