Capítulo 1- Me chame de Caos.

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Quatro meses antes do casamento

O meu pai faleceu e todo o comando do Morro da Maré esteve na mão de minha mãe por um longo tempo, até que começamos a perder território e nosso Morro passou a ser constantemente invadido. As pessoas falavam e muito, eu suspeitei de um golpe de estado e antes que alguém pudesse tirar o poder de minha mãe, ele passou a ser meu.

Acredite em mim, em um mundo como o nosso, ser uma uma mulher, não é fácil. Minha mãe foi a primeira líder mulher do Morro da Maré e apesar de tentar me esconder, eu imagina o ela sofria. Esse lugar era uma herança do meu pai, tudo o que temos dele e não posso deixa que seja tomado de nós.

Eu assumi, estava assustada e cheia de dúvidas. Não sabia como seguir e nem como eu resolveria os problemas que enfrentamos mas mantive minha cabeça erguida e comecei com pequenas mudanças.

Eu não precisava ser temida, e nem queria isso, eu precisava ser respeitada.

— Filha, esses são Marcos e Raul — Eu levantei meu olhar para os homens a minha frente — Marcos cuida das drogas e Raul é o responsável pelas armas.

— Ótimo — Sorri para ela — Marcos, né? — Ele assentiu — Chegue mais perto — Ele olhou de rabo de olho para o colega mas obedeceu — O que você vê nessas fotos?

— Crianças — Sua voz rouca me indica que ele utiliza de seus produtos.

— Certo — Me ponho de pé e escoro na mesa bem ao seu lado — E o que isso em suas mãos? — Aponto na foto sem tirar os olhos de seu rosto.

Ele sustenta um olhar sério em minha direção, trava o maxilar e olha para fotos.

— Cigarros, maconha, provavelmente — Eu assenti e desviei o olhar para Raul, que se mantinha com as mãos nas costas e sem nenhuma expressão aparente no rosto.

Eu voltei a sentar na minha cadeira, abri a última gaveta da mesa e retirei uma pasta ... com alguns documentos.
— Raul, se aproxime, por favor — Sorri docimente — Pode ler este documento para nós?

Minha mãe entra na nossa sala, interrompendo.

— Me desculpe atrapalhar mas Willian e Jamie também estão aqui — Os homens a minha frente arregalaram os olhos, claramente espantados.

— Que bom, mande que entrem — Ela assentiu e deixou a sala.

Em poucos segundos os quatro homens estão parados me olhando, como se tentasse saber o por que de tudo isso.
— Como nós começamos sem os senhores — Eu me levanto e tento pegar as fotos da mão de Marcos que resiste em me entregar — Gostaria que o senhor visse essas fotos, senhor Jamie — Ele arqueia a sobrancelha e pega as fotos de minha mãe, seu semblante muda no mesmo instante — Agora, senhor Raul, leia para nós o documentos em suas mãos, em alto e bom tom, por favor — Eu me escoro na porta para impedir que tentem fugir — Na verdade — Ele respira aliviado — Seja objetivo, leia o nome de fabricação das armas — Eu olho meu relógio — Tenho uma reunião em meia hora — Sorri por fim.

— MS... — Ela me olha com raiva e medo nos olhos enquanto Marcos se manter de cabeça baixa com os punhos cerrados.

— Leia em voz alta, Raul — William ordena com rigidez. Me fazendo arrepiar.

— Fabricado por MS13 — Marcos olha para Raul em desespero.

— MS13 ? — William se levanta irritado — Está comprando com o rival — Raul é levantando pela cola da camisa. Eu reviro os olhos.

Homens, sempre querendo provar quem é o mais forte— Penso.

— E você Marcos? O que tem a dizer? —  Diferente de William, Jamie se mantém sentado e sua voz  não se altera. — Sabe que não admito venda para menores, então me diga, como isso aconteceu? — Marcos parece suar frio, ele está tremendo e Jamie não desvia o olhar dele por um segundo — Obrigada por me informar sobre o ocorrido — Ele se dirige para mim.

— Eu só espero que ambos mandem representantes melhores para os negócios, eles seram bem vindos, mas não quero nenhum desses homens em meu território.

— Não que ele seja muito, sua mãe fez questão de perder para os Morros rivais, ela não queria guerra — Marcos ri.

Eu acerto minha mão em seu rosto.
— Eu não sou minha mãe, Marcos — Disse friamente — Você não me conhece, estou apenas começando, e precisava tirar as maçãs podres primeiro.

— Acha... acha mesmo que eramos os únicos? — Raul diz ainda sendo segurado pela cola de sua camisa.

— Você acha mesmo que eu só sei brincar de boneca? — Eu o olhei de lado. — Tem sorte de eu os ter entregado, poderia eu mesma me livrar de vocês.

— Então o que foi que ouve, não quis manchar o esmalte? — Eu sorri surpresa com sua audácia.

— Já chega Marcos — Jamie diz agora exaltado — Cale a boca ou arranco sua língua.

— Ora, deixe ele se divertir — ri — Meu esmalte é preto — Lhe mostrei minhas unhas — Não mancha — Pisquei para ele — Mas acho que Jamie vai se divertir com você mais que eu — Olho as horas — Senhores, se me dão licença, preciso dar um fim, no que sobrou de maçãs podres.

— Muito obrigada ... como gostaria de ser chamada? — William pergunta.

— Patroa, a senhora ... Me desculpe — Madelaine fica vermelha.

— Patroa, eu gosto, obrigada Madelaine — Ela me olha confusa — Mas queria algo com mais força— Penso e sorrio — Me chame de Caos e Madelaine, minha mãe decide o almoço hoje.

Passo a mão pode de baixo da mesa e pego minha pistola. Saio de casa com ela na cintura.

Eu respiro fundo sentindo meus pulmões encherem de ar, estava segurando a respiração e nem notei. Acho que me sai bem, preciso terminar o trabalho mas vi que causei uma boa primeira impressão ao entregar dois traidores ao chefes, e um dos nossos poucos aliados, espero causar mais boas impressões entre os homens quando executar o que restam dos traidores.

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A dona do MorroWhere stories live. Discover now