Capítulo 2- Finanças

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  Já fazem quase um mês que eu assumi a liderança do Morro e tenho ido bem, tenho alguns problemas com uns homens que disparam comentários machistas para mim mas eu sei dar uma resposta,acabo saindo por cima.

  O que vem me preocupando desde que assumi, são os números, o dinheiro tem sido pouco, o território vem diminuindo de tamanho e tenho perdido muitos homens em ataques. O Morro ainda não foi atacado, sobre o meu comando, eles devem estar estudando como eu trabalho para depois invadir mas o ataques tem acontecido durante transições fora do  Morro, o que acaba rendendo em perca de mercadoria, homens e dinheiro.

  Hoje eu vou receber um convidado importante, seu nome eu não sei, mas ele gosta de ser chamado de Perigo, dono do Morro da Rocinha, e se tudo der certo, meu mais novo aliado.

  Como eu citei antes, estou prestes a completar meu primeiro mês no poder, faltam exatas duas semanas, na verdade. Preciso ter arrumado algum meio de resolver esses problemas antes que acabe esse primeiro mês, não quero dar margem alguma para golpes que venham de dentro dos meus homens e nem da favela, quero que eles me respeitem e que saibam que podem contar comigo, eles são minha prioridade aqui.

  Eu tinha acordado a alguns minutos, mas ainda estava meio lerda, ao contrário da Dona Bianca e de Madelaine que não paravam de falar.

— Dona Bianca — Beijei sua testa. Minha mãe me olho de cara fechada, ela odeia quando eu a chamo de dona. Eu ri — Vou colar na boca. Madelaine, hoje o dono da Rocinha e o sub vão nos fazer visita, não acho que eles venham para comer mas por via das dúvidas, já sabe.

— Dobro de comida, sei sim — Sorriu — Bom trabalho patroa.

— Bom trabalho minha filha e cuidado com esses homens...

— Olho aberto e sempre atenta — Completo e ela sorri — Vou subir para me arrumar.

  Eu subo para o meu quarto e optei por uma calça jeans uma blusa do Cruzeiro, pode parecer estranho uma mulher do Rio que torce para um time de Minas Gerais, mas meu pai nasceu lá e me ensinou a amar o time. Coloco um tênis preto qualquer e pego minhas duas pistolas, uma delas eu coloco de baixo da mesa do escritório e a outra eu coloca na cintura.

  Eu desço pelo morro cumprimentando os moradores, quando eu era pequena e meu pai me levava para escola, ele sempre cumprimentava todo mundo "Preste atenção, querida. Um líder é como um rei, só que com menos poder, um rei poder ser amado pelo povo ou pode ser temido por ele, escolha sempre ser amado por eles e ame eles na mesma intensidade. O cumprimento é uma boa maneira de começar, quer tentar ?". Eu me lembro de não entender exatamente o que ele dizia mas me lembro também de ter adorado ficar pulado de um lado para outro acenando para todos e dizendo oi, como se eu fosse uma princesa educada.

  Eu cumprimento os vapores na porta com um toque.
— Passa rádio assim que avistar o Perigo e o HL — Pedi ao menor.

— Positivo — Ele pisca e eu subo para minha sala.

  A boca não é grande, temos quatro portas apenas, um quarto de tortura, a minha sala, a sala do meu futuro sub e um banheiro central para os vapores.

  Meu pai optou por organizar assim, as drogas são embaladas em um galpão ao norte e são vendidas nas regiões Leste e Oeste. No sul é onde guardamos os armamentos que são pegos fora da favela.

  A boca só serve para reuniões pequenas e para que eu posso supervisionar as papeladas e as transições. Uns dos papéis que estão sobre a mesa é um relatório de Larissa, a substituta de Raul, que está me informando que a venda das drogas para os revendedores de fora do Morro, foi bem sucedida.

Sou tirada de meus pensamentos pelo rádio.
— Caos, HL e Perigo estão colando com a Larissa.

— Valeu, menor — Eu arquivo o relatório de Larissa e anoto no bloco de notas do computador que tenho que fazer as planilhas de renda estimada e de renda real, geralmente o sub faria isso mas ainda sou eu por mim mesma, não confio em ninguém.

— Caos — Larissa abre a porta sem bater, eu ri.

— Epa, voltaa — Eu faço sinal com a mão, ela revira os olhos, sai fechando a porta e bate na porta — Entra, gatinha — Ela sorriu.

— Esses são Perigo— Ela aponta para o homem que aparenta ter uns 24 anos, seus cabelos são pretos e ele tem uma barba por fazer que da a ele um ar sexy — Esse é o sub dele, HL.

— Caos, satisfação — Eu senti os olhos de Perigo fixos em mim e eu não esperava menos — Larissa — Ela me olhou. Eu andei até o gaveteiro e agachei para abrir a última gaveta, de lá tirei um envelope marrom e joguei para ela.

— Desculpa, Caos, mas por que isso? — Ela parecia surpresa.

— Para você ajudar o seu pai, eu fiquei sabendo, e pelo seu rendimento, tá merecendo — Ela assentiu e sorriu, em seus olhos eu via gratidão.

  Ela saiu e nos deixou a sós. Eu me sentei e disse:

— Onde esta minha educação? Podem se sentar, por favor.

— Esse papo educado não cola — HL disse e eu sorri. — Fala direito com nois.

— Dio, foi mal — Ele assentiu — Teu amigo não fala?

— Eu gosto do silêncio — Sua voz era grossa e forte.

— Acho melhor andarmos rápido, eu não gostaria de te incomodar — Eu me acomodo na minha cadeira quase deitando. Eles se entre olham — Passa o verbo — Digo por fim.

Espero que tenham gostadoo😍
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E feliz ano novo!!!😉

A dona do MorroWhere stories live. Discover now