Capítulo 18- Gratidão mas não perdão!

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Adam Silva(Perigo)– Narrando

  Teimosa, ingênua, esquentada e confusa... definem bem a mulher com quem eu, infelizmente, me casei. Mesmo que eu tente –e eu tento muito– ela se recusa a facilitar uma convivência razoável, no mínimo.

  Ter alguém me desafiando a todo segundo exige muito do meu autocontrole, não estou acostumado. Sair para uma balada no afasto e voltar para casa bêbada era motivo suficiente para passar fama de chufrudo por aí, mas João Pedro estava junto e me garantiu que ela apenas foi para dançar e se divertir.

  A essa altura, ela suspeita de alguma coisa, aquela loira... Como se chama? Sarah, já deve ter espalhado por todo o Morro e por isso Beatrice tá puta comigo, mas que se dane. O que ela esperava? Fica fazendo cú doce... fui procurar fora de casa o que não recebi dentro.

— Perigo, tô precisando dos papéis que te passei ontem — Escuto a voz  abafada de HL — Perigo!? — Ele balança as mãos na minha frente.

— Caralho, que foi? — Eu me indireto na cadeira.

— Os papéis, da venda de drogas, onde estão? — Eu massageio as têmporas e bufo.

— No escritório, lá em casa.

— Então vai buscar.

— Como é que HL? — Ele coça a garganta.

— Foi mal, Perigo — Eu assenti travando o maxilar.

— Já vou buscar a porra dos documentos — Dispenso ele com um sinal com a mão. 

  Não tinha nenhum documento sobre as drogas no escritório e por isso subi até o quarto, talvez eu tenha deixado lá.

— Aqui estão vocês — Digo juntando os papéis.

— Caos! — Eu olho de um lado para o outro procurando de onde vinha aquela voz falhada — Beatrice pelo amor de Deus! — Eu me levantei e caminhei até a cômoda, era o rádio da Caos mas ela nunca está sem ele.

— É o Perigo. Caos esqueceu o rádio em casa, é urgente?

— Perigo, é a mãe da Beatrice, eu preciso de ajuda com a Madelaine.

— Madelaine, quem é? A senhora está bem?

— So estou preocupada, ela me ligou chorando dizendo que não poderia vir para o trabalho hoje e eu escutei gritos muito altos no fundo, barulhos de coisas quebrando,na ligação caiu antes que ela pudesse terminar de falar — Eu  passei a mão pela nuca — Ela... ela tem um namorado... muito, muito agressivo e pelos gritos.. eu, eu tenho medo que ele possa ter feito algo com ela.

— Tudo bem senhora Bianca — Eu digo pegando o revólver da gaveta — Onde fica a casa da Madelaine? Eu mesmo vou resolver.

  Ela me indicou o caminho com a voz trêmula. Eu passei o rádio para HL mandando avisar a Larissa e me encontra na casa da tal mulher.

Beatrice Costa(Caos)– Narrando

 
   Eu estava na boca, minha cabeça ainda doi e nada da Larissa chegar.

— Beatrice! — Falando no diabo — des..desculpa, Caos.

— Relaxa, Larissa, qual foi? — Eu a analiso.

— Sua mãe, alguma coisa aconteceu, HL passou o rádio, mandou eu te avisar — Eu levantei rápido e corri para fora da boca.

  Quando chego na casa vejo minha mãe no chão abraçada ao corpo encolhido de Madelaine que tinha hematomas por toda parte e chorava desesperadamente. Eu me abaixei perto dela e tentei a consolar, sem entender direto o que houve.

  Só me dei conta de que Perigo e HL estavam lá, minutos depois. Os dois tinham semblantes fechados e as mãos sujas de sangue... seja lá o que tenha acontecido, espero estar resolvido.

  Com ajuda da Larissa nós levamos Madelaine e Bianca até o quarto e eu desço para saber o que houve.

— Pode me dizer o que aconteceu? E por que as mãos sujas de sangue?

— Esqueceu o rádio em casa. — Perigo me estende o rádio e eu seguro o mesmo que está repleto de sangue — Sua mãe estava chamando quando eu fui em casa buscar uns papéis e disse que algo tinha acontecido com a mina...

— Madelaine, o nome dela é Madelaine — Ele assentiu.

— Com a Madelaine, eu fui até a casa dela... o namorado a bateu, não sei por que — Eu olhei para as mãos deles — está morto — Eu suspirei passando a mão pelos cabelos. Droga, como eu pude esquecer o rádio.

— Eu disse para o Perigo que você não ia gostar de nós matarmos o cara mas ele estava irreversível — Eu assenti para Henrique de olhos fechados.

— É... eu não gostei. — Eu olho para Perigo — Queria eu mesmo ter matado ele — Conclui entre dentes— mas fico grata pela ajuda, obrigada — Ele assentiu com um olhar compreensivo.

  Minha mãe desce as escadas correndo.

— Está tudo bem mãe? — Pergunto com preocupação.

— Sim, sim, claro! — Ela olha para Perigo e HL — Eu só não queria que fossem embora antes de eu poder agradecer — Ela sorri — Grazi, aos dois — Eles assentiram para ela — Você é um ótimo rapaz, Perigo — Ela o abraçou e Adam fez uma cara de surpresa que me forçou a tampar a boca para não rir assim como Henrique.

  Eu pedi a Larissa que cuidasse da boca por mim e passei o resto do dia com a minha mãe e Madelaine que não parava de chorar, estava grávida, o namorado não quis o bebê e quando ela se negou a tirar, ele a bateu.

  No final do dia minha mãe e Madelaine dormiam ambas cansadas pelo o susto do dia.

  A noite estava repleta de escuridão, não havia uma estrela no céu. A brisa gelada batia em meu rosto me permitindo respirar ar puro, eu tinha a sensação de estar prendendo o ar desde que sai da boca as pressas, agora sentia meu corpo relaxar um pouco. Eu fecho os olhos.

— Olha se não é a chifruda! — Eu abro os olhos a tempo de ver a dona das palavras rir — Está indo se deitar com o homem que a pouco estava na minha cama?

— Você tem ideia de com quem está falando? — Eu arqueio a sobrancelha.

— Com a mulherzinha que se diz dona do Morro da Maré, ou estou enganada? — Ela me desafia.

— Eu não digo, eu sou. — Sorri simples. Eu cruzei os braços de forma que dá pudesse ver a aliança — Não se ache muito, no final você é só uma marmita, eu sou a esposa — Ela rosna e parte para cima de mim já com as mãos no meu cabelo. Eu mereço? Briga de puxão de cabelo?

  Eu lhe acerto uma ajoelhada no estômago que a faz perder todo o ar e cair de joelhos... que pena, não durou nem cinco minutos.

— Caos! — Larissa e JP Se aproximam de mim — Quem é essa? — Ela pergunta.

— A amante afrontosa do Perigo — Eu ri com nojo — mas só tem pose — Ela levantou o olhar para JP que tinha um olhar arregalado para ela — Você está bem? — Pergunto a ele que assente rápido de mais e me lança um sorriso nervoso — Podem ir, vou levar ela para boca. — Larissa segura na mão do homem e descem pelo Morro, agora era o que me faltava, Larissa está com JP? Qual o problema dela quando o assunto é homens.

  Eu me abaixei e levantei ela pelos cabelos para levá-la até a boca, não pude evitar meus olhos foram direto para o pescoço dela e adivinha? Ela tem uma cruz no pescoço, era do Alemão.

  Depois de sair da boca eu subi o caminho até em casa pensativa... JP a conhece de algum lugar, mas diferente dela, ele não tem a cruz no pescoço. Eu entrei em casa batendo a porta e atraindo os olhares de HL e Perigo para mim.

A dona do MorroWhere stories live. Discover now