Capítulo 7 - Os pais do Perigo

1.4K 104 12
                                    

Um mês para o casamento

O casamento estava muito próximo, os duas passavam voando, e Alemão ainda não desistirá de tentar causar intrigas entre nós mas não era como se fosse amigos ou um casal realmente apaixonado.

Hoje ele me pediu para que fosse até sua casa para jantar, disse que sua mãe e seu pai gostariam de me conhecer.

Não sei se gosto disso mas eu não poderia dizer que não, já que minha mãe já o conhece.

Eu analiso meu guarda-roupa, não tenho nada decente para vestir mas eu queria algo que disesse:
- Eu sou Caos, Dona do Morro da Maré.

Estava difícil encontrar algo assim e por isso Larissa sugeriu que saímos para fazer compras e eu aceitei, me faltavam programas de gente normal.

Eu acabei escolhendo um bory rendado preto e uma saia preta com uma fenda traçada na direita, já deu para perceber que eu adoro roupas com fenda nas pernas.

Como estava na hora do almoço, Larissa e eu paramos no Subway para comer um lanche antes de ir.

- Você não preferiria um bk? - Ela questiona se sentando na mesa.

- Não, o Subway é muito melhor -- Ela fez careta para o sanduíche - Você montou ele, só vai estar ruim por sua culpa - Ela assentiu e mordeu o lanche.

- Hmm, nossa! - Eu ri - Que foi?

- Seu rosto, tá todo sujo de molho - Ela riu.

- E você acha que o seu tá como? - Nós rimos.

Quando nós voltamos para a favela eu deixei a roupa sobre a cama e fui para boca, cuidar das coisas antes que eh pudesse sair.

Quando era por volta das sete horas da noite eu fui para casa e tomei um banho, passei meu perfume favorito e vesti a roupa. Meu cabelo estava solto então o prendi em uma trança lateral no rosto eu decidi não passar maquiagem.

Eu pensei em ir de carro mas adoro andar de moto a noite, eu peguei meu capacete e montei na moto seguindo até o Morro da Rocinha.

Na entrada, tirei meu capacete e assim que me identificaram liberaram a passagem.

Eu sabia que a casa de Perigo era próxima do topo do Morro, o que pra mim não era inteligente já que se distanciava muito da boca.

Parei minha moto na entrada e analisei minha roupa, tudo em ordem, eu estou extremamente nervosa mas não tenho ideia do por que.

Não foi preciso bater na porta, Perigo abriu assim que me aproximei dela. Ele me analisou e sorriu de lado, espero que isso seja bom.

Eu entrei e ele me guiou até a sala onde uma senhora de cabelos escuros como o dele esperava sentada ao lado de um homem que tinha o olhar da postura rígidos, como o do filho.

- Você deve ser Beatrice - A senhora veio a meu encontro - Sou Patrícia e aquele rabugento ali é meu marido Fernando - Eu sorri.

- É um prazer conhecê-los - Ela sorriu mas o homem que ainda estava sentado não parecia interessado em mim.

- Meu filho me disse que sua mãe é italiana, eu pedi para fazerem massa, gosta?

- Como toda boa italiana, eu amo massa - Ela me guia até a mesa de jantar e logo depois de nós Perigo e o pai se sentam.

- Adam, sente-se perto da sua noiva - Ele me encarou e se levantou trocando de lugar.

A conversa estava boa e a mãe de Perigo, que eu descobri que se chama Adam, é bem calorosa e receptiva, o pai dele não se dirigiu a mim uma só vez mas também não me tratou mal.

- Beatrice não é? - Ele fala pela primeira vez desde que cheguei - Por que seu pai deixou o Morro da Maré para você? - Eu respirei fundo.

- Sou filha única, o morro é meu por direito - Digo simples.

- Se sei bem a tradição diz que seu pai deveria escolher, um homem, para ficar no lugar dele - Ele da ênfase quando fala homem.

- Querido, por favor - Patrícia protesta.

- Está tudo bem - Sorri - Meu pai me criou desde pequena para que um dia eu assumisse o seu lugar, ser mulher nunca me impediu em nada e modéstia à parte, sou muito boa.

- Bom meu filho me disse como gotas de trabalhar - Ele riu sarcástico e eu olhei para Perigo que se mantém em silêncio, comendo - Gosta de brincar de mamãe e filhinha mas com o Morro todo - Eu ri.

- Bom, se eu fosse dar um nome para ao método de vocês - Eu penso - Miséria generalizada é uma das suas maiores características e claro a arrogância e o uso da força, se vocês não fossem bandidos - Desvio meu olhar de Adam para o pai - Seriam ótimos ditadores militares.

- Para uma garota tão nova, você tem muita confiança - Ele disse me encarando com raiva - O lugar de uma mulher não é na liderança.

- Então vamos ver quem vai me tirar dela - Desafio - O meu casamento com Perigo é apenas negócio, não espere uma cadelinha obediente, porque você não terá, e sobre os meus métodos, meu morro, minha regras - Pisco para Fernando e me levanto. - Foi um ótimo jantar - Sorri - Mas eu preciso voltar para casa.

Eu ando em direção a saída e sinto que estou sendo seguida por Perigo, antes que eu possa subir em minha moto ele me puxa pelo braço.

- Nunca mais responda o meu pai dessa maneira - Seus olhos eram negros cheios de raiva e quase poderia me dar medo se eu não estivesse tão irritada.

- Já disse, não sou uma garota obediente, desde que ele mantenha aquela língua grande dentro da boca, não teremos problemas - Ele aperta mais o meu braço - Se acha que está me assustando você se engana, só está me deixando mais irritada. Ensine ao seu pai boas maneiras e principalmente a manter a boca fechada quando não tiver algo interessante a falar. - Puxo meu braço com força, pego meu capacete e monto em minha moto.

- Não me desfie Beatrice - Ele diz me fazendo rir - Não vai gostar das consequências.

Eu o deixo parado falando sozinho e saio rumo ao meu morro, Fernando é um completo idiota mas já estou acostumada a lidar com caras assim, o que não quer dizer que eu vá deixar que ele me trate como inferior.

A melhor parte de andar de moto a noite é a brisa gelada que bate em meu rosto, a maioria das pessoas não gosta, mas pra mim é um calmante natural.

A dona do MorroWhere stories live. Discover now