Capítulo 8 - O tão esperado dia

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Eu mal dormi a noite, pensando no casamento, eu estava extremamente nervosa. Teria que viver com um estranho para o resto de minha vida.

- Bom dia Beatrice - Minha mãe disse entrando no quarto - Tenho uma ótima surpresa para você - Ela sorriu - Ande, levanta e desce comigo.

Eu ainda estava meio aérea mas obedeci minha mãe e me troquei para descer, imaginando encontrar uma enorme mesa de café da manhã com uvas e suco de laranja, meus favoritos .

O que eu encontro era melhor ainda, meu padrinho que a muitos anos eu não via, estava na sala a minha espera.

- Romeu - Gritei da escada e corri me atirando em seus braços - Che bello vederti (É muito bom te ver) - Susurrei de olhos fechados. Seu abraço era aconchegante e acolhedor...

- Sua mãe me contou o que houve, eu nunca te deixaria sozinha, piccola (pequena) - Eu sorri, a muito tempo eu não era chamada assim.

[...]

Eu teria de ir até a igreja mais cedo, pois o preparo seria no quarto aos fundos, meu padrinho deixou minha mãe, Larissa e eu na igreja e depois saiu dizendo que teria de achar um terno.

Em poucos tempo haviam maquiadoras e alguém só para em ajudar com o vestido... horas depois, eu estava pronta.

Antes que eu percebesse, Larissa já havia entrado, ela era minha madrinha e menor era seu par.

Quando percebi que ela já havia entrado minhas mãos começaram suar de nervosismo, quem via de fora realmente achava que era normal de todas as noivas, não sabiam eles que eu nem queria estar ali.

Nunca vivi em uma fantasia e nem me imaginei casando mas se um dia acontecesse eu esperava que fosse por amor e não por poder ou status.

O enorme vestido era branco. O seu corpete tinha um decote não muito grande que deixava meus peitos em destaque, que nem muito pequenos e nem muito grandes, as mangas eram longas e rendadas. O seu corpo era rodado no estilo princesa e as minhas costas estavam totalmente nuas.

Eu me olhei no espelho, nos meus olhos havia muita maquiagem mas mesmo assim não escondiam o meu desprezo por tudo aquilo. O Meu cabelo estava preso, por minha opção, mas minha franja caía sobre o meu olho esquerdo.
- Deixe eu ajeitar isso - Minha mãe me virou de frente para ela e retirou de seu cabelo uma presilha que ela sempre usava - Era da minha mãe, ela me deu no dia em que eu me mudei da Itália, para me proteger, e por isso eu queria te dar quando virasse líder, para te proteger, assim como me protegeu - Seus olhos me passavam tantas coisas: Orgulho, tristeza mas o que não faltava era carinho.

- Já faz algum tempo que me tornei líder, mãe - Apontei e ela assentiu.

- Assumir o Morro, era seu dever - Ela me olhou sério - e cuidar dele também se tornou seu dever, mas, nem todos estão dispostos a fazer o que é preciso, e para uma mulher, no mundo em que vivemos, pode parecer que você está desistindo e querendo se livrar de seus deveres após o casamento mas eu sei que não é. Me prometa que vai continuar no controle do nosso lar, não deixe seu marido tomar o que é seu, por direito.

Eu me surpreendi, mas não tinha dúvidas. O Morro da Maré é minha herança, a única coisa que me liga ao meu pai e nenhum casamento vai tirar ele de mim. Eu respiro fundo e seguro o rosto de minha mãe entre minhas mãos.

- Eu prometo, mamma - uma lágrima escorreu de seus olhos.

- Então hoje, você se torna uma líder, de verdade. Você sabe o que precisa fazer e teve força suficiente para isso - Ela coloca a presilha de borboleta prendendo os fios que caiam sobre meus olhos.

A presilha era linda, eu amo borboletas, assim como toda a minha família da Itália, se tivéssemos um brasão, seria uma borboleta.

Ela envolve os braços ao meu redor e me vira para o espelho.
- Farfalla, per sempre (borboleta, para sempre) - Falamos juntas.

- Está tudo pronto para a sua entrada, Bea - Meu padrinho diz sorrindo para mim - E você ... - Eu me viro para ele - sei bello (Está linda).

- Grazie (obrigada) - Minha mãe sorria para nós.

- Está pronta ? - Ele pergunta.

Eu levanto a cabeça e sorrio para ele.
- Nunca estive mais pronta - Digo firme.

Minha mãe sai na frente para se sentar em seu lugar. Eu pego o buquê de rosas vermelhas e entrelaço meu braço com o de meu padrinho, que estava lindo em seu terno.

A marcha nupcial começa e de longe eu avisto meu noivo, o homem com quem eu passaria o resto de minha vida. Ele fingia bem, suas expressões eram sérias, como de costume, mas sua boca estava aberta, como se estivesse admirado, e seus olhos brilhavam mas não de amor, para mim se parecia com luxúria.

Eu caminhei a passos lentos até o altar vendo muitos de meus parentes sorrindo para mim de seus lugares, eu me agarrei mais firme ao braço de Romeu quando eu finalmente estava de frente para ele.

Meu padrinho depositou um beijo em minha testa, pegou minha mão e a entregou para Andam.

- Eu pediria para que cuide dela mas ela pode fazer sozinha - Ele franze o cenho e eu sorrio.

Nós subimos ao altar de mãos dadas e o padre começa um discurso ao qual não presto atenção. Neste momento as ,lembranças passam como um flash pela em minha frente, de momentos que vive até hoje, sinto que posso me arrepender amargamente deste casamento.

- Beatrice Giorno Costa, você aceita Adam Silva como seu marido, para ama-lo e respeita-lo pelo resto de suas vidas? - Eu pisquei voltando a realidade.

- Sim - Eu não hesitei e me virei para ele colocando a aliança em seu dedo.

- Adam Silva, você aceita Beatrice Giorno Costa, como sua esposa, para ama-lá e respeita-la, pelo resto de suas vidas?

- Aceito - diz com firmeza, se vira para mim e coloca a aliança em meu dedo.

- Pelo poder investido em mim, eu vos declaro marido e mulher - Ele sorriu - Você já pode beijar a noiva.

Eu sinto sua mão apertar minha cintura fortemente e aos poucos seus lábios se aproximam dos meus, diferente do primeiro beijo, esse era voraz, eu sinto uma de suas mãos em meu pescoço me segurando forte, como se para me impedir de fugir. Eu levei uma de minhas mãos até sua nuca, o puxando para mais perto, e a outra eu escorei em seu peito.

Nossas línguas brigavam por espaço querendo explorar cada centímetro da boca um do outro, quando ficamos sem ar nos separamos, ofegantes.

As palmas começam e nós nos dirigimos até o lado de fora, sendo seguidos pelos nossos padrinhos e pais.

Eu fico quase sem fôlego, acho que todo o Morro da Maré estava lá fora, esperando para me ver.

- Farfalla, per sempre - Eles gritam e se eu ainda tinha fôlego, acabo de perde-lo. Eu virei o rosto para minhas costas procurando pelo olhar de minha mãe, eu sabia que ela os tinha ensinado isso. Ela sorriu doçura para mim e eu me virei para eles.

- Obrigada! - Aceno para eles antes de entrar na limusine que nós levará até a festa.

- O que aquilo quis dizer? - Adam perguntou assim que saímos da igreja.

- Que as pessoas por quem eu luto, estão ao meu lado - Eu encaro ele arrogantemente - Brincar de casinha parece estar funcionando, afinal.- Eu deixo escapar um sorriso desfiador antes de desviar o olhar para as janelas do carro.


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A dona do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora