Capítulo 17- Cacos e sangue!

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— Tem razão! Você se casou comigo para assumir o meu morro — A minha visão estava turva e eu quase não conseguia ver o seu rosto e prefiro assim, estou com nojo dele — mas está indo de mal a pior, nem isso você consegue — ri com frieza — E não se preocupe que a única com chifre aqui, sou eu — Eu puxo o braço com força, pego a aliança e coloco do dedo me e segui para o quarto pisando duro.

  Quando eu chego no quarto trato de passar a chave na porta. Quero ter ceteza de Adam não vai entrar.

  Essa coisa de que a água leva consigo as angústias e frustações só funciona nós livros e filmes... estou sentindo a água fria cair sobre o meu corpo, minha mente está a milhão e consigo ouvir um Perigo irritado espancado a porta.

Eu só preciso dormir...

  Uma brisa gelada percorre meu corpo me fazendo arrepiar, hoje não há sol no céu, o tempo está feio... cinza.

  Eu inspiro fundo sentindo o gelo entrar por minhas vias nasais, era bom, relaxante e quase me fez esquecer da minha enorme dor de cabeça... odeio ressaca. As memórias da noite passada surgem como flashes me fazendo sentir uma forte tontura, antes que perceba estou de joelhos no chão.

  Não há nada no mundo que me faça sentir mais inútil do que quando meu corpo não está saudável... odeio sentir tontura, ter febre ou dor de cabeça, me faz parecer frágil. Não me importo tanto com a dor, ela me faz sentir forte mas de resto me irrita profundamente.

— Dio, se está aí em cima, me permita estar só nesta casa... não estou com a menor vontade de ver Perigo, amém — Eu me levanto devagar e visto uma roupa adequada pada o trabalho, tonta ou não, de ressaca ou não, eu vou para a boca.

  Minhas preces não foram ouvidas, devo ter jogado pedra na cruz, não só o Perigo está aqui mas o Henrique também. Eu simplesmente passo reto pela sala, os ignorando.

  Me diga, para que um escritório nessa porra? Ele não usa.

  Eu reviro todos os armários em busca de um remédio e nada... é impressionante como essa casa já é minha a alguém tempo e ainda parece que não conheço quase nada nela.

  De repente Adam entra na cozinha com o cenho franzido como se estivesse esperando que eu falasse algo. Rio internamente. Tiro meu rádio do lado esquerdo da cintura.

— Larissa, na escuta? — Eu sustento seu olhar sem esboçar emoção alguma.

— Fala, Caos — A voz de Larissa me faz quebrar o contato visual.

— Leva a droga de um remédio para dor de cabeça pra mim na boca? Não foi uma boa ideia beber daquele jeito ontem — Eu escuto sua risada.

— Pode crer! Chego aí em cinco. Fé!

— Fé!

  Eu desligo o rádio e o volto para o lugar. Apenas ignoro a presença de Perigo na cozinha e sigo para a geladeira, pego água, uma fatia de queijo e um pão doce que está em cima da geladeira.

— Não vai falar comigo, porra!? — Eu fico na ponta do pé e alcanço uma frigideira. Cozinhar não é meu forte mas estava com fome.

  Eu ligo o fogo, passo água na frigideira e a coloco na boca do fogão.

— Faltou a margarina! — Eu caminho até a geladeira e a pego.

— Tá testado a minha paciência — Pelo canto de olho o vejo massagear as têmporas. Eu reviro os olhos e passo a margarina na frigideira e coloco metade do pão.

— Aí! Vai queimar! — Abaixei o fogo e coloquei a fatia de queijo sobre a parte dourada do pão, colo a tampa para fazer vapor e enquanto isso me servi um copo de água, dizem que ajuda com a ressaca.

— Beatrice! — Ele me puxa com força o que faz com que o copo na minha mão caía sobre o meu pé. Eu mordo a boca por dentro por causa da dor. — Desculpa... — Ele tenta me ajudar e eu me afasto dele.

— Eu já te disse tudo o que queria. — HL se aproxima da cozinha e toca no ombro de Adam — Vai embora!

— Anda cara — Ele puxa Adam que está imóvel olhando para o meu pé —  precisa de ajuda, Patroa? — balanço a cabeça de um lado para o outro — Caos? — Eu o encaro — Só queria pedir desculpa pelo negócio com a Larissa — Eu suspirei.

— Henrique, não é para mim que você tem que pedir desculpas — Ele assentiu — fica tranquilo, só não vacila, tô de olho em você — Ele sorriu de lado e deixou a cozinha.

  Eu fechei minhas mãos em punho e mordi com força enquanto tirava os cacos presos no meu pé.

— Meu pão! — Quando levanto a tampa uma fumaça preta sai na minha cara — Merda!! — Eu desliguei o fogo e analisei o pão: estava preto como carvão. Tive de jogar fora... ótimo.

  Eu subi para o quarto com cuidado,  deixei o rádio sobre a cômoda e coloquei o pé embaixo do chuveiro, só para limpar o sangue dos cortes que não haviam sido fundos.

  Como eu disse a dor não me incomoda tanto, mas o fato de ser culpa do Perigo me incomoda, nunca estive com tanta raiva de alguém... as pessoas do meu Morro ainda me olhavam com pena, não tenho palavras para dizer o quanto isso me irrita, ele me fez parecer uma piada para os outros... só não término com essa merda de casamento por que preciso dele para achar o Menor e derrubar de vez o Alemão.

Por falar nisso, como será que a Carlota está? Espero que bem!

A dona do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora