Capítulo 63 - Únicos

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A primeira coisa que vejo quando o carro se aproxima do portão de casa é a Manu andando de um lado para o outro em frente à porta de entrada.

Mal Jungkook estaciona e eu ponho os meus pés para fora, e ela vem correndo na minha direção com uma expressão pra lá de agoniada. Sou pega em um abraço apertado e, surpreendentemente, minha amiga começa a chorar como uma menininha enquanto me agarra com força.

Infelizmente, já passamos por cenas como esta. Mas é a primeira vez que a vejo chorar dessa maneira. Acho que deve ser por causa dos hormônios.

Envolvo os braços em torno de seus ombros trêmulos e engulo o meu próprio nó de emoções. Eu não quero lhe causar mais preocupação. Mesmo que o seu carinho seja mais do que reconfortante nesse momento e eu esteja à beira das lágrimas, tenho que mostrar que, apesar do que aconteceu, tudo está bem. Agora tudo vai ficar bem.

Ficamos abraçadas durante mais alguns minutos sem falar nada, até Manu se afastar e segurar meu rosto entre as mãos. Seus dedos ainda estão tremendo.

- Eu peguei o primeiro táxi assim que recebi a mensagem do Jungkook. - murmura.

Seus olhos vagam pelos hematomas que marcam a minha pele. Analisa cada machucado com cuidado e noto a sua expressão enevoar de raiva conforme entende a gravidade da situação.

Vagarosamente, ela passa a palma na minha bochecha quente e não sou capaz de reprimir minha careta de dor.

- Eu não posso acreditar que aquele maldito teve coragem de tocar em você. - sibila, sem conseguir conter o asco em sua voz.

Mesmo com a indignação ainda correndo nas veias e um pouco abalada por reviver o passado que eu tanto busquei deixar para trás, além das dores no corpo, me forço a dar-lhe um sorriso tranquilizador e balanço a cabeça.

- O Adrian não fará mal a mais ninguém, Manu. Muito menos a mim. Eu ainda tenho muito o que contar, mas tudo o que você precisa saber agora é que ele finalmente terá o que merece.

Olho de soslaio para Jungkook, que continua nos observando em silêncio, e deixo um suspiro escapar. Embora seja errado e pudesse ter acabado de uma forma completamente desastrosa, não posso esconder a satisfação pelo o que Kookie fez com aquele canalha. Ele merecia. Oh, se merecia.

- Bom, ele terá um pouco mais do que isso.

Minha amiga funga, limpa as lágrimas de um jeito nada bonito e consente. Acaricio os seus cabelos e deixo um beijo em sua testa. Ao menos, consegui acalmá-la.

Viro a cabeça para trás e chamo Kookie silenciosamente com o olhar. Ele se põe ao meu lado num segundo e me pega delicadamente pela cintura. Assim como fiz com Manu, meu garoto planta um beijo suave na minha testa e entramos em casa.

Nós três ficamos calados por todo o trajeto até o meu quarto. Jungkook, agindo como se eu fosse feita de cristal, me ajuda a sentar na cama e volta-se para Manu.

- Noona, poderia arrumar um pouco de gelo?

Ela assente e sai, deixando-nos a sós. Sob o olhar atento do meu menino, me ajeito da maneira que posso entre os traveseiros para não demonstrar que as minhas costas também estão feridas, mas vergonhosamente falho. A região que bati contra a parede dói com o mínimo esforço e isso não escapa da astúcia dele.

- Suas costas também estão machucadas. - ele dita. Claramente não é uma pergunta e sim uma sentença.

Respiro fundo e concordo. Já escondi coisas demais por hoje, como o motivo por trás da agressão. Embora eu saiba que Jungkook não é tolo a ponto de não associar as coisas. Talvez apenas não queira tocar no assunto porque o momento não é dos melhores.

IrresistívelWhere stories live. Discover now